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sábado, 15 de outubro de 2022

Conhecendo a Idade Média – “A Ignorância culta”.

 Conhecendo a Idade Média – “A Ignorância culta”.


É perfeitamente natural que as pessoas prósperas de nossa época não conheçam história. Se soubessem disso, conheceriam a história nada edificante de como se tornaram prósperos. É bastante natural, eu digo, que eles não devam saber de história: mas por que eles pensam que sabem? 

Aqui está uma frase tirada ao acaso de um livro escrito por um dos mais cultos de nossos críticos mais jovens, muito bem escrito e mais confiável em seu próprio assunto, que é moderno. O escritor diz: “Houve pouco avanço social ou político na Idade Média até a Reforma e o Renascimento”. 

Bem, eu poderia muito bem dizer que houve pouco avanço na ciência e na invenção no século XIX até a vinda de William Morris: e depois me desculpo dizendo que não estou pessoalmente interessado em gênios-fiandeiros e peixes-vivas – o que de fato é o caso. Pois isso é tudo o que o escritor realmente quer dizer: ele quer dizer que não está pessoalmente interessado em arautos ou abades mitrados. 

Está tudo bem; mas por que, ao escrever sobre algo que não existia na Idade Média, deveria ele dogmatizar sobre uma história que evidentemente nunca ouviu? No entanto, pode ser uma história muito interessante.


Um pouco antes da conquista normanda, países como o nosso eram uma poeira de feudalismo ainda débil, continuamente espalhada em redemoinhos por bárbaros, bárbaros que nunca haviam montado a cavalo. Quase não havia uma casa de tijolo ou pedra na Inglaterra. Quase não havia estradas, exceto caminhos batidos: praticamente não havia lei, exceto os costumes locais. 

Aquela foi a Idade das Trevas de onde veio a Idade Média. Considere a Idade Média duzentos anos após a Conquista Normanda e quase o mesmo tempo antes do início da Reforma. 

As grandes cidades surgiram; os burgueses são privilegiados e importantes; O trabalho foi organizado em sindicatos livres e responsáveis; os parlamentos são poderosos e disputam com os príncipes; a escravidão quase desapareceu; as grandes universidades estão abertas e ensinando com o esquema de educação que Huxley tanto admirava; Repúblicas tão orgulhosas e cívicas quanto as repúblicas dos pagãos se erguem como estátuas de mármore ao longo do Mediterrâneo; e em todo o Norte, os homens construíram igrejas que talvez jamais tornem a construir. 

E isso, a parte essencial do que foi feito em um século em vez de dois, é o que o crítico chama de “pequeno avanço social ou político”. Quase não existe uma instituição moderna importante sob a qual ele viva, desde o colégio que o formou até o Parlamento que o governa, que não fez seu principal avanço naquela época. a parte essencial do que foi feito em um século, em vez de dois, é o que o crítico chama de “pequeno avanço social ou político”. Quase não existe uma instituição moderna importante sob a qual ele viva, desde o colégio que o formou até o Parlamento que o governa, que não fez seu principal avanço naquela época. a parte essencial do que foi feito em um século, em vez de dois, é o que o crítico chama de “pequeno avanço social ou político”. Quase não existe uma instituição moderna importante sob a qual ele viva, desde o colégio que o formou até o Parlamento que o governa, que não fez seu principal avanço naquela época.


Se alguém pensa que escrevo isso por pedantismo, espero mostrar em um momento que tenho um objeto mais humilde e prático. Quero considerar a natureza da ignorância e começaria dizendo que, em todos os sentidos eruditos e acadêmicos, também sou muito ignorante. Como dizemos de um homem como Lord Brougham que seu conhecimento geral era grande, devo dizer que minha ignorância geral era muito grande. 

Mas esse é exatamente o ponto. É um conhecimento geral e uma ignorância geral. Eu sei pouco de história; mas conheço um pouco da maior parte da história. Não sei muito sobre Martinho Lutero e sua Reforma, digamos; mas sei que fez muita diferença. Bem, não saber que o rápido progresso dos séculos XII e XIII fez muita diferença é tão extraordinário quanto nunca ter ouvido falar de Martinho Lutero. Não estou muito bem informado sobre os budistas; mas eu sei que eles estão interessados ​​em filosofia. Acredite em mim, não saber que os budistas estão interessados ​​em filosofia não é nem um pouco mais espantoso do que não saber que os medievais estavam interessados ​​no progresso ou experimento político.


Não sei muito sobre Frederico, o Grande. Fiquei assustado em minha infância com a série de volumes de Carlyle sobre o assunto: parecia haver muita coisa para saber. Mas, apesar de meus medos, eu deveria ser capaz de adivinhar com alguma espécie de probabilidade o tipo de substância que tais volumes conteriam. 

Eu deveria ter adivinhado (e não creio incorretamente) que os volumes conteriam a palavra “Prússia” em um ou mais lugares; que a guerra seria tocada de tempos em tempos; que alguma menção pode ser feita de tratados e limites; que a palavra “Silésia” pudesse ser encontrada por pesquisa diligente, bem como os nomes de Maria Teresa e Voltaire; que em algum lugar em todos aqueles volumes seu grande autor mencionaria se Frederico, o Grande, teve um pai, se ele já foi casado, se ele teve grandes amigos, se ele tinha um hobby ou gosto literário de qualquer tipo, se ele morreu no campo de batalha ou em sua cama, e assim por diante. 

Se eu tivesse tido a audácia de abrir um desses volumes, provavelmente teria encontrado pelo menos algo sobre essas linhas gerais.


Agora mude a imagem; e conceber o jornalista jovem e bem-educado comum ou homem de letras de uma escola pública ou faculdade quando ele está diante de uma fileira ainda maior de livros ainda maiores das bibliotecas da Idade Média – digamos, todos os volumes de São Tomás de Aquino. Afirmo que em nove entre dez casos aquele jovem bem-educado não sabe o que encontraria naqueles volumes coriáceos. 

Ele acha que encontraria discussões sobre os poderes dos anjos na questão de se equilibrar em agulhas; e ele o faria. Mas eu digo que ele nãosaiba que ele encontraria um colegial discutindo quase todas as coisas que Herbert Spencer discutiu: política, sociologia, formas de governo, monarquia, liberdade, anarquia, propriedade, comunismo e todas as noções variadas que estão em nosso tempo lutando pela época de “Socialismo.” Ou, novamente, não sei muito sobre Maomé ou Maometismo. 

Não levo o Alcorão para a cama todas as noites. Mas, se o fiz em alguma noite em particular, há pelo menos um sentido em que sei o que não deveria encontrar lá. Entendo que não devo achar a obra abundante em fortes incentivos à adoração de ídolos; que os elogios ao politeísmo não seriam cantados em voz alta; que o personagem de Maomé não seria submetido a nada parecido com ódio e escárnio; e que a grande doutrina moderna da falta de importância da religião não seria desnecessariamente enfatizada. 

