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quarta-feira, 25 de março de 2015

Décadas de educação escolar e universitária idiotizante

Embora seja humanamente impossível responder a todos os e-mails e cartas que os leitores me enviam, muitos deles são bastante interessantes e intelectualmente instigantes, tanto no sentido positivo quanto no sentido negativo.

Por exemplo, um jovem me enviou um e-mail pedindo as fontes em que eu havia me baseado para citar alguns fatos negativos sobre o desarmamento em um artigo recente.  É sempre bom checar os fatos — especialmente se você checar os fatos de ambos os lados da questão.

Em contraste, um outro sujeito simplesmente me criticou por tudo o que eu havia dito nesse artigo.  Ele não pediu as minhas fontes e nem quis saber se elas existiam; ele simplesmente saiu fazendo afirmações em contrário, como se essas suas assertivas fossem automaticamente corretas pelo simples fato de estarem sendo pronunciadas por ele, algo que, em sua mente, invalidaria automaticamente tudo o que eu havia escrito.

Ele se identificou como médico, e as alegações que ele fez sobre armas eram as mesmas que haviam sido feitas anos atrás em uma revista médica — alegações que já foram inteiramente desacreditadas desde sua publicação.  Ele poderia ter aprendido isso caso houvesse me dado a oportunidade de responder às suas provocações, de um modo que nos engajássemos em um debate.  Porém, ele próprio deixou claro desde o início que sua carta não tinha o objetivo de gerar um debate, mas sim apenas de me acusar e me denunciar.

Esse tipo de comportamento se tornou um procedimento padrão no mundo atual.

É sempre surpreendente — e apavorante — constatar quantos assuntos extremamente sérios não são discutidos seriamente hoje em dia; as pessoas simplesmente saem emitindo afirmativas e contra-afirmativas, tudo de maneira generalizada.  Seja em debates de internet ou até mesmo em programas de televisão, as pessoas simplesmente tentam calar seu opositor falando mais alto do que ele ou simplesmente recorrendo a frases de efeito de cunho emotivo.

Há inúmeras maneiras de fazer parecer que se está argumentando sem que na realidade se esteja produzindo absolutamente nenhum argumento coerente.

Décadas de educação escolar e universitária simplificada — para não dizer idiotizante — certamente têm algo a ver com a atual situação, mas isso não explica tudo.  A educação não somente foi negligenciada no sistema educacional atual, como também já foi quase que completamente substituída pela doutrinação ideológica.  A doutrinação que hoje é feita por professores e instituições supostamente educacionais é amplamente baseada na simples vocalização das mesmas pressuposições básicas e não-comprovadas de sempre.

Se as instituições educacionais de hoje — desde escolas a universidades — estivessem tão interessadas em diversidade de ideias quanto estão obcecadas com diversidade racial e sexual, os estudantes ao menos adquiririam experiência ao ver as pressuposições que existem por trás de diferentes visões, e entenderiam a função da lógica e da evidência ao debaterem tais diferenças.  No entanto, a realidade é que um estudante pode passar por todo o seu ciclo educacional, desde o jardim de infância até seu doutoramento, sem entrar em contato com absolutamente nenhuma visão de mundo que seja fundamentalmente diferente daquela que prevalece dentro do espectro de opiniões autorizadas e politicamente corretas que domina o nosso sistema educacional.

No que mais, a perspectiva moral da visão ideológica predominante é completamente maniqueísta: as pessoas imbuídas dessas ideias realmente se veem como anjos combatendo todas as forças do mal — seja o assunto em questão o desarmamento, o ambientalismo, o racismo, o homossexualismo, o feminismo ou qualquer outro ismo.

Um monopólio moral é a antítese de um livre mercado de ideias.  Um indicativo desta noção de monopólio moral dentre a intelligentsia esquerdista é o fato de que as instituições que estão majoritariamente sob seu controle — escolas, faculdades e universidades — são justamente aqueles que usufruem muito menos liberdade de expressão do que o resto da sociedade.

Por exemplo, ao passo que a defesa e até mesmo a promoção da homossexualidade é comum nos campi universitários — e comparecer a palestras e aulas que fazem tal promoção é frequentemente algo obrigatório nos cursos introdutórios —, qualquer crítica ao comportamento homossexual é imediatamente rotulada de “reacionarismo”, “preconceito” e “incitação ao ódio”, sujeita a imediata punição.

Enquanto porta-vozes de vários grupos raciais e étnicos são livres para denunciar com veemência “os brancos” por seus pecados passados e presentes, verdadeiros ou imaginários, qualquer estudante branco que similarmente venha a denunciar as transgressões ou os desvarios de grupos não-brancos garantidamente será punido, se não expulso.

Até mesmo estudantes que não defendem ou não promovem absolutamente nada podem ter de pagar um preço caso não concordem com a lavagem cerebral que ocorre nas salas de aula.  Recentemente, nos EUA, um aluno da Florida Atlantic University que se recusou a pisotear um papel em que estava escrito a palavra “Jesus”, a mando de seu professor, foi suspenso pela universidade.  Felizmente, a história veio a público e gerou uma onda de protestos fora do mundo acadêmico.

A atitude deste professor pode ser descartada e ignorada como sendo um caso isolado de extremismo, mas o fato é que o establishment universitário saiu solidamente em sua defesa e atacou implacavelmente o estudante.  Tal atitude mostra que a podridão moral que impera na academia vai muito mais além do que um simples professor adepto da doutrinação e da lavagem cerebral.

Estamos hoje vivenciando todo o esplendor do anti-intelectualismo que se espalhou por metástase ao longo de todo o mundo acadêmico.  As universidades se tornaram tão dominadas por uma insistência na inviolabilidade de um determinado pensamento grupal, que qualquer professor “forasteiro”, que não compactue com a predominância deste pensamento gregário, não mais pode falar a respeito de um determinado assunto sem antes ter sido devidamente credenciado por seus pares.  Uma simples pesquisa sobre o tratamento dispensado a acadêmicos que ousam questionar a santidade do aquecimento global mostra bem esse ponto.

Já houve uma época em que um curso universitário era considerado um meio de introduzir as pessoas a uma ampla gama de assuntos que lhes permitiria pensar e falar inteligentemente sobre várias questões que estivessem afetando suas vidas.  O pensamento coletivista — que hoje é predominante no meio universitário — rejeita tal ideia, conferindo o monopólio de determinadas questões apenas àquelas pessoas que são reconhecidas como “especialistas” por seus pares.

Este método educacional que recorre à intimidação e à simples repetição de frases de efeito de cunho emocional evidencia a completa falência do sistema educacional.  Se professores universitários — teoricamente a nata intelectual da sociedade, pessoas que por vocação e profissão deveriam ser as mais rígidas seguidoras do rigor intelectual — agem assim, como podemos esperar que o restante da população apresente discernimentos mais profundos?

Para sobreviver e progredir, seres humanos precisam saber pensar.  Porém, estamos cada vez mais terceirizando esta função para acadêmicos, que por sua vez pautam o conteúdo da mídia.  Tal terceirização de pensamento ajuda a explicar por que há hoje uma escassez de pensamentos originais e significativos.

O fracasso do sistema educacional vai muito além da ausência de um aprendizado útil.  O real fracasso está naquilo que de fato é ensinado — ou melhor, doutrinado — nas salas de aula, algo evidenciado pelos formandos que as universidades cospem para o mundo, seres incapazes de apresentar qualquer resquício de pensamento original.

Jamais se preocupe em se aprofundar em qualquer assunto: os “especialistas” cujos empregos se resumem a promover a agenda do establishment político e cultural já têm tudo explicado para você.


Thomas Sowell , um dos mais influentes economistas americanos, é membro sênior da Hoover Institution da Universidade de Stanford.  
Seu website: www.tsowell.com.

domingo, 12 de outubro de 2014

A diferença entre capitalistas e progressistas




A visão que os progressistas têm do governo é facilmente entendida e faz todo o sentido quando você finalmente entende como eles pensam, quais são os equívocos de suas ideias e quais são as pressuposições implícitas que elas têm a respeito da origem da renda.

A visão dos progressistas ajuda a explicar as políticas que eles apóiam, tais como a redistribuição de renda, e a linguagem que eles utilizam, como suas inflamadas exortações para que os ricos "deem algo de volta" para a sociedade.

Em termos gerais, os progressistas entendem a economia de uma das duas maneiras a seguir: 





1) Eles supõem que a verdadeira fonte de renda das pessoas é uma gigantesca pilha de dinheiro que, em teoria, deveria ser distribuída igualmente entre todas as pessoas da sociedade. O motivo de algumas pessoas terem mais dinheiro que outras é simplesmente porque elas chegaram a essa pilha primeiro e gananciosamente pegaram uma fatia injustamente grande para elas. Sendo esse o caso, a justiça requer que os ricos deem algo de volta; e se eles não fizerem isso voluntariamente, o governo deve confiscar seus ganhos ilicitamente adquiridos e restituí-los aos seus donos de direito.

2) A outra visão progressista, concorrente a essa, pressupõe que toda a renda é distribuída, como em uma política de distribuição de renda. É como se houvesse um distribuidor de dinheiro. O motivo de algumas pessoas terem mais dinheiro do que outras é porque o distribuidor de dinheiro é racista, machista, conservador ou um representante dos "grandes interesses do capital". Nesse caso, a única coisa certa a ser feita com aqueles para quem o distribuidor de dinheiro injustamente deu muito dinheiro é obrigá-los a devolver a fatia ilícita de seus ganhos. Se eles se recusarem a fazer isso voluntariamente, então é função do governo desencadear a fúria da Receita Federal sobre estes insensíveis, confiscando seus ganhos ilícitos para restituí-los aos seus donos de direito. Em suma, deve haver uma redistribuição do dinheiro na sociedade — ou aquilo popularmente conhecido como 'redistribuição de renda'.

Já os sensatos e racionais reconhecem que, em uma sociedade livre, a renda não é nem confiscada nem redistribuída; em sua grande maioria, ela é obtida por meio do trabalho. A renda é ganha quando um indivíduo satisfaz seus semelhantes. Quanto maior a capacidade e aptidão de satisfazer seus semelhantes, maior a fatia de riqueza que este indivíduo pode adquirir deles. Essa fatia de riqueza é representada pela quantidade de dinheiro que ele recebe de seus semelhantes.

Digamos que eu me ofereça para lavar o seu carro. Por ter feito isso de maneira competente, você me paga $20. Ato contínuo, eu vou a uma mercearia e peço "Dê-me 1kg de carne e seis latas de cerveja que meus semelhantes produziram". Com efeito, o vendedor vai me perguntar, "Williams, você está pedindo aos seus semelhantes para que eles lhe sirvam. Você por acaso os serviu também?" E eu respondo, "Sim." E o vendedor emendará "Então prove!"

Nesse momento vou mostrar os $20 que obtive por ter servido meu semelhante. Podemos pensar nesses $20 como "certificados de performance". Eles representam a prova de que eu prestei serviços ao meu semelhante. O raciocínio em absolutamente nada mudaria caso eu fosse, por exemplo, um ortopedista com uma enorme clientela, ganhando $500.000 por ano por ter prestado serviços aos meus semelhantes. Ademais, tendo eu já lavado o carro do meu semelhante ou já curado sua fíbula fraturada, o que mais eu devo a ele ou a qualquer outra pessoa? Qual a justificativa de eu ser obrigado a distribuir meus ganhos para terceiros? Agora, se alguém quiser ser caridoso, isso é outro assunto, totalmente distinto.

Compare a moralidade de ter de servir o seu semelhante para poder ganhar uma fatia daquilo que ele produz com a (i)moralidade de receber dinheiro redistribuído pelo governo (seja via assistencialismo, funcionalismo público, ou grandes empresários que trabalham que recebem subsídios do governo). O que ocorre é que o governo simplesmente diz a esse povo: "Você não precisa servir o seu semelhante para adquirir uma fatia de tudo o que ele produz. Nós vamos confiscar parte do que ele produz e dar tudo para você. Apenas vote em mim".

Afinal, quem deveria devolver parte do que ganhou? Pense em Bill Gates, que fundou a Microsoft, ou em Steve Jobs, que fundou a Apple Computer, ou em Sam Walton, que fundou a Wal-Mart. Qual desses bilionários adquiriu sua riqueza nos obrigando a comprar seus produtos? Qual deles confiscou a propriedade de terceiros?

Cada um desses três — e milhares de outros — é um indivíduo que enriqueceu prestando serviços aos seus semelhantes, criando produtos que tornaram a vida melhor e mais fácil. O que mais eles devem? Para quem eles devem? Eles já deram e "redistribuíram" a sua fatia.

Compare-os agora aos homens do governo. Compare os bens e serviços que cada um produziu e compare a maneira como eles enriqueceram. É justo?

Logo, se há alguém que realmente tem a obrigação de devolver algo para a sociedade, estes são os ladrões e receptadores do roubo legalizado — a saber, as pessoas que utilizam o governo, inclusive vários magnatas que recebem subsídios corporativos, para viver à custa de seus semelhantes.

Quando um país vilipendia os produtivos e transforma em mascotes os improdutivos, seu futuro está condenado.



Walter Williams é professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros. Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.






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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Liberdade Econômica Contra a Desigualdade Racial


Liberdade Econômica Contra a Desigualdade Racial

O economista diz que as ações afirmativas prejudicam os negros ao reforçar estereótipos de inferioridade e defende a liberdade econômica como arma contra a desigualdade racial
André Petry - Páginas Amarelas, Revista Veja, Edição 2207 - 9 de março de 2011
"Os negros, em geral, estão muito melhor hoje do que há meio século. Mas os negros mais pobres estão pior" (Gilberto Tadday)

Walter Williams é um radical. Na juventude, preferia o incendiário Malcolm X ao pacifista Martin Luther King. Hoje, aos 74 anos, Williams admira os dois líderes negros, repudia a violência e se define como um libertário radical, como os americanos se referem aos que se opõem ao excesso de ativismo do estado e propugnam mais liberdade individual. Fiel ao seu ideário, é contra ações afirmativas e cotas raciais, e diz que o melhor instrumento para vencer a desigualdade racial é o livre mercado: “A economia de mercado é o grande inimigo da discriminação”. Criado pela mãe na periferia de Filadélfia, Williams acaba de publicar uma autobiografia em que narra sua trajetória da pobreza à vida de professor universitário (desde 1980, leciona economia na Universidade George Manson, na Virgínia). Com 1,98 metro de altura, voz de barítono, bom humor, ele demonstra muita coragem nesta entrevista.

Quem lê sua autobiografia fica com a impressão de que ser negro nos Estados Unidos das décadas de 40 e 50 era melhor do que ser negro hoje.
Claro que os negros estão muito melhor agora, mas não em todos os aspectos. Hoje, se os negros americanos fossem uma nação à parte, seriam a 15ª mais rica do mundo. Entre os negros americanos, há gente riquíssima, como a apresentadora Oprah Winfrey. Há famosíssimos como o ator Bill Cosby, que, como eu, vem de Filadélfia. Colin Powell, um negro, comandou o Exército mais poderoso do mundo. O presidente dos Estados Unidos é negro. Tudo isso era inimaginável em 1865, quando a escravidão foi abolida. Em um século e meio, fizemos um progresso imenso, ao contrário do que aconteceu no Brasil ou no Caribe, onde também houve escravidão negra. Isso diz muito sobre os negros americanos e sobre os Estados Unidos.