Mas novamente mude a imagem; e imagine o homem moderno (o homem moderno infeliz) que levou para a cama um volume de teologia medieval. Eleseria de esperar para encontrar um pessimismo que não está lá, um fatalismo que não está lá, um amor do bárbaro que não está lá, um desprezo pela razão de que não está lá. Deixe-o fazer o experimento. Vai fazer uma de duas coisas boas: mandá-lo dormir – ou acordá-lo.


Autor: G.K. Chesterton

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

A BATALHA DE TOURS

 Se não fosse por Carlos Martelo, todos nós poderíamos estar falando árabe e nos ajoelhando na direção de Meca cinco vezes ao dia. 


Na região de Tours, Carlos Martelo e seu exército franco reverteram o imenso poderio dos exércitos islâmicos que varriam o norte da África e já invadiam a Europa. A Batalha de Tours foi importantíssima para a civilização ocidental. 


A ascensão do islã é um dos mais incríveis movimentos da história. Em 622, os seguidores de Maomé [seu nome completo é Abulqasin Muhamed ibn Abn al-Muttalib ibn Ha-shin] eram apenas um bando de visionários perseguidos que se reuniam em Meca. Cem anos depois, eles controlavam não apenas a Arábia, mas todo o norte da África, a Palestina, a Pérsia, a Espanha, partes da índia e ameaçavam a França e Constantinopla.


Como conseguiram isso? Conversão, diplomacia e uma força-tarefa altamente dedicada. Ε preciso dizer também que o decadente Império Romano deixou o território pronto para a colheita.


A religião de Maomé se desenvolveu em Meca, uma das duas maiores cidades árabes. Essa religião era fortemente monoteísta e legalista, mas bastante simples. Maomé afirmava ter recebido seu sistema diretamente de Deus (Alá) e dizia que Alá o designara para ser seu profeta. Os cidadãos de Meca se opunham aos novos ensinamentos de Maomé e tornaram a vida de seus seguidores bastante difícil. Desse modo, em 622, o profeta reuniu seu grupo e todos partiram para Medina (a outra grande cidade da Arábia). Essa viagem (denominada de hégira) marca o início do calendário muçulmano e o começo de sua incrível expansão.


Naquela época, a Arábia era um conjunto bastante diversificado de tribos nômades que guerreavam sempre umas contra as outras. O islã trouxe união, não apenas na religião, mas também na lei, na economia e na política. Quando Maomé morreu (632), houve diversas lutas internas entre seus possíveis sucessores. Mesmo assim, a fé se expandiu.



Em 636, os muçulmanos controlavam a Síria e a Palestina. Eles tomaram Alexandria em 642 e a Mesopotamia em 646. Cartago caiu em 697, e os muçulmanos varreram o norte da África, ganhando territórios que permanecem em mãos muçulmanas até o dia de hoje. Em 711, cruzaram o estreito de Gibraltar e entraram na Espanha. Solidificaram rapidamente o controle da península Ibérica e atravessaram os Pireneus. Nesse meio tempo, os muçulmanos entraram na área do Punjabe, na India, e batiam às portas de Constantinopla.



Constantinopla era a capital do Império Bizantino, tudo que restou do outrora imponente Império Romano. Séculos antes, o Império Romano fora dividido entre o Oriente e Ocidente, e o Império do Ocidente caiu rapidamente diante das várias tribos germânicas — vândalos, ostrogodos e francos. O único poder que Roma possuía agora estava na igreja, e esse poder crescia. Por meio de missionários, como Agostinho na Inglaterra e Bonifácio na Alemanha, Roma ganhava a fidelidade espiritual em seus antigos territórios políticos.


A ameaça muçulmana combinava religião e poder político. O islã não apenas derrotou as autoridades políticas, mas conseguiu que as pessoas se convertessem e ofereceu a elas (ou forçou-as a receber) um novo sistema religioso.


Carlos Martelo era o líder dos francos, uma das tribos germânicas que atacaram o Império Ocidental. Os francos já tinham invadido a Gália em 355 e se converteram oficialmente ao cristianismo romano no reinado de Clóvis I (481 -511). Como os governadores francos anteriores, Carlos procurou usar a igreja para em seu benefício. Ele estava bastante feliz em apoiar os missionários romanos entre as outras tribos germânicas, pois isso poderia fazer avançar o poder franco na Alemanha. Contudo, também foi rápido em corromper a igreja franca para que pudesse se beneficiar dela. Embora possa ter salvo a igreja romana da ruína em Tours, ele sem dúvida lutou para proteger o território dos francos.


O general muçulmano Abd-ar-Rahman liderou suas tropas rumo ao norte, bem no meio do território franco. Carlos Martelo se encontrou com elas entre Tours e Poitiers e fez com que recuassem. Em uma série de acirradas batalhas, os francos empurraram os muçulmanos de volta para a Espanha, contendo seu avanço na Europa.


Ε certo que a bem-sucedida defesa de Constantinopla em 718 foi igualmente importante na contenção do avanço islâmico. Porém, para aqueles que têm sua origem na Europa Ocidental, a Batalha de Tours foi crucial. Se os muçulmanos fossem vitoriosos, poderiam ter caído mais tarde, pois conquistariam mais territórios do que seriam capazes. Quase tão incrível quanto sua rápida expansão, porém, é a maneira como os muçulmanos dominaram o território que haviam subjugado. Mesmo depois de mais de 1 200 anos, eles se mantêm como força poderosa no mundo, e os territórios que controlam permanecem resistentes ao testemunho cristão.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

A INQUISIÇÃO MATOU 30 MILHÕES DE PESSOAS

 A INQUISIÇÃO MATOU 30 MILHÕES DE PESSOAS



Para muitos estes supostos dados de “milhões de mortes” são as provas claras e literais do obscurantismo e corrupção da Igreja católica durante a “Idade das Trevas” podemos então afirmar a veracidade destes números que pressupõem que um verdadeiro “holocausto” foi promovido por parte do clero da Igreja Católica?

É comum vermos na literatura secular, em filmes e documentários, pior nas escolas do ensino fundamental e médio e até em faculdades e universidades, a afirmativa de que a Igreja “torturou e matou milhares”, alguns dizem milhões de pessoas aniquiladas pela Inquisição. Há também diversos ambientes acadêmicos no Brasil em que é nítido tal interpretação, são muitos autores e professores universitários a partilhar dessas objeções.

É inegável a atuação da Inquisição assim como os julgamentos, qualquer contraposição é uma aberração um erro grotesco de história, a crítica veiculada neste texto é dirigida aos números de mortes e incidentes referentes aos cerca de 386 anos de atuação, deste tribunal eclesiástico.

Muitos podem até dizer que números não importam, contudo ela “matou e torturou”, a questão é que nesta situação os números representam o maior pretexto e fonte de contradições a temática, pois tendem a alimentar e propagar a ideia de uma tragédia histórica, sem controle, um crime, um perverso e criminoso ato, vindo da Igreja contra a humanidade. Não levando em conta os fatores, o contexto e as posições religiosas da época estaria correto colaborar com estas argumentações e afirmações? Teria sido uma ferramenta de perseguição e extermínio de quem ousava pensar diferente? ou trata-se de posições subjetivas oriundas do homem contemporâneo?