Em que aspectos a vida dos negros hoje é pior?
Cresci na periferia pobre de Filadélfia entre os anos 40 e 50. Morávamos num conjunto habitacional popular sem grades nas janelas e dormíamos sossegados sem barulho de tiros nas ruas. Sempre tive emprego, desde os 10 anos de idade. Engraxei sapatos, carreguei tacos no clube de golfe, trabalhei em restaurantes, entreguei correspondência nos feriados de Natal. As crianças negras de hoje que vivem na periferia de Filadélfia não têm essas oportunidades de emprego. No meu próximo livro, Raça e Economia, que sai no fim deste mês, mostro que em 1948 o desemprego entre adolescentes negros era de 9,4%. Entre os brancos, 10,4%. Os negros eram mais ativos no mercado de trabalho. Hoje, nos bairros pobres de negros, por causa da criminalidade, boa parte das lojas e dos mercados fechou as portas. Outra mudança dramática é a queda na qualidade da educação oferecida às crianças negras e pobres. Atualmente, nas escolas públicas de Washington, um negro com diploma do ensino médio tem o mesmo nível de proficiência em leitura e matemática que um branco na 7ª série. Os negros, em geral, estão muito melhor agora do que há meio século. Mas os negros mais pobres estão pior.


Para o professor Williams, as principais questões políticas, sociais e econômicas atuais deveriam ser analisadas e corrigidas levando-se em consideração que tudo é “uma questão de se respeitar a propriedade privada”. Para ele o livre mercado é o melhor instrumento regulador para qualquer tipo de relação, seja humana ou mercantil.
“Quanto menos intervenção do Estado – em qualquer área – melhor”, defende ele.


O estado de bem-estar social, com toda a variedade de benefícios sociais criados nas últimas décadas, não ajuda a aliviar a situação de pobreza dos negros de hoje?
Todos os economistas, sejam eles libertários, conservadores ou liberais, concordam que sempre cai a oferta do que é taxado e aumenta a oferta do que é subsidiado. Há anos, os Estados Unidos subsidiam a desintegração familiar. Quando uma adolescente pobre fica grávida, ela ganha direito a se inscrever em programas habitacionais para morar de graça, recebe vale-alimentação, vale-transporte e uma série de outros benefícios. Antes, uma menina grávida era uma vergonha para a família. Muitas eram mandadas para o Sul, para viver com parentes. Hoje, o estado de bem-estar social premia esse comportamento. O resultado é que nos anos da minha adolescência entre 13% e 15% das crianças negras eram filhas de mãe solteira. Agora, são 70%. O salário mínimo, que as pessoas consideram uma conquista para os mais desprotegidos, é uma tragédia para os pobres. Deve-se ao salário mínimo o fim de empregos úteis para os pobres. A obrigação de pagar um salário mínimo ao frentista no posto de gasolina levou à automação e ao self-service. O lanterninha do cinema deixou de existir não porque adoramos tropeçar no escuro do cinema. É por causa do salário mínimo. Na África do Sul do apartheid, os grandes defensores do salário mínimo eram os sindicatos racistas de brancos, que não aceitavam filiação de negros. Eles não escondiam que o salário mínimo era o melhor instrumento para evitar a contratação de negros, que, sendo menos qualificados, estavam dispostos a trabalhar por menos. O salário mínimo criava uma reserva de mercado para brancos.

As ações afirmativas e as cotas raciais não ajudaram a promover os negros americanos?
A primeira vez que se usou a expressão “ação afirmativa” foi durante o governo de Richard Nixon (1969-1974). Os negros naquele tempo já tinham feito avanços tremendos. Um colega tem um estudo que mostra que o ritmo do progresso dos negros entre as décadas de 40 e 60 foi maior do que entre as décadas de 60 e 80. Não se pode atribuir o sucesso dos negros às ações afirmativas.

As ações afirmativas não funcionam?
Os negros não precisam delas. Dou um exemplo. Houve um tempo em que não existiam jogadores de basquete negros nos Estados Unidos. Hoje, sem cota racial nem ação afirmativa, 80% são negros. Por quê? Porque são excelentes jogadores. Se os negros tiverem a mesma habilidade em matemática ou ciência da computação, haverá uma invasão deles nessas áreas. Para isso, basta escola, boas escolas, grandes escolas. Há um aspecto em que as ações afirmativas são até prejudiciais. Thomas Sowell, colega economista, tem um estudo excelente sobre o assunto. Mostra como os negros se prejudicam com a política de cotas raciais criada pela disputada escola de engenharia do Instituto de Tecnologia de Massa-chusetts (MIT), uma das mais prestigiosas instituições acadêmicas dos Estados Unidos. Os negros recrutados pelo MIT estão entre os 5% melhores do país em matemática, mas mesmo assim precisam fazer cursos extras por alguns anos. Isso acontece porque os brancos do MIT estão no topo em matemática, o 1% dos melhores do país. Os negros, mesmo sendo muito bons, estão abaixo do nível de excelência do MIT. Mas eles podiam muito bem estudar em outras instituições respeitáveis, onde estariam na lista dos candidatos a reitor e sem necessidade de cursos especiais. Por causa de ações afirmativas, muitos negros estão hoje em posição acima de seu potencial acadêmico. Se você está aprendendo a lutar boxe e sua primeira luta é contra o Mike Tyson, você está liquidado. Você pode ter excelente potencial para ser boxeador, mas não dá para começar contra Tyson. As ações afirmativas, nesse sentido, são cruéis. Reforçam os piores estereótipos raciais e mentais.

O senhor já teve alguma experiência pessoal nesse sentido?
Quando eu dava aula na Universidade Temple, em Filadélfia, tive uma turma com uns trinta alunos, todos brancos, à exceção de um. Nas primeiras aulas, eles me fizeram uma bateria de perguntas complexas. Você pode achar que era paranoia minha, mas eu sei que o objetivo deles era testar minhas credenciais. A cada resposta certa que eu dava, eu podia ver o alívio no rosto do único aluno negro da classe. De onde vinha esse sentimento, esse temor do aluno negro de que seu professor, sendo negro, talvez não fosse suficientemente bom? Das ações afirmativas. Não entrei na universidade via cotas raciais. Por causa delas, a competência de muitos negros é vista com desconfiança.

Num país como o Brasil, onde os negros não avançaram tanto quanto nos Estados Unidos, as ações afirmativas não fazem sentido?
A melhor coisa que os brasileiros poderiam fazer é garantir educação de qualidade. Cotas raciais no Brasil, um país mais miscigenado que os Estados Unidos, são um despropósito. Além disso, forçam uma identificação racial que não faz parte da cultura brasileira. Forçar classificações raciais é um mau caminho. A Fundação Ford é a grande promotora de ações afirmativas por partir da premissa errada de que a realidade desfavorável aos negros é fruto da discriminação. Ninguém desconhece que houve discriminação pesada no passado e há ainda, embora tremendamente atenuada. Mas nem tudo é fruto de discriminação. O fato de que apenas 30% das crianças negras moram em casas com um pai e uma mãe é um problema, mas não resulta da discriminação. A diferença de desempenho acadêmico entre negros e brancos é dramática, mas não vem da discriminação. O baixo número de físicos, químicos ou estatísticos negros nos Estados Unidos não resulta da discriminação, mas da má formação acadêmica, que, por sua vez, também não é produto da discriminação racial.

Qual o meio mais eficaz para promover a igualdade racial?
Primeiro, não existe igualdade racial absoluta, nem ela é desejável. Há diferenças entre negros e brancos, homens e mulheres, e isso não é um problema. O desejável é que todos sejamos iguais perante a lei. Somos iguais perante a lei, mas diferentes na vida. Nos Estados Unidos, os judeus são 3% da população, mas ganham 35% dos prêmios Nobel. Talvez sejam mais inteligentes, talvez sua cultura premie mais a educação, não interessa. A melhor forma de permitir que cada um de nós — negro ou branco, homem ou mulher, brasileiro ou japonês — atinja seu potencial é o livre mercado. O livre mercado é o grande inimigo da discriminação. Mas, para ter um livre mercado que mereça esse nome, é recomendável eliminar toda lei que discrimina ou proíbe discriminar.

O senhor é contra leis que proíbem a discriminação?
Sou um defensor radical da liberdade individual. A discriminação é indesejável nas instituições financiadas pelo dinheiro do contribuinte. A Universidade George Manson tem dinheiro público. Portanto, não pode discriminar. Uma biblioteca pública, que recebe dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos, não pode discriminar. Mas o resto pode. Um clube campestre, uma escola privada, seja o que for, tem o direito de discriminar. Acredito na liberdade de associação radical. As pessoas devem ser livres para se associar como quiserem.

Inclusive para reorganizar a Ku Klux Klan?
Sim, desde que não saiam matando e linchando pessoas, tudo bem. O verdadeiro teste sobre o nosso grau de adesão à ideia da liberdade de associação não se dá quando aceitamos que as pessoas se associem em torno de ideias com as quais concordamos. O teste real se dá quando aceitamos que se associem em torno de ideais que julgamos repugnantes. O mesmo vale para a liberdade de expressão. É fácil defendê-la quando as pessoas estão dizendo coisas que julgamos positivas e sensatas, mas nosso compromisso com a liberdade de expressão só é realmente posto à prova quando diante de pessoas que dizem coisas que consideramos absolutamente repulsivas.

O senhor exige ser chamado de “afro-americano”?
Essa expressão é uma idiotice, a começar pelo fato de que nem todos os africanos são negros. Um egípcio nascido nos Estados Unidos é um “afro-americano”? A África é um continente, po-voado por pessoas diferentes entre si. Os vários povos africanos estão tentando se matar uns aos outros há séculos. Nisso a África é idêntica à Europa, que também é um continente, também é povoada por povos distintos que também vêm tentanto se matar uns aos outros há séculos.

A presença de Obama na Casa Branca não ajuda os negros americanos?
Na autoestima, talvez. Mas não por muito tempo, o que é lamentável. Em 1947, quando Jackie Robinson se tornou o primeiro negro a jogar beisebol na liga profissional, ele tinha a obrigação de ser excepcional. Hoje, nenhum negro precisa ser tão bom quanto Robinson e não há perigo de que alguém diga “ah, esses negros não sabem jogar beisebol”. No caso de Obama, vale a mesma coisa. Por ser o primeiro negro, ele não pode ser um fracasso. O problema é que será. Aposto que seu governo, na melhor das hipóteses, será um desastre igual ao de Jimmy Carter. Vai ser ruim para os negros.


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domingo, 25 de novembro de 2012

Como sabotar a educação dos negros


Se eu fosse um membro da Klu Klux Klan, querendo sabotar a educação dos negros, eu não poderia encontrar melhores aliados do que os esquerdistas e funcionários doestablishment educacional do governo Obama, especialmente o Secretário de Educação, Arne Duncan, que em março de 2010 anunciou que seu departamento iria “revigorar o cumprimento dos direitos civis".
Para Duncan, a questão dos direitos civis foi que estudantes negros de ensino fundamental e médio são punidos numa taxa maior do que os brancos. Sua prova de discriminação é que os negros são três vezes e meia mais propensos a serem suspensos ou expulsos do que seus pares brancos.
Duncan e os seus partidários na administração Obama convenientemente ignoraram a "discriminação racial" na escola contra os brancos, que são mais que duas vezes mais propensos a serem suspensos do que asiáticos e insulares do Pacífico.
Heather Mac Donald relata tudo isso em "Indisciplinados", publicado no City Journal (verão de 2012). Ela escreve que, entre setembro de 2011 e fevereiro de 2012, foram presos na escola 25 vezes mais estudantes negros de Chicago do que os estudantes brancos, principalmente por agressão. Em escolas de Chicago, os estudantes negros superam os brancos em quatro para um.
Mac Donald acrescenta: "Nacionalmente, o quadro não é melhor. A taxa de homicídios entre os homens com idades de 14 a 17 é quase 10 vezes maior para os negros do que para brancos e hispânicos somados. Esses dados não causam nenhum impacto sobre a administração Obama e seus defensores ao redor, que aparentemente acreditam que a falta de autocontrole e de socialização – que resultam nesta violência criminosa desproporcional – não se manifestam no comportamento em sala de aula também".
De acordo com o National Center for Education Statistics, em todo o país, durante 2007-2008, mais de 145 mil professores foram agredidos fisicamente. 6% das escolas de grandes cidades relataram desrespeito verbal aos professores e 18% relataram desrespeito não verbal aos professores. Um estudo anterior da NCES descobriu que 18% das escolas do país contabilizaram 75% dos incidentes de violência relatados, e 6,6% contabilizaram 50%. No que diz respeito a violência grave – homicídio e estupros – 1,9% das escolas relataram 50% dos casos. A preponderância da violência escolar ocorre em escolas de grandes cidades frequentadas por alunos negros.
Os educadores não veem esse comportamento em sala de aula como uma prioridade. De acordo com um recrutador, uma escola de Baltimore agora pergunta aos candidatos a professor "Como você reage ao ser maltratado? O que você faria se alguém te xingasse?". A resposta correta é: "nada". Essa visão pode explicar por que um veterano com 34 anos de escola teve que ser retirado das instalações em uma ambulância depois que um estudante quebrou o vidro de uma vitrine em sala de aula.
Mac Donald relata que uma professora da quinta série, em St. Paul, Minnesota, zomba da ideia de que os estudantes das minorias estão sendo injustamente alvo de disciplina, dizendo: "Qualquer pessoa em sã consciência sabe que esses alunos (punidos) são extremamente perturbadores".
Em resposta aos índices mais elevados de punições disciplinares para estudantes de minorias, a escola distrital de St. Paul gastou 350 mil dólares em sessões de treinamento em “proficiência cultural” para professores nas quais eles aprendem sobre “brancura”. Em uma dessas sessões, um professor asiático perguntou: "Como posso ajudar o estudante que dá respostas abruptas e interrompe a aula". O facilitador negro respondeu: "Isso é o que a cultura negra é". Se uma pessoa branca fez uma observação dessas, eu tenho certeza que ela seria considerado racista.
Alguns dos atuais líderes políticos negros são mais ou menos da minha idade, 76, como os deputados Maxine Waters, Charles Rangel, Conyers John, o ex-governador da Virgínia Douglas Wilder, Jesse Jackson e muitos outros. Pergunte a eles o que seus pais teriam feito se eles tivessem xingado, agredido um professor ou tido um comportamento perturbador que se tornou rotina em tantas escolas. Será que os pais teriam aceito o comportamento público grosseiramente desrespeitoso público que inclui linguagem chula e epítetos raciais? Seu silêncio e apoio ao status quo representam uma traição de proporções épicas para o sangue, suor e lágrimas dos nossos antepassados em sua luta para tornar disponíveis as oportunidades de educação de hoje.
 Walter E. Williams é professor de Economia na Universidade George Mason.



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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Vamos culpar os especuladores!



Vamos culpar os especuladores!
por Walter Williams
Fonte: www.mises.org.br

Eis uma pergunta nada desafiadora: se você acredita que, em um futuro próximo, a safra de trigo, milho, arroz ou qualquer outra commodity será menor do que a esperada, qual seria a coisa mais sensata a fazer quanto ao consumo desses itens atualmente? Aposto que o cidadão médio responderia: consumir menos agora para que haja uma maior quantidade desses bens no futuro.

Porém, como é possível estimular as pessoas a consumirem menos atualmente?

É aí que entra o mercado de futuros, o qual consiste em um grupo, em escala mundial, de milhões e milhões de investidores e aplicadores, frequentemente chamados de especuladores. Esses especuladores, apostando que haverá uma escassez no futuro, compram grandes quantidades de trigo, milho e arroz no presente, na esperança de ganhar dinheiro vendendo esses bens a um preço maior no futuro, quando a safra for ruim (como eles anteciparam que seria).

À medida que os especuladores compram grandes quantidades de trigo, milho e arroz, eles elevam os atuais preços destes itens. Com a elevação desses preços, as pessoas consomem menos. Porém, o que é mais importante: as pessoas tomam essa decisão inteligente sem quaisquer decretos burocráticos. A função vital do investidor do mercado de futuros — ou do especulador — é alocar bens ao longo de diferentes períodos de tempo. E não são apenas trigo, milho e arroz que devem ser alocados ao longo do tempo, mas sim todas as commodities, inclusive petróleo.