Vale salientar que estas sociedades eram claramente ligadas ao bem e ‘alegria social’ (Pernoud, 1997) e da religião “em função da fé cristã” (Daniel Rops, Vol. III. p. 43), tinham como ferramentas de prevenção, a condenação de grupo ou individuo, para evitar a contaminação de confusões e divisões que ruíam ‘todo o sistema e ordem social da época’ (Gonzaga, 1994) além de evitar a propagação de heresias e divisões entre os fieis na Cristandade, assim os códigos penais abraçavam e previam comumente a tortura e a morte do réu. E o povo entendia que estes eram os princípios jurídicos e inquisidores (cf. Mt 18,6-7) que evitavam a expansão de cismas e heresias.

Mas seriam verdadeiros estes indicies sobre a Inquisição? Ou é maquinação vinda dos inimigos da religião que tiram proveito não só da Inquisição ou das Cruzadas, centram-se também nos erros e faltas morais de alguns filhos da Igreja para fazê-los de “cavalo de batalha na sua guerra contra a religião e para perpetuamente as estarem lançando em rosto à Igreja.” como disse o historiador e Pe. W. Devivier, S.J.  Fato que "é da natureza da Igreja provocar ira e ataque do mundo" segundo Hilaire Belloc.

A principal finalidade do artigo não é amenizar os efeitos da Instituição ou fazê-la mais branda, mas trazer a tona os fatos e verdadeiros números da referida instituição, cujos estudiosos sérios testemunham para que possamos construir uma justa interpretação do tema, sem nos veicularmos a nenhuma propaganda anticatólica.

Vamos tomar como referência as Atas do grande Simpósio Internacional sobre a Inquisição, em que 30 grandes historiadores participaram vindos de diversas confissões religiosas, para tratar historicamente da Inquisição, proposta motivada pela Igreja. O Papa João Paulo II afirmou certa vez: “Na opinião do publico, a imagem da Inquisição representa praticamente o símbolo do escândalo”. E perguntou “Até que ponto essa imagem é fiel à realidade”.

O encontro realizou-se entre os dias 29 e 31 de Outubro de 1998. Com total abertura dos arquivos da Congregação do Santo Oficio e da Congregação do Índice. As Atas deste Simpósio, foram anos depois reunidas e apresentadas ao público, sob forma de livro contendo 783 paginas, intitulado originalmente de “L’Inquisione” pelo historiador Agostinho Borromeo, professor da Universidade de La Sapienza de Roma. O mesmo historiador lembrou “Para historiadores, porem, os números têm significado” (Folha de S. Paulo, 16 junho 2004).

As atas documentais do Simpósio, já foram utilizadas em vários obras de historiadores, e continuam a ser, tais documentos são resultados de uma profunda pesquisa sobre os dados de processos inquisitoriais: as seguintes afirmações foram declaradas pelo historiador Agostinho Borromeo.

Sobre a “famigerada e terrível” Inquisição Espanhola:

“A Inquisição na Espanha celebrou, entre 1540 e 1700, 44.674 juízos. Os acusados condenados à morte foram apenas 1,8% (804) e, destes, 1,7 (13) foram condenados em “contumácia”, ou seja, pessoas de paradeiro desconhecido ou mortos que em seu lugar se queimavam ou enforcavam bonecos.”

Sobre as famosas “caças as bruxas”.

“Dos 125.000 processos de sua historia [tribunais eclesiásticos], a Inquisição espanhola condenou a morte 59 “bruxas”. Na Itália. 36 e em Portugal 4.”

E a propaganda de que “foram milhões”.

Constatou-se que os tribunais religiosos eram mais brandos do que os tribunais civis, tiveram poucas participações nestes casos, o que não aconteceu com os tribunais civis que mataram milhares de pessoas.

Sentenças de uma famoso inquisidor:

“Em 930 sentenças que o Inquisidor Bernardo Guy pronunciou em 15 anos, houve 139 absolvições, 132 penitências canônicas, 152 obrigações de peregrinações, 307 prisões e 42 “entregas ao braço secular” ([citado em] AQUINO, Felipe. Para entender a Inquisição. 1 ed. Cleofas. Lorena. 2009, p. 23).

O Simpósio conclui que as penas de morte e os processos em que se usava-se tortura, representam números pouco expressivos, ao contrario do se imaginava e foi propagado. Os dados são uma verdadeira demolição e extirpação de muitas ideias falsas e fantasiosas sobre a Inquisição.

“Hoje em dia, os historiadores já não utilizam o tema da inquisição como instrumento para defender ou atacar a Igreja. Diferentemente do que antes sucedia, o debate se encaminhou para o ambiente histórico com estatísticas sérias” (Historiador Agostinho Borromeo, presidente do Instituto Italiano de Estudos Ibéricos: AS, 1998).

Bom que tudo isto tem mudado é sinal de esperança, tomara que haja uma nova reconstrução “hermenêutica”, sendo esta necessidade histórica. Que com uma justa crítica acurada, superem-se as ambiguidades historiográficas.

Pena que as correntes históricas penduram-se e os teóricos antigos, dizem eles os “conceituados” continuam a ser as referencias “fidelíssimas”, assim na prática pedagógica e histórica; seja superior (acadêmica) ou (média e fundamental) ensinos públicos, continua à ritualista tradição a-histórica, não transparente sobre os acontecimentos e de tom feiticista e alienado, incluindo dentre destes, muitos estudiosos, professores, e jornalistas brasileiros e do resto do mundo. “Há milhões de pessoas que odeiam o que erroneamente supõe o que seja a Igreja Católica” (Bispo americano, John Fulton Sheen).

Referencias:

AQUINO, Felipe. Para entender a Inquisição. 1º ed. Cleofas. Lorena. 2009.

DEVEVIER, W. A Historia da Inquisição, curso de apologética cristã. Melhoramentos, São Paulo, 1925.

L’INQUISIONI. Atas do Simpósio sobre a Inquisição, 1998.

PERNOUD, Régine. A Idade Média: Que não nos ensinaram. Ed. Agir, SP, 1964.

ROPS. Henri-Daniel. A Igreja das Catedrais e das Cruzadas. Vol. III. Ed. Quadrante, São Paulo. 1993.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Teoria Fake de Darwin

O naturalista inglês Charles Darwin continua sendo reconhecido como um dos cientistas mais influentes, depois de levantar a ideia de evolução biológica através da seleção natural, justificando-a em seu trabalho de 1859, A Origem das Espécies, através de numerosos exemplos extraídos da sua observação da natureza.

Sua conclusão foi aceita como um fato pela comunidade científica e por uma boa parte do público, Porém, sua teoria da evolução através da seleção natural não foi considerada como a principal explicação do processo evolutivo até a década de 1930.