Não há absolutamente nenhuma garantia de que os especuladores irão ganhar dinheiro. Eles podem tomar decisões erradas e, consequentemente, levar prejuízo em suas especulações. Por exemplo, eles podem comprar trigo hoje a $8 por bushel na esperança de que, em novembro, o preço do bushel estará em $12, o que lhes permitirá embolsar vultosos lucros. Entretanto, as previsões meteorológicas podem acabar se revelando erradas, de modo que, ao invés de uma safra reduzida, acabe havendo uma safra farta em novembro, fazendo com que os preços caiam para $4 por bushel. Isso fará com que o investimento de $8 do especulador lhe traga um prejuízo de $4.

Se realmente não queremos especulação de commodities, seja porque achamos imoral ou por qualquer outro motivo, podemos facilmente proibi-la. Se fizermos isso, mesmo que haja absolutamente todos os indicativos de que haverá uma safra reduzida de trigo no futuro, os preços de hoje não subiriam. Consequentemente, continuaríamos consumindo hoje como se não houvesse amanhã. E, quando este chegasse, desfrutaríamos a fome.

Nos EUA, o presidente Obama pediu ao Departamento de Justiça para que investigasse se os especuladores poderiam estar manipulando o mercado de petróleo. Se Obama conseguir convencer os outros países a colocar um fim na especulação mundial de petróleo, o preço do barril cairia sensivelmente e todos nós poderíamos consumir gasolina barata, ignorando completamente os conflitos no Oriente Médio que podem impactar acentuadamente a oferta futura de petróleo.

Os ataques da Casa Branca e do Congresso americano à especulação de petróleo não altera a realidade fundamental do mercado de petróleo — isto é, o fato de que ele é governado pela oferta e demanda do produto. Uma medida que realmente faria com que o preço futuro do petróleo diminuísse seria a autorização da exploração dos estimados bilhões de barris de petróleo que existem na costa americana dos oceanos Atlântico e Pacífico, bem como no Golfo do México e no Alasca, para não falar dos bilhões, possivelmente trilhões, de barris de óleo de xisto que existem no Wyoming, no Colorado, em Utah e em Dakota do Norte.

Além dos ambientalistas, os políticos também fazem pouco caso desta ideia — alguns até mesmo desprezam-na abertamente —, dizendo que levaria de cinco a dez anos para que o petróleo começasse a jorrar, e que isso não resolveria os problemas prementes de hoje. Quanta tolice! Garanto que se fossem concedidas as autorizações para a exploração de todas as fontes de petróleo existentes, veríamos uma imediata redução nos preços atuais.

Por quê? Coloque-se no lugar de um membro da OPEP. Você sabe que haverá uma maior oferta de petróleo americano daqui a cinco ou dez anos, o que pode derrubar os preços do barril para US$ 20 ou US$ 30. O que você faria agora, enquanto o barril do petróleo está em US$ 120? Você iria querer vender.

Os esforços coletivos da OPEP para vender mais petróleo atualmente colocariam uma pressão baixista nos atuais preços do petróleo. A Casa Branca, o Congresso americano e os ambientalistas pirados, ao proibirem novas explorações de petróleo, transformam-se nos mais ferrenhos aliados da OPEP. Eu não ficaria nem um pouco surpreso caso descobrissem que a OPEP possui alguma reciprocidade nesse favor tão grande que lhe é feito, provavelmente na forma de contribuições políticas para os congressistas americanos e doações caritativas para grupos ambientalistas.


Walter Williams é professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros.
Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.

Tradução de Leandro Roque






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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Superando a ignorância econômica




por Walter Williams é professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros.
Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.



Ao defender a liberdade, enfrentamos três grandes grupos de pessoas no mundo: do primeiro, fazem parte aquelas que são simplesmente más; do segundo, aquelas que fazem coisas más por ignorância econômica; e, no terceiro, encontramos pessoas boas que são apenas ignorantes economicamente. Pouca coisa pode ser feita por organizações não-governamentais para combater os que são verdadeiramente maus. O que constitui a principal missão dos think tanks é o relacionamento com estes dois últimos grupos.
Infelizmente, a ignorância econômica é intuitiva.

As posições a favor do aumento do salário mínimo são um exemplo. Que pessoa decente seria capaz de não querer salários mais altos para trabalhadores com pouca qualificação? Se uma pessoa acredita que um empregador precisa de determinado número de trabalhadores para executar uma tarefa, então o efeito da implementação compulsória de um aumento salarial será a simples elevação dos salários dos trabalhadores pouco qualificados.

E esse é o tipo de coisa que ouvimos nos telejornais: “A partir de primeiro de janeiro todos os trabalhadores que ganham um salário mínimo verão seus salários subirem de 5,15 dólares por hora para 6,75.” Aqueles que têm essa visão pensam que o único efeito vindo do aumento obrigatório dos salários será a elevação dos ganhos do trabalhador sobre o lucro do empresário.

Por outro lado, se você entende que um empregador simplesmente não precisa de um número fixo de trabalhadores para executar um trabalho, você ainda pode estar sinceramente preocupado com o bem-estar dos trabalhadores não qualificados, mas ser contra o aumento do salário mínimo por meio de uma lei. Você apenas se daria conta de que quando o preço de um recurso aumenta, os empregadores irão buscar substitutos. Ele pode substituir capital por trabalho ou pode automatizar a produção.

Ele também pode reorganizar sua técnica produtiva, de forma a economizar nos custos da mão-de-obra. Ele pode transferir suas operações para um país onde os salários são mais baixos.

A vida dos trabalhadores que perderão seus empregos piorará. Claro que a daqueles que mantiverem seus trabalhos melhorará, mas às custas de seus companheiros, agora desempregados.
Algumas das respostas à recente alta de preços da gasolina mostram exatamente como a ignorância econômica pode ser intuitiva. Eu ouvi pessoas utilizarem algumas delas como “prova” de abuso de preços por parte da indústria de combustíveis. Eles explicam, dizem que conseguem entender como um problema para o fornecimento como o Furacão Katrina ou a instabilidade política no Oriente Médio podem causar a alta dos preços.

Mas estão perguntam: e todo aquele petróleo que já está nos barris ou em trânsito, que foi comprado antes do furacão ou da ruptura política? Por que seu preço sobe? É isso que vêem como abuso dos preços por parte das companhias petrolíferas.

O que essas pessoas não percebem é que o histórico dos preços – quanto você pagou por algo ontem – não necessariamente determina o preço de hoje. Por exemplo, em 1973, eu paguei 58 mil dólares por minha linda casa na região de Valley Forge, na Filadélfia. Agora, se você quiser, pode me acusar de cometer um abuso de preços, mas eu estaria ferrado se a vendesse por 58 mil dólares em 2006. Eu a venderia pelo preço de reposição de hoje, da mesma forma como as empresas cobram por seus produtos.

Eu sou otimista em relação ao futuro porque acredito que a ignorância explica muito do que nós vemos. Sou otimista, pois a ignorância é curável. Se há algum ponto negligenciado pelos economistas em seus trabalhos, é não transformar princípios econômicos relativamente simples em trabalhos claros e acessíveis às pessoas comuns.

A esse respeito, o trabalho feito pelos think tanks se enquadra perfeitamente no que precisamos.

FONTE: extrato de uma palestra apresentada na Foundation for Economic Education (FEE)


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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Governo conflito e discriminação





Governo e conflito(TITULO ORIGINAL)
Diferenças humanas como raça, etnia, religião e língua sempre foram fontes de conflito. Apesar dos argumentos que tentam minimizar a importância dessas diferenças, as pessoas ainda exibem preferências nessas áreas quando escolhem um cônjuge, amigo, parceiro de negócios, empregado, vizinho e outras associações. As pessoas não se relacionam aleatoriamente. Esforços para negar tal comportamento em nome do politicamente correto são imprudentes.

Muito mais digno dos nossos esforços é o reconhecimento, não necessariamente a sanção, do comportamento associativo como algo natural. Devemos nos perguntar: como minimizar a probabilidade de determinadas preferências produzirem conflito?

O mercado do casamento
Observar como funciona o casamento pode nos fornecer uma nova percepção dentro da nossa discussão. Como muitas outras transações, o casamento é um relacionamento contratual no qual bens e serviços são trocados sob termos mutuamente acordados. A maioria das pessoas tende a buscar parceiros similares a elas no que se refere à raça, etnia, religião, língua e posição socioeconômica. Pode ser tentador considerar triviais as escolhas matrimoniais, mas dado o seu impacto na sociedade, isso é completamente errôneo.

Pessoas com alto grau de escolaridade tendem a se casar com pessoas que também possuem alto grau de escolaridade. Pessoas de alta renda (ou aquelas com perspectivas de alcançarem altas rendas) tendem a se casar com pessoas de alta renda. Apenas esses dois aspectos da escolha criam uma distribuição de renda mais desigual do que se pessoas de alta renda e alto grau de escolaridade escolhessem seus opostos como parceiros. Portanto, a escolha do cônjuge tem um importante impacto na sociedade.

Apesar do uso generalizado de raça, etnia, religião e outras características como critérios para a seleção de parceiros, existe pouco conflito ou controvérsia no que diz respeito ao assunto. Dá-se tão pouca importância a isso que as pessoas dificilmente pensam no contrato de casamento como uma atividade com raízes na escolha discriminatória. Além disso, se fossem chamadas à atenção para os aspectos discriminatórios do casamento, provavelmente a resposta delas seria: “E daí?”.

Supõe-se que a escolha de um cônjuge causa poucos problemas por ser voluntária. Além de sancionar o contrato após ter sido firmado, o governo desempenha apenas um papel trivial a não ser que haja uma disputa. Curiosamente, apenas notamos conflitos no mercado do casamento quando as pessoas utilizam uma instituição governamental ou similar, como a igreja, para imporem restrições de acordo com raça, etnia, posição socioeconômica ou religião.

Preferências diferentes, não conflito
A liberdade de escolha existe em todo lugar. Assim como as pessoas têm preferências claras no que concerne a raça, etnia e religião, elas têm fortes preferências no que diz respeito a bens e serviços. Algumas pessoas preferem Cadillacs enquanto outras preferem Volvos. Apesar dessas diferenças, raramente vemos conflitos entre os dois grupos. As pessoas simplesmente compram os carros que preferem.

Na verdade, o livre mercado é ótimo para equiparar os indivíduos; atributos pessoais têm menos importância. Quando uma pessoa compra um Cadillac ou um Volvo, a sua menor preocupação é a raça, etnia ou religião dos trabalhadores que produziram o carro. É provável que a maior preocupação da pessoa seja se ela tem o carro de maior qualidade pelo menor preço possível.

Quando o governo aloca os recursos, aumenta o potencial de preferências gerarem conflitos. A educação é um bem tipicamente financiado e produzido pelo governo, e como tal, tem sido um foco considerável de conflito. Alguns pais preferem que seus filhos participem de uma oração matinal na escola. Outros pais preferem o oposto. Mas ambas as preferências parecem ser exercícios legítimos de prerrogativas parentais.

O problema surge porque quando as escolas são públicas, elas ou terão orações ou não terão. Os pais que preferem as orações matinais devem entrar em conflito político com aqueles que discordam deles. Há muito em jogo. Os pais que perderem a batalha terão que deixar seus filhos em escolas que não aprovam. A alternativa é então arcar com os gastos em uma escola privada, ao mesmo tempo que se é forçado a pagar impostos que sustentam escolas públicas das quais não se faz uso.

Se a educação é financiada com dinheiro público, uma forma de reduzir o conflito é fazer com que ela seja financiada com recursos privados. Cada pai ou mãe poderia receber um voucher equivalente ao gasto per capita em educação. Os pais que desejassem que seus filhos tivessem uma oração matinal poderiam simplesmente matriculá-los em determinada escola e os pais que preferissem de outra maneira matriculariam seus filhos em uma escola apropriada. Haveria pouco espaço para conflitos referentes à educação entre os dois grupos de pais. Ao invés de serem adversários, eles poderiam ser amigos.

A razão principal pela qual a alocação de recursos por parte do governo aumenta a possibilidade de conflitos é que a maioria das ações governamentais são jogos desiguais no qual o ganho de uma pessoa só pode ser alcançado através do sacrifício de outra. Pais que vencerem a batalha pelas orações na escolas se beneficiariam à custa daqueles que são contra, e vice versa. Por outro lado, com a provisão de bens e serviços do mercado nós temos um jogo onde todos saem ganhando.

Isso se aplica a qualquer bem ou serviço. Se a escolha entre Cadillac e Volvo fosse coletiva, testemunharíamos o mesmo tipo de conflito que se levanta a respeito da oração na escola. Ao invés de as pessoas com diferentes gostos a respeito de automóveis se darem bem e viverem em harmonia, aquelas com fortes preferências por Volvos teriam que se organizar juntamente com as de gosto similar contra aquelas com fortes preferências por Cadillacs.

Raça e etnia: o governo contra os mercados
Pessoas que tenham preferências de raça e etnia procurarão satisfazê-las. Elas o farão quer a alocação de recursos seja feita pelo mercado ou pelo governo. No entanto, existe uma diferença básica. Com a alocação governamental, parte dos custos para satisfazer certa preferência serão pagos pelo povo e não por aquele que fez a escolha. Quando a responsabilidade de satisfazer preferências cabe ao mercado, aquele que escolhe tende a arcar com a maior parte do custo.

Para simplificar, suponha que um trabalhador negro tem a mesma produtividade que um trabalhador branco, mas o trabalhador negro oferece os seus serviços por $5, enquanto o trabalhador branco exige $8. Se a decisão cabe a um burocrata do governo, a satisfação das suas preferências racistas tem custo, para ele, praticamente zero.

Quem paga impostos arca com os $8 ao invés de $5; o burocrata leva para casa o mesmo pagamento, quer discrimine ou não; satisfazendo suas preferências raciais sem qualquer custo.

Por outro lado, no setor privado, se um empresário paga $8 pelo trabalho que poderia ter sido feito por $5 por hora, isso significa menos $3 no final das contas. A pessoa que toma a decisão arca com o custo gerado pelas suas preferências raciais. A teoria básica da economia postula que quanto mais alto for o custo de se fazer algo, menos aquilo será feito. Portanto, esperamos que haja menos discriminação racial no setor privado do que no setor público.

Do mesmo modo, quando a atmosfera política muda para favorecer a discriminação em favor dos negros, esperamos ver isso acontecendo com mais frequência no setor público.
O fato da discriminação ter um custo explica por que aqueles que desejam discriminar normalmente buscam alguma forma de intervenção governamental. A intervenção faz com que a discriminação custe menos para aquele que descrimina do que custaria de outro modo. O ingrediente essencial da intervenção que faz com que a discriminação seja mais barata é a restrição da troca voluntária pacífica.

Walter Williams é professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros.
Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.

Artigo orginialmente publicado em The Freeman.







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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Não existe igualdade racial absoluta, nem ela é desejável






“Walter Williams é um radical. Na juventude, preferia o incendiário Malcolm X ao pacifista Martin Luther King. Hoje, aos 74 anos, Williams admira os dois líderes negros, repudia a violência e se define como um libertário radical, como os americanos se referem aos que se opõem ao excesso de ativismo do estado e propugnam mais liberdade individual. Fiel ao seu ideário, é contra ações afirmativas e cotas raciais, e diz que o melhor instrumento para vencer a desigualdade racial é o livre mercado: “A economia de mercado é o grande inimigo da discriminação”. Criado pela mãe na periferia de Filadélfia, Williams acaba de publicar uma autobiografia em que narra sua trajetória da pobreza à vida de professor universitário (desde 1980, leciona economia na Universidade George Manson, na Virgínia). Com 1,98 metro de altura, voz de barítono, bom humor, ele demonstra muita coragem nesta entrevista.

- Quem lê sua autobiografia fica com a impressão de que ser negro nos Estados Unidos das décadas de 40 e 50 era melhor do que ser negro hoje?