Após sofrer certas modificações, as descobertas científicas de Darwin continuam sendo a base da biologia como ciência, uma vez que constituem uma explicação lógica que unifica as observações sobre a diversidade da vida.

Mas um novo livro, de publicação recente, mais uma vez questiona a verdadeira contribuição dos britânicos para a ciência, e questiona seu respaldo científico.

O prestigiado escritor e colunista britânico A. N. Wilson, autor de Charles Darwin: o criador de mitos vitorianos, é o último a criticar o naturalista por “ter matado ou pelo menos tentado matar, a crença em um mundo divinamente ordenado, e nossa confiança no caráter distintivo da espécie humana”.

Wilson assegura que as conquistas culturais do homem são aquelas que o tornam “muito superior aos animais”, e destaca em seu livro que a principal contribuição de Darwin, a uma teoria que outros que o precederam já haviam desenvolvido em detalhes, foi desacreditada em várias oportunidades por membros proeminentes e respeitados da comunidade científica, incluindo anti-darwinistas como Michael Denton, do Discovery Institute, e o filósofo australiano David Stove.

Wilson destaca que Darwin só estava motivado para se tornar o “maior expoente da ciência vitoriana” e que, para conseguir isso, tomou a liberdade de pegar emprestado ideias de seus colegas sem lhes dar-lhes crédito algum para depois “obrigar seus amigos a defendê-lo em público após se aposentar, para então viver uma vida rural confortável”.

Algo que comprova a postura nada ética de Darwin é a publicação, três anos antes do artigo de Darwin, do trabalho de outro naturalista, Alfred Russel Wallace, que já propunha que todas as espécies vivas descendiam de um único ancestral comum.

Foi Wallace o primeiro (não Darwin) a notar que cada margem dos rios amazônicos podia ser habitada por espécies diferentes de macacos. Em 1858, Wallace sintetiza a teoria da seleção natural, mas ao invés de publicar a descoberta, remete-a para Darwin que, pouco tempo depois, publica A Origem das Espécies… Veja que Charles Darwin foi nada científico em sua atitude…

O autor de Charles Darwin: o criador de mitos vitorianos até mesmo se atreve a definir o cientista Charles Darwin como um ser “sem humor, entediado, muito estúpido para aprender outro idioma, mas suficientemente inteligente para tirar ideias dos outros; em suma, um manipulador que se apropriou dos direitos sobre descobertas científicas que não eram dele”.

Porém, os questionamentos de Wilson não pertencem apenas à esfera pessoal. O autor também enfatiza que sua teoria (de Darwin) apresenta graves inconsistências, especialmente em relação à ausência de fósseis de transição, necessários para provar que uma espécie se transmuta em outra.

Os defensores de Darwin afirmam que a evolução não significa que os animais mudaram de forma em dois passos simples, mas que tais transformações ocorreram ao longo de muitas gerações e através de uma série de mutações.

Porém, para tentar limpar um pouco a ficha do cientista, teve-se que editar várias afirmações ridículas do livro A Origem das Espécies, como aponta a seguir Alexandre Kretzschmar, editor da Revista “Origem em Revista”:

A versão original do livro de Darwin continha a citação exibida logo abaixo. No entanto, ela é tão absurda que Darwin teve que corrigir o seu livro. As edições posteriores já não tinham esta ideia:

O urso preto foi visto por Hearne a nadar durante horas a fio com a boca completamente aberta capturando insetos na água. Mesmo num caso extremo como este, se o suprimento de insectos fosse constante e se competidores melhor adaptados não existissem já, não vejo dificuldade que numa corrida entre ursos controlada pela seleção natural, eles se tornassem mais e mais aquáticos na sua estrutura e habitat (com bocas cada vez maiores) até que fosse produzida uma criatura tão monstruosa como a baleia” (On the Origin of Species (1859), edição original, p. 184)”

Apesar deste mito ter sido removido das edições que se seguiram, Darwin afirmou uma coisa interessante:

Eu ainda mantenho que não há dificuldade especial na boca do urso ser aumentada de forma útil para os seus variantes habitats (“More Letters of Charles Darwin,” 1903, p. 162).

Reparem que nesta frase Darwin aborda apenas o aumento da boca do urso, de forma que o mesmo a possa usar nos seus diferentes habitats. Ou seja:  Darwin deu uns passos atrás, e afirmou uma coisa que ninguém se opõe (à mudança na boca do urso). No entanto, se compara-se a segunda frase com a primeira, nota-se imediatamente que o que ele disse na primeira é fundamentalmente distinto do que está na segunda. Enquanto que na primeira ele diz que um urso evoluiu para baleia, na segunda ele apenas afirma que a boca do urso pode mudar, coisa que ninguém duvida.

Este tipo de semântica ainda é usado pelos contemporâneos descendentes de Darwin como forma de esconder a ruína de sua interpretação das evidências. Como não existem dados que confirmem a grandiosa história evolutiva (que todos os sistemas biológicos são o resultado de forças não-inteligentes), os evolucionistas limitam-se a usar eventos não controversos como evidências exclusivas para a mitologia deles.

Eu não sei quem foram ao certo as pessoas que “forçaram” Darwin a remover a primeira frase do seu livro, mas estou certo que devem ter sido os cientistas da altura, os mesmos que supostamente aceitaram a teoria quando ela mal foi publicada.

Não se esqueçam: o paradigma que presentemente controla os biólogos evolucionistas foi inicialmente promulgado pelo mesmo homem que acreditava que ursos evoluíram para baleias.

Isso, sim, seria um milagre.

Outro furo de Darwin é o da complexidade. Darwin admitiu:

Se pudesse ser demonstrado que algum órgão complexo existe, o qual não poderia ter sido formado através de pequenas modificações numerosas e sucessivas, a minha teoria estaria completamente arruinada”.

Tal órgão é conhecido como um “sistema irredutivelmente complexo“, o qual é um sistema composto de múltiplas partes, todas as quais são necessárias para o funcionamento do sistema. Se apenas uma parte estiver faltando, o sistema não funcionará. Cada peça individual é uma parte integrante.

Assim, tal sistema não poderia ter evoluído lentamente, pedaço por pedaço. A ratoeira comum é um ordinário exemplo não biológico de complexidade irredutível. É composta por cinco partes básicas: a captura (para prender a isca), uma mola poderosa, uma haste fina chamada de “martelo”, uma barra de apoio para manter o martelo no lugar e uma plataforma para montar a armadilha. Se qualquer uma dessas partes estiver faltando, o mecanismo não funcionará. Cada peça individual é uma parte integrante. A ratoeira é irredutivelmente complexa.

Darwin também achava que a célula era um protoplasma qualquer, mas foi refutado com o avanço da bioquímica, que demonstrou que a célula é a maior máquina conhecida, tão avançada como as mais modernas cidades!

Além disso, os que o apoiam atualmente afirmam que os paleontólogos descobriram milhares de fósseis de transição que Darwin previu que eventualmente seriam encontrados – porém, nunca os apresentaram.

Avalie, caro leitor, as evidências e decida-se pelo que é muito mais provável: a existência de um Projetista Completo e Inteligente por trás de um Projeto Complexo e Inteligente.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Entre numa boa briga em 2020!

Entre numa boa briga em 2020!


Entre numa “boa briga” neste ano de 2020: debata com alguém sobre a fé católica, convença uma pessoa que não crê, traga alguém para a verdade que Deus tão misericordiosamente nos deu a conhecer.


É hora de os católicos começarem a discutir. Não entre si, pois já fazem isso. É hora de debaterem com não católicos. E não sobre política e esporte, mas sobre religião, sobre os grandes temas, sobre a fé católica.

Digo isso porque acabei de ver os resultados de uma pesquisa sobre religião, publicada pelo Pew Research Center. Uma das perguntas feitas foi: “Em sua opinião, qual é a melhor coisa a se fazer quando alguém discorda de você em matéria de religião?”

As opções de resposta eram:

Tentar persuadir a outra pessoa a mudar de ideia.
Tentar entender a crença da outra pessoa e aceitar a discordância.
Evitar discutir sobre religião.
Foram entrevistados protestantes (das mais diversas denominações), católicos e ateus/agnósticos.

Em média, 5% escolheram a primeira opção, 67% a segunda e 27% a terceira. Em outras palavras, dois terços da população não têm medo de debater sobre religião com alguém que discorda deles, mesmo que o único resultado seja manifestar as suas diferenças. Quase um terço evita qualquer discussão sobre o tema. Uma pequena minoria dos entrevistados — apenas um em cada vinte — está disposta a se posicionar firmemente em defesa de sua fé e a convencer a outra pessoa de que ela está equivocada. 

Como os católicos se saíram nessa pesquisa, em comparação com os outros grupos?

Muito mal.

Na verdade, eles tiveram o pior desempenho em todas as categorias. Enquanto 10% de evangélicos ficaram na primeira categoria, apenas 2% de católicos estavam dispostos a tentar persuadir a outra pessoa a mudar de ideia. O dobro de ateus e agnósticos estava disposto a tentar convencer outra pessoa. Até as denominações históricas em declínio, conhecidas por sua tibieza em relação às doutrinas cristãs, atingiram a média de 5%. E os católicos? Dois por cento. Terrível. Patético.

Quando alguém está disposto a ter uma discussão sobre religião, temos uma oportunidade de ouro para compartilhar a nossa fé.

No outro extremo, os católicos atingiram a porcentagem mais elevada entre aqueles que gostariam de evitar discussões sobre religião: 31%. Mesmo os ateus e os agnósticos se mostraram mais dispostos do que os católicos a discutir religião, apesar de não terem uma, e a defender a sua falta de fé. Os evangélicos tiveram o melhor resultado: apenas 18% se mostraram relutantes em participar de alguma discussão sobre religião. 

Até a porcentagem daqueles que estão na grande categoria do meio (os que estão dispostos a escutar outra pessoa a respeito da fé dela apenas para “concordar em discordar”) serve de matéria para acusar os católicos. É claro que deveríamos escutar os outros, mas também deveríamos falar. 

Quando alguém está disposto a ter uma discussão sobre religião, temos uma oportunidade de ouro para compartilhar a nossa fé. Não deveríamos ter medo de um debate. G. K. Chesterton diz que o propósito de uma discussão é discordar para concordar; ao passo que o fracasso de uma discussão está em concordar em discordar. Em outras palavras, discutimos porque cremos que estamos certos e, em última instância, queremos convencer o outro a concordar conosco: discordar para concordar. O nome disso é ganhar o debate. Significa que nos importamos tanto com a verdade, que queremos que outras pessoas acreditem nela.

Só faz sentido acreditar em algo se cremos que estamos certos. E se assim cremos, por que não estamos dispostos a falar isso? Por que não estamos dispostos a dizer o motivo pelo qual não acreditamos em outra coisa?

Na conclusão de O Homem Eterno, Chesterton diz que o Evangelho é a boa notícia que parece muito boa para ser verdadeira. “Não é nada menos que a afirmação de que o criador do mundo o visitou pessoalmente.” Deus se fez carne, sofreu na carne, morreu de forma estranha e terrível e ressurgiu dos mortos, e a história mudou completamente. O mundo inteiro teve um recomeço. Ele encarnou a maior promessa já feita: a vida eterna. Seus seguidores que testemunharam tudo isso estabeleceram uma instituição que ainda existe: a Igreja Católica. A eles foi confiada a missão de compartilhar a boa nova que lhes fora dada, e a mensagem tem sido passada de geração em geração por dois mil anos.

O Evangelho “não é nada menos que a afirmação de que o criador do mundo o visitou pessoalmente”.

Chesterton diz que o mundo está dividido entre aqueles que levam a mensagem do Evangelho e aqueles que ainda não a escutaram ou não conseguem crer nela.

Pense nisso. Temos a mensagem. As únicas outras pessoas que há no mundo são as que ainda não a escutaram ou não conseguem crer nela. Embora, sem dúvida alguma, vivamos numa cultura pós-cristã, a maioria das pessoas tem alguma familiaridade com as afirmações fundamentais da Igreja Católica. 

Já ouviram falar delas. A nossa missão é ajudá-las a crer. Isso significa que temos de estar dispostos a debater com elas quando discordarem de nós, a defender a fé quando ela for atacada, a afirmá-la quando for questionada e a demonstrá-la quando for rejeitada.

Não somente temos a mensagem, mas também o que o resto do mundo deseja: alegria, paz, lucidez e a resposta definitiva para o enigma do universo. Todas as pessoas estão em busca dessas coisas. Como podemos silenciar a respeito delas? 

O mundo não terá nenhuma chance se apenas 2% de nós estivermos dispostos a falar.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Na Idade Média a ciência ficou estagnada

Na Idade Média a ciência ficou estagnada?


REFUTAÇÃO: A Idade Média conheceu um florescimento científico e técnico muito acentuado.

DOCUMENTAÇÃO

Conhecimentos técnicos em geral
• O manual “Schedula diversarum artium” (século XI), do monge Teófilo Presbítero, consigna importantes inventos e conhecimentos técnicos nos ramos de preparação de tintas, pintura, trabalhos de metal, produção de cristal, vitrais, construção de órgãos, trabalhos em marfim, com pedras preciosas e pérolas.

• O “Hortus deliciarum”, da abadessa Herrad de Landsberg (1160), traz numerosas descrições de todo o aparelhamento técnico que possibilitou a construção das magníficas catedrais.

Alguns dos progressos da época: Moinhos de vento; rodas hidráulicas; fundição de sinos; relógios; relógios com figuras móveis; roca e carretilha para fiação; carvão de pedra e sua utilização em forjas; exploração do carvão na Inglaterra e no Ruhr (Alemanha); serraria automática movida a água corrente (Cfr. Gerd Betz, “Historia de la Civilización Occidental”, p. 150).