Walter Williams – Claro que os negros estão muito melhor agora, mas não em todos os aspectos. Hoje, se os negros americanos fossem uma nação à parte, seriam a 15ª mais rica do mundo. Entre os negros americanos, há gente riquíssima, como a apresentadora Oprah Winfrey. Há famosíssimos como o ator Bill Cosby, que, como eu, vem de Filadélfia. Colin Powell, um negro, comandou o Exército mais poderoso do mundo. O presidente dos Estados Unidos é negro. Tudo isso era inimaginável em 1865, quando a escravidão foi abolida. Em um século e meio, fizemos um progresso imenso, ao contrário do que aconteceu no Brasil ou no Caribe, onde também houve escravidão negra. Isso diz muito sobre os negros americanos e sobre os Estados Unidos.

- Em que aspectos a vida dos negros hoje é pior?

Williams – Cresci na periferia pobre de Filadélfia entre os anos 40 e 50. Morávamos num conjunto habitacional popular sem grades nas janelas e dormíamos sossegados sem barulho de tiros nas ruas. Sempre tive emprego, desde os 10 anos de idade. Engraxei sapatos, carreguei tacos no clube de golfe, trabalhei em restaurantes, entreguei correspondência nos feriados de Natal. As crianças negras de hoje que vivem na periferia de Filadélfia não têm essas oportunidades de emprego. No meu próximo livro, Raça e Economia, que sai no fim deste mês, mostro que em 1948 o desemprego entre adolescentes negros era de 9,4%. Entre os brancos, 10,4%. Os negros eram mais ativos no mercado de trabalho. Hoje, nos bairros pobres de negros, por causa da criminalidade, boa parte das lojas e dos mercados fechou as portas. Outra mudança dramática é a queda na qualidade da educação oferecida às crianças negras e pobres. Atualmente, nas escolas públicas de Washington, um negro com diploma do ensino médio tem o mesmo nível de proficiência em leitura e matemática que um branco na 7ª série. Os negros, em geral, estão muito melhor agora do que há meio século. Mas os negros mais pobres estão pior.

- O estado de bem-estar social, com toda a variedade de benefícios sociais criados nas últimas décadas, não ajuda a aliviar a situação de pobreza dos negros de hoje?

Williams – Todos os economistas, sejam eles libertários, conservadores ou liberais, concordam que sempre cai a oferta do que é taxado e aumenta a oferta do que é subsidiado. Há anos, os Estados Unidos subsidiam a desintegração familiar. Quando uma adolescente pobre fica grávida, ela ganha direito a se inscrever em programas habitacionais para morar de graça, recebe vale-alimentação, vale-transporte e uma série de outros benefícios. Antes, uma menina grávida era uma vergonha para a família. Muitas eram mandadas para o Sul, para viver com parentes. Hoje, o estado de bem-estar social premia esse comportamento. O resultado é que nos anos da minha adolescência entre 13% e 15% das crianças negras eram filhas de mãe solteira. Agora, são 70%. O salário mínimo, que as pessoas consideram uma conquista para os mais desprotegidos, é uma tragédia para os pobres. Deve-se ao salário mínimo o fim de empregos úteis para os pobres. A obrigação de pagar um salário mínimo ao frentista no posto de gasolina levou à automação e ao self-service. O lanterninha do cinema deixou de existir não porque adoramos tropeçar no escuro do cinema. É por causa do salário mínimo. Na África do Sul do apartheid, os grandes defensores do salário mínimo eram os sindicatos racistas de brancos, que não aceitavam filiação de negros. Eles não escondiam que o salário mínimo era o melhor instrumento para evitar a contratação de negros, que, sendo menos qualificados, estavam dispostos a trabalhar por menos. O salário mínimo criava uma reserva de mercado para brancos.

- As ações afirmativas e as cotas raciais não ajudaram a promover os negros americanos?

Williams – A primeira vez que se usou a expressão “ação afirmativa” foi durante o governo de Richard Nixon (1969-1974). Os negros naquele tempo já tinham feito avanços tremendos. Um colega tem um estudo que mostra que o ritmo do progresso dos negros entre as décadas de 40 e 60 foi maior do que entre as décadas de 60 e 80. Não se pode atribuir o sucesso dos negros às ações afirmativas.

- As ações afirmativas não funcionam?

Williams – Os negros não precisam delas. Dou um exemplo. Houve um tempo em que não existiam jogadores de basquete negros nos Estados Unidos. Hoje, sem cota racial nem ação afirmativa, 80% são negros. Por quê? Porque são excelentes jogadores. Se os negros tiverem a mesma habilidade em matemática ou ciência da computação, haverá uma invasão deles nessas áreas. Para isso, basta escola, boas escolas, grandes escolas. Há um aspecto em que as ações afirmativas são até prejudiciais. Thomas Sowell, colega economista, tem um estudo excelente sobre o assunto. Mostra como os negros se prejudicam com a política de cotas raciais criada pela disputada escola de engenharia do Instituto de Tecnologia de Massa-chusetts (MIT), uma das mais prestigiosas instituições acadêmicas dos Estados Unidos. Os negros recrutados pelo MIT estão entre os 5% melhores do país em matemática, mas mesmo assim precisam fazer cursos extras por alguns anos. Isso acontece porque os brancos do MIT estão no topo em matemática, o 1% dos melhores do país. Os negros, mesmo sendo muito bons, estão abaixo do nível de excelência do MIT. Mas eles podiam muito bem estudar em outras instituições respeitáveis, onde estariam na lista dos candidatos a reitor e sem necessidade de cursos especiais. Por causa de ações afirmativas, muitos negros estão hoje em posição acima de seu potencial acadêmico. Se você está aprendendo a lutar boxe e sua primeira luta é contra o Mike Tyson, você está liquidado. Você pode ter excelente potencial para ser boxeador, mas não dá para começar contra Tyson. As ações afirmativas, nesse sentido, são cruéis. Reforçam os piores estereótipos raciais e mentais.

- O senhor já teve alguma experiência pessoal nesse sentido?

Williams – Quando eu dava aula na Universidade Temple, em Filadélfia, tive uma turma com uns trinta alunos, todos brancos, à exceção de um. Nas primeiras aulas, eles me fizeram uma bateria de perguntas complexas. Você pode achar que era paranoia minha, mas eu sei que o objetivo deles era testar minhas credenciais. A cada resposta certa que eu dava, eu podia ver o alívio no rosto do único aluno negro da classe. De onde vinha esse sentimento, esse temor do aluno negro de que seu professor, sendo negro, talvez não fosse suficientemente bom? Das ações afirmativas. Não entrei na universidade via cotas raciais. Por causa delas, a competência de muitos negros é vista com desconfiança.

- Num país como o Brasil, onde os negros não avançaram tanto quanto nos Estados Unidos, as ações afirmativas não fazem sentido?

Williams – A melhor coisa que os brasileiros poderiam fazer é garantir educação de qualidade. Cotas raciais no Brasil, um país mais miscigenado que os Estados Unidos, são um despropósito. Além disso, forçam uma identificação racial que não faz parte da cultura brasileira. Forçar classificações raciais é um mau caminho. A Fundação Ford é a grande promotora de ações afirmativas por partir da premissa errada de que a realidade desfavorável aos negros é fruto da discriminação. Ninguém desconhece que houve discriminação pesada no passado e há ainda, embora tremendamente atenuada. Mas nem tudo é fruto de discriminação. O fato de que apenas 30% das crianças negras moram em casas com um pai e uma mãe é um problema, mas não resulta da discriminação. A diferença de desempenho acadêmico entre negros e brancos é dramática, mas não vem da discriminação. O baixo número de físicos, químicos ou estatísticos negros nos Estados Unidos não resulta da discriminação, mas da má formação acadêmica, que, por sua vez, também não é produto da discriminação racial.

- Qual o meio mais eficaz para promover a igualdade racial?

Williams – Primeiro, não existe igualdade racial absoluta, nem ela é desejável. Há diferenças entre negros e brancos, homens e mulheres, e isso não é um problema. O desejável é que todos sejamos iguais perante a lei. Somos iguais perante a lei, mas diferentes na vida. Nos Estados Unidos, os judeus são 3% da população, mas ganham 35% dos prêmios Nobel. Talvez sejam mais inteligentes, talvez sua cultura premie mais a educação, não interessa. A melhor forma de permitir que cada um de nós — negro ou branco, homem ou mulher, brasileiro ou japonês — atinja seu potencial é o livre mercado. O livre mercado é o grande inimigo da discriminação. Mas, para ter um livre mercado que mereça esse nome, é recomendável eliminar toda lei que discrimina ou proíbe discriminar.

- O senhor é contra leis que proíbem a discriminação?

Williams – Sou um defensor radical da liberdade individual. A discriminação é indesejável nas instituições financiadas pelo dinheiro do contribuinte. A Universidade George Manson tem dinheiro público. Portanto, não pode discriminar. Uma biblioteca pública, que recebe dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos, não pode discriminar. Mas o resto pode. Um clube campestre, uma escola privada, seja o que for, tem o direito de discriminar. Acredito na liberdade de associação radical. As pessoas devem ser livres para se associar como quiserem.

- Inclusive para reorganizar a Ku Klux Klan?

Williams – Sim, desde que não saiam matando e linchando pessoas, tudo bem. O verdadeiro teste sobre o nosso grau de adesão à ideia da liberdade de associação não se dá quando aceitamos que as pessoas se associem em torno de ideias com as quais concordamos. O teste real se dá quando aceitamos que se associem em torno de ideais que julgamos repugnantes. O mesmo vale para a liberdade de expressão. É fácil defendê-la quando as pessoas estão dizendo coisas que julgamos positivas e sensatas, mas nosso compromisso com a liberdade de expressão só é realmente posto à prova quando diante de pessoas que dizem coisas que consideramos absolutamente repulsivas.

- O senhor exige ser chamado de “afro-americano”?

Williams – Essa expressão é uma idiotice, a começar pelo fato de que nem todos os africanos são negros. Um egípcio nascido nos Estados Unidos é um “afro-americano”? A África é um continente, povoado por pessoas diferentes entre si. Os vários povos africanos estão tentando se matar uns aos outros há séculos. Nisso a África é idêntica à Europa, que também é um continente, também é povoada por povos distintos que também vêm tentanto se matar uns aos outros há séculos.

- A presença de Obama na Casa Branca não ajuda os negros americanos?

Williams – Na autoestima, talvez. Mas não por muito tempo, o que é lamentável. Em 1947, quando Jackie Robinson se tornou o primeiro negro a jogar beisebol na liga profissional, ele tinha a obrigação de ser excepcional. Hoje, nenhum negro precisa ser tão bom quanto Robinson e não há perigo de que alguém diga “ah, esses negros não sabem jogar beisebol”. No caso de Obama, vale a mesma coisa. Por ser o primeiro negro, ele não pode ser um fracasso. O problema é que será. Aposto que seu governo, na melhor das hipóteses, será um desastre igual ao de Jimmy Carter. Vai ser ruim para os negros.”Caros, achei essa, mas estou checando para ver se está correta, na íntegra.

Fonte: revista “Veja”, 09/03/2011


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sábado, 6 de agosto de 2011

A perversidade das ações afirmativas



A perversidade da diversidade
Por: Walter Williams é professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros. Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.

As expressões 'ação afirmativa', 'representação paritária', 'tratamento preferencial' e 'cotas raciais' não possuem grande apelo entre a população. Sabendo disso, a elite intelectual, a mídia, o governo e todos os demais entusiastas criaram o termo 'diversidade', uma palavra aparentemente benigna que funciona muito bem para encobrir políticas racialmente discriminatórias. Via de regra, tais políticas exigem que as universidades, as empresas privadas e as burocracias do governo formem seus quadros de acordo com a proporção de cores e etnias existentes no país.

Por exemplo, se os negros formam 20% da população, então eles devem formar 20% dos estudantes universitários, 20% dos professores, 20% dos gerentes de empresas e 20% dos funcionários públicos. Por trás dessa visão de justiça está a ignara noção de que, não fosse a discriminação, todas as cores e etnias estariam igualmente distribuídas em termos de renda, educação, ocupação e outros critérios.

Não há absolutamente nenhuma evidência, em nenhum lugar do mundo, de que a proporcionalidade estatística seja a norma. Ainda assim, grande parte de nossas leis, de nossas políticas públicas e do nosso modo de pensar partem do princípio de que a proporcionalidade é a norma. Vejamos agora algumas diferenças raciais e vamos pensar sobre suas causas e possíveis curas.

Nos EUA, ao passo que 13% da população é formada por negros, estes representam 80% dos jogadores profissionais de basquete e 65% dos jogadores profissionais de futebol americano, sendo que, em ambos os esportes, os negros são os jogadores mais bem pagos. Em contraste, os negros representam apenas 2% dos jogadores profissionais da liga americana de hóquei sobre o gelo. Logo, não há diversidade racial no basquete, no futebol americano e nem no hóquei. Tais esportes em momento algum atendem aos critérios de 'igualdade racial'.

Mesmo no que diz respeito a conquistas esportivas, a diversidade racial está ausente. No baseball, quatro dos cinco recordistas de home-runs são negros. Desde que os negros entraram nas principais ligas de baseball, das 8 vezes em que houve mais de 100 bases roubadas em uma temporada, todas foram feitas por negros. Por outro lado, o Departamento de Justiça americano recentemente ordenou que o departamento de polícia de cidade de Dayton, no estado de Ohio, diminuísse a nota mínima de aprovação nas provas escritas para que assim mais negros pudessem entrar na força policial.

O que o Procurador Geral da Justiça dos EUA, senhor Eric Holder, deveria fazer a respeito da falta de diversidade racial nos esportes? Por que as elites intelectuais não protestam? Será que é porque os proprietários desses multibilionários times profissionais de basquete, futebol e baseball são pró-negros ao passo que os proprietários dos times da liga de hóquei e os donos das grandes empresas são racistas relutantes em colocar negros em altas posições e com altos salários?

Dentre as questões de diversidade étnica, há uma que foi completamente varrida para debaixo do tapete: os judeus americanos representam menos de 3% da população do país e somente 0,2% da população mundial. Todavia, entre 1901 e 2010, esses judeus ganharam 35% de todos os prêmios Nobel que foram concedidos a americanos, o que significa que eles ganharam 22% do todos os prêmios Nobel já distribuídos.

Se, para a turma que advoga a diversidade, a sub-representação é uma "prova" de que há discriminação racial, o que eles sugerem fazer para os casos de sobre-representação? Afinal, se uma raça está sobre-representada, então isso pode significar que um grupo de pessoas está se apossando daquilo que, "por direito", pertence a outra raça.

Há outras questões de representação para as quais talvez seja necessário alguém começar a dar mais atenção, para poder criar políticas públicas corretivas. Por exemplo, os asiáticos repetidamente obtêm as maiores pontuações na seção de matemática do SAT, ao passo que os negros obtêm as menores. Os homens são 50% da população, assim como as mulheres; entretanto, os homens são atingidos por raios em uma frequência seis vezes maior do que as mulheres. As estatísticas populacionais para os estados americanos de Dakota do Sul, Iowa, Maine, Montana e Vermont mostram que a população negra desses estados não chega nem a 1%. Por outro lado, em estados como Geórgia, Alabama e Mississippi, os negros estão sobre-representados em relação à sua porcentagem na população geral dos EUA.

Há outros exemplos globais de desproporcionalidade. Por exemplo, durante a década de 1960, a minoria chinesa da Malásia recebeu mais diplomas universitários do que a maioria malaia. Somente na engenharia, foram 400 diplomas para chineses e apenas quatro para malaios, não obstante o fato de que os malaios dominavam o país politicamente. No Brasil, no estado de São Paulo, mais de dois terços das batatas e 90% dos tomates produzidos foram cultivados por pessoas de ascendência japonesa.

O moral da história é que não há, em nenhum lugar do mundo, evidências de que, não fosse a discriminação, as pessoas estariam divididas ao longo de todas as atividades produtoras de acordo com suas porcentagens na população. Diversidade é um termo elitista utilizado para dar respeitabilidade a atos e políticas que, em outros contextos, seriam consideradas racistas.


FONTE:










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