Descobertas químicas durante a Idade Média

Antes do ano 1000 já se fabricava o álcool destilado do vinho. Nos séculos XII e XIII descobriu-se: amoníaco, ácido nítrico, ácido sulfúrico, alúmen. Estes elementos acarretaram grandes progressos na produção de extratos alcoólicos, tinturas, corantes, no polimento, na produção de cristais em cores (Cfr. Friedrich Heer, “Historia de la Civilización Occidental”, p. 183).

“A razão desta evolução da técnica reside na tendência a uma atividade relacionada com a natureza e condicionada pela piedade religiosa, com a conseqüente afirmação do trabalho corporal e o desaparecimento das antigas formas de escravidão” (Friedrich Heer, op. cit., p. 115).

“O trabalho animal, até então mal aproveitado, é levado ao máximo desenvolvimento por meio de uma série de inventos. Por exemplo, o uso de coleiras nas guarnições para os cavalos, que multiplica por quatro a força de tração dos animais” (Friedrich Heer, op. cit., p. 115). 

“Desde a época de Carlos Magno, vão ganhando terreno as construções de pedra: a maior revolução técnica na arquitetura, cuja importância se faz sentir durante um milênio” (Friedrich Heer, op. cit., p. 112).

“No tempo de São Francisco, “a atividade mercantil estava promovendo a prosperidade da Europa e desenvolvendo em todos os sentidos a capacidade das cidades” (Christopher Brooke, professor de História Medieval na Universidade de Liverpool, “Estructura de la Sociedad Medieval”, in “La Baja Edad Media”, ed. Labor, Barcelona, 1968, p. 39).

“Nos anos 1000 começa a difundir-se o uso do moinho de grãos movido por água corrente e construído pelos senhores, melhoramento considerável que economiza grande parte do tempo que se empregava em moer o trigo entre pedras” (Georges Duby, “Historia de la Civilización Francesa”, p. 15).

Transformação agrícola que mudou a face da Europa

“A expansão agrícola dos séculos XI e XII parece ter sido o único grande rejuvenescimento do conjunto das práticas camponesas que atingiu os campos franceses, desde a época neolítica até a ‘revolução agrícola’ dos tempos modernos” (Georges Duby, op. cit., p. 63).

“O cultivo da vinha na França, Áustria e região do Reno e Mosela deve muitíssimo aos monges. Até o século XIX e quase até nossos dias, muitas propriedades rurais foram exploradas segundo os princípios estabelecidos pelos monges medievais” (Gerd Bertz, in “Historia de la Civilización Occidental”, p. 143).

“Os campos da abadia de Cluny, situados na vanguarda do progresso, em meados do século XII, davam uma colheita seis vezes maior do que os grãos semeados nos melhores terrenos ... Foi uma renovação fundamental, que mudou profundamente todas as maneiras de viver, posto que graças a ela o camponês tirava de uma terra menos extensa, em igual tempo, com menos esforço, mais alimentos” (Georges Duby, op. cit., p. 66).

“Entre o ano 1000 e as proximidades do século XII esse prodigioso esforço, esses inumeráveis golpes de machados e enxadas dados por gerações de pioneiros, esses diques contra inundações, todas as queimas dos matagais, todas essas plantações de novas vinhas, deram aos campos da França uma nova fisionomia — a que conhecemos” (Georges Duby, op. cit., p. 70).


segunda-feira, 30 de abril de 2018

A Ditadura do Relativismo

A Ditadura do Relativismo

Por que o relativismo é tão prejudicial?
"Não existindo valores absolutos nem direitos objetivos, a vida humana reduz-se a uma espasmódica procura do prazer e à satisfação egoísta de instintos e 'necessidades' subjetivas, contrabandeadas sob a forma dos novos 'direitos" (p. 11)

O Cristianismo é uma doutrina fundada sobre uma verdade absoluta e difundida de uma forma pacifica, que apela às consciências, não imposta à força.

"No mundo pagão, dominava uma religião cívica, sem dogmas nem moral, à qual o Estado impunha uma adesão puramente exterior. Os cristãos, que professavam uma religião antes de mais nada interior, do coração e da consciência, mas submetida a uma Verdade objetiva, refutaram esta adesão formal, expressa no incenso queimado em homenagem aos ídolos. 

A sentença que os condenavam não tinha em vista direitos específicos, mas o nomen ipusum, a pura e simples proclamação do Cristianismo" (p. 16)
Apesar das inúmeras seitas e "religiões" do  Império Romano serem respeitadas e nada ser feito contra elas, os primeiros cristãos foram duramente perseguidos e mortos. Voltaire (!) escreve em "Tratado sobre Tolerância" que o que se passou com os cristãos não se passou com judeus, egípcios, sírios ou bardes, porém o mesmo autor coloca que foram estes mártires "intolerantes". Para Voltaire, ser tolerante é não ser fanático e atribuir à verdade e ao erro o mesmo valor. Não seria esta a também atual definição de relativismo?

Prof. Mattei levanta que o Estado nunca poderá desvincular-se da religião e da moral, ao contrário exercerá um poder totalitário. A lei natural (presente no coração de cada homem e estabelecida pela razão) e divina ("Dai a Deus o que é de Deus") é imutável e perene.

"O Império Romano perseguiu o Cristianismo sem o conhecer. A sociedade contemporânea é uma sociedade que renega o cristianismo depois de ter conhecido tanto os benefícios espirituais e morais, como os benefícios culturais e sociais por ele introduzidos" (p. 20)

Os valores vida (proteção em todas as fases), família (defesa da família natural) e educação (direito dos pais de educar aos filhos), não pertencem somente à esfera privada, mas, ao contrário, tem uma projeção pública e social. Os princípios absolutos universais "são válidos sempre e em toda a parte, no tempo e no espaço" (p. 23).

"Em que se funda o caráter absoluto e universal destes princípios? Funda-se na existência de uma natureza humana que não muda, que permanece igual a si mesma, no tempo e no espaço. Numa palavra, os valores inegociáveis têm como fundamento a lei natural" (p. 23)

E, afinal, o que é a Lei Natural?
São Tomás de Aquino afirma que é "a própria lei eterna impressa na criatura racional" e também que "não há nas leis humanas nada que seja justo e legítimo que não derive da lei eterna".
Cícero afirma que "verdadeira lei é a reta razão, em harmonia com a natureza, universal, imutável, eterna, que não é diferente em Roma do que é em Atenas, nem hoje do que será amanhã".
Esta ideia de existir uma natureza humana com leis constantes e universais é apresentada filosoficamente por Wener Jaeger em "Paideia".

 "É sobre esta lei que assenta a harmonia entre a fé e a razão, e portanto entre a ordem espiritual e a ordem temporal. O respeito pela lei e divina resolveria rapidamente todos os problemas políticos, econômicos e sociais que afligem a humanidade, porque a conformidade com o Decálogo é uma condição de verdade e de bem para os homens, e de ordem e de paz para as nações. 

O esquecimento destes princípios é uma das grandes causas da crise contemporânea" (p. 100)
"Com efeito, a lei natural e os direitos que dela derivam são imutáveis e válidos para todos os tempos e para todos os homens, porque a natureza humana permanece idêntica em todo tempo e lugar. Caso contrário, com a lei natural caem também não só os direitos humanos, mas a própria ideia de igualdade entre todos os homens. Que igualdade é possível fazer vigorar entre homens não idênticos a si mesmos, porque têm uma natureza que muda constantemente? Da mesma maneira que não há liberdade sem verdade, também não há igualdade sem um direito comum. Mas não é possível fundar um direito comum à revelia de uma lei natural, reconhecida pelo homem como universal e objetiva" (p. 54)

O problema reside quando o fundamento dos direitos deixa de ser a lei natural e passa a ser a vontade do produtor da mesma. Nada nem ninguém - nem a Igreja - tem o direito de alterar a lei natural.

"Mas a votação por maioria não pode ser o princípio último; há valores que nenhuma votação por maioria tem o direito de revogar" (Cardeal Ratzinger)

"Se o homem puder decidir por si mesmo, sem Deus, o que é bom e o que é mau, poderá igualmente dispor que um grupo de homens seja aniquilado" (João Paulo II) [Recordemos que Hitler foi eleito democraticamente]

É a negação da lei natural que fundamenta em muito a revolução cultural que vivemos hoje, cujas consequências são:
- A dissolução de qualquer identidade humana estável;
- Transferência da família em "estrutura de opressão para mulher e menores"
- Redução da vida humana à "material biológico"

Neste sentido, caminhamos rumo ao totalitarismo, cujo processo é colocado por Prof. Roberto de Mattei como:
1) Negação da existência de uma lei e verdades objetivas, com o consequente nivelamento entre bem e mal, vício e virtude
2) Institucionalização dos desvios morais. Transformação dos vícios privados em virtudes públicas.
3) Censura e repressão social do bem

"...quando se torna absoluto, o relativismo passa a coincidir com a plenitude do totalitarismo" (p. 65)

"Desta perspectiva, a democracia secularizada, privada dos fundamentos transcendentes, revela-se como uma nova e mais radical forma de opressão do homem" (p. 65)

A neutralidade não existe. Se o Estado opta pelo laicismo/secularismo está escolhendo não ter uma visão religiosa, e não ter uma visão "neutra". Enquanto o marxismo originário propunha que o fim da religião resultaria do advento da sociedade sem classes, o gramscianismo crê que a extinção da religião é a condição de possibilidade da revolução. Gramsci queria uma absoluta secularização da vida social. O resultado do secularismo/laicismo/relativismo hoje se expressa num totalitarismo moderno que consiste no seguinte:

"...o conformismo do passado era um conformismo das respostas, enquanto o novo conformismo resulta de uma descriminação das perguntas, por via do qual as indiscretas são refutadas como expressões de 'tradicionalismo', de um 'espírito conservador', 'reacionário', 'anti moderno' - 'fundamentalista', diríamos hoje - ou ainda, quando o excesso de mau gosto chega aos limites, de 'um espírito fascista'" (p. 64)

 A liberdade, o relativismo e o totalitarismo

Hoje só é possível reconquistar a verdadeira liberdade se negarmos a ilusão de uma liberdade absoluta, sem freios. Para isso há que se retomar a diferença clássica entre:
- Liberdade física e psicológica do homem, que é sua possibilidade de escolher entre o bem e o mal
- Liberdade moral, que é a capacidade humana de realizar o bem
No relativismo a liberdade humana é anulada, pois se bem e mal adquirem o mesmo valor, a escolha torna-se "amoral", fruto da vontade e do instinto, e não da racionalidade. Portanto, torna-se uma escolha "desumana".

" O comportamento do homem não está determinado de maneira absoluta pelo instinto, como acontece no animal, antes nasce da capacidade humana de compreender e de querer; é nesta capacidade de juízo e escolha que consiste a liberdade do homem" (p. 70)

"A liberdade não é, pois, uma possibilidade de escolher entre o bem e o mal, mas a capacidade de se ordenar aos bens que a inteligência indica como sendo os mais perfeitos" (p. 72, grifo nosso)

"Assim, a vontade que escolhe o mal não é livre, mas escrava, porque 'todo aquele que comete pecado é escravo do pecado" (p. 72)

A liberdade pode ser definida, então, como uma vontade ordenada ao bem. É relativa, pois necessita de limites para alcançar seu fim. A liberdade absoluta de alguns passa a ser abuso para outros, pois a liberdade absoluta sempre afeta a alguém.

"Na ausência de Verdade,  de princípios e de valores permanentes, quando a única verdade absoluta é a liberdade, esta acaba por coincidir com o devir histórico, com aquilo que aconteceu na História, e, portanto, com a vontade do mais forte" (p. 74)

"A liberdade não pode ser confundida com a noção de direitos subjetivos absolutos e de absoluta independência do indivíduo. 

A liberdade do homem não é absoluta, porque o homem não é perfeito; o seu conhecer e o seu querer são participados, limitados e imperfeitos" (p. 76)

"Mas, se é livre, o homem é também responsável por aquilo que faz adquirindo por isso mérito pelo bem e culpa pelo mal que realiza, sendo portanto possível de recompensa e de castigo, quer humanos, quer divinos. Saberá o homem contemporâneo, que foge às responsabilidades e recusa sofrimentos e castigos, aceitar estas dramáticas consequências possíveis de sua liberdade? (p. 77)

O Cristianismo tem o poder de transformar corações, costumes, mentalidades e civilizações, exatamente como fez com os bárbaros pagãos. Cabe a nós, cristãos de hoje, buscar a retomada da verdadeira noção de liberdade, de direitos fundados na lei natural e de valores absolutos e perenes, para que renasça a civilização ocidental em suas puras raízes.


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Governo do Paraguai e a Remoção física da ideologia de gênero

Governo do Paraguai e a Remoção física da ideologia de gênero

O governo do Paraguai excluirá de sites governamentais materiais que promovem a ideologia de gênero e que datam do governo anterior, disse o ministro da Educação, Enrique Riera. Em uma coletiva de imprensa realizada na segunda-feira (18/09), Riera lamentou a “confusão”, originada das denúncias de pais que lotaram a caixa de entradas do WhatsApp de membros do governo.
Riera ordenou que todo o material fosse revisado, “porque há uma frase que causa todo o problema”, que é “onde diz literalmente que o gênero é uma construção social”. O ministro responsabilizou por estes conteúdos um acordo assinado entre o governo de Fernando Lugo, afastado em 2012, e um grupo chamado “Somos Gay”.

“Quero lhes dizer que o Ministério da Educação se baseia no artigo 52 da Constituição Nacional, de uma família tradicional, de valores tradicionais, com pai, mãe, filhos: também é a minha posição e nós naturalmente respeitamos as diferentes opções, mas não as infundiremos nas escolas públicas”, disse. O artigo 52 da constituição do Paraguai afirma que “o casamento entre o homem e a mulher é um dos elementos fundamentais na formação da família”.

29 igrejas de Curitiba se uniram para defender a família através do "Movimento Gênesis – Homem e Mulher os Criou".

“Queremos fortalecer esse ensino bíblico e mostrar que é esse o projeto que Deus tem para a sociedade: a família como célula principal”, explica Dorgival Pereira, coordenador da Associação das Igrejas Batistas da Grande Curitiba (BGC) e um dos organizadores do movimento, cujo lançamento foi marcado pelas celebrações do domingo (10/12) em igrejas evangélicas e católicas. Nas missas e cultos, homens compareceram vestidos de azul e mulheres de rosa.

O arcebispo de Curitiba, dom José Antônio Peruzzo, enviou uma carta aos padres de sua arquidiocese pedindo para que na homilia do domingo se enfatizasse “o valor da família, da comunhão familiar, da afetividade e do respeito pela identidade sexual que a natureza nos dotou”, assumindo “posições claras em favor do que nossa fé e doutrina eclesial nos ensinam”.

O movimento também já demonstrou sua insatisfação em relação à proposta da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e produziu um documento assinado por advogados da Primeira Igreja Batista de Curitiba (PIB) e da Arquidiocese de Curitiba, para ser enviado a Brasília. O material foi encaminhado ao Ministério da Educação através do senador Magno Malta (PR-ES).


Pesquisas comuns sobre Governo do Paraguai e a Remoção fisica da ideologia de gênero    respondidas nesse vídeo:
1 Governo do Paraguai e a Remoção fisica 
2 Remoção fisica da ideologia de gênero
3 Liberal
4  RaiBlocks
5 Hans-Hermann Hoppe
6  #FranciscoAmado
7 Governo do Paraguai
8  Blockchain
10  Bitcoin CADEIA

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Instrumentos de tortura atribuídos à inquisição

instrumentos de tortura atribuídos à inquisição

Chega às raias da irracionalidade as mentiras e o ódio que certas pessoas nutrem pela Igreja Católica – ódio preenchido com acusações  tolas, idiotas, absurdas, infantis, irracionais e com acessos de fúria injustificados recheados de falsa propaganda para difamar a Igreja. 

Um exemplo disto são os tais “Instrumentos de tortura utilizados na Inquisição” presente em diversos sites e vídeos internet à fora. Sem qualquer tipo de referência histórica, os propagadores deste mito utilizam gravuras e explicações de como esses instrumentos eram utilizados, atribuindo isso a “malvada e aterrorizante inquisição”.

A maioria dos instrumentos alegados sequer existia na época que a Inquisição operava, tal qual a “Dama” ou “Boneca de Ferro”, que surgiu no fim do século XVIII, já quando a inquisição estava acabando, feita por um artista e que nunca foi utilizada para torturar ninguém em nenhuma época, mas é alegada ter sido usada na Inquisição.  

Neste presente texto, gostaríamos demonstrar ao leitor a mentira dos principais instrumentos atribuídos a torturas na Inquisição, bem como desmitificar a lenda negra da tortura deliberada nos tribunais desta instituição.

 

O USO DA TORTURA NA INQUISIÇÃO

Embora os tribunais inquisitoriais recorressem a tortura, ela era raramente aplicada. Vários estudos realizados por estudiosos recentes têm argumentado que a tortura era praticamente desconhecida no processo inquisitorial medieval. O registro de Bernard Gui, inquisidor de Toulouse por seis anos, que examinou mais de 600 hereges, mostra apenas um caso em que foi usada tortura. Além disso, nas 930 sentenças registradas entre 1307 e 1323 (e vale a pena notar que registros meticulosos eram feitos por notários pagos escolhidos entre tribunais civis), a maioria dos acusados foi condenada à prisão, ou ao uso de cruzes, e penitências, sem qualquer tortura.
 
Que a inquisição raramente usou a tortura em seus processos, ao contrário do que alegam os difamadores, é afirmado pela quase totalidade das maiores autoridades modernas sobre a Inquisição.  

O Prof. Doutor Henry Kamen (maior autoridade viva sobre a Inquisição Espanhola) em seu livro “Spanish Inquisition: A Historical Revision” afirma:
“A tortura era usada, normalmente como um último recurso e aplicada em apenas uma minoria dos casos. Muitas vezes, o acusado era apenas colocado em conspectu tormentorum, quando a visão dos instrumentos de tortura já provocava uma confissão. Confissões obtidas sob tortura não eram aceitas como válidas, porque elas obviamente tinham sido obtidas por pressão. Era, portanto, essencial para o acusado ratificar sua confissão no dia seguinte à provação.” (Spanish Inquisition: A Historical Revision Pg. 188)

No documentário sobre “A Lenda da Inquisição Espanhola”, produzido pela BBC de Londres, ele dá números mais exatos:

“Na verdade, a Inquisição usava tortura muito raramente. Em Valência, descobri que de 7.000 casos, apenas dois por cento sofreram alguma forma de tortura em tudo e, geralmente por não mais de 15 minutos... Eu não encontrei ninguém sofrendo tortura mais do que duas vezes”. (“O mito da inquisição espanhola”  Documentário da BBC, Nov. 1994)

O Prof. Jaime Contreras concordou:

“Nós encontramos, ao comparar a Inquisição espanhola com outros tribunais, que a Inquisição espanhola utilizava a tortura muito menos. E se compararmos a Inquisição espanhola com tribunais de outros países, vemos que a Inquisição espanhola tem um registro praticamente limpo no que diz respeito à tortura.” (“O mito da inquisição espanhola”  Documentário da BBC, Nov. 1994)

Também o Historiador Rino Camilleri em sua “La Vera Storia dell’ Inquisizione” explica:

“As fontes [históricas] demonstram muito claramente que a Inquisição recorria à tortura muito raramente. O especialista Bartolomé Benassa, que se ocupou da Inquisição mais dura, a espanhola, fala de um uso da tortura "relativamente pouco frequente e geralmente moderado, era o recurso à pena capital, excepcional depois do ano 1500". 

O fato é que os inquisidores não acreditavam na eficácia da tortura. Os manuais para inquisidores convidavam a que se desconfiasse dela, porque os fracos, sob tortura, confessariam qualquer coisa, e nela os "duros" teriam persistido facilmente. 

Ora, porque quem resistia à tortura sem confessar era automaticamente solto, vai de si que como meio de prova a tortura era pouco útil. Não só. A confissão obtida sob tortura devia ser confirmada por escrito pelo imputado posteriormente, sem tortura (somente assim as eventuais admissões de culpa podiam ser levadas a juízo).” (Rino Camilleri - La Vera Storia dell ´Inquisizione, pg. 46-47).

O historiador Jean Dummont diz:

“E os mesmos inquisidores - que usaram muito pouco a tortura - como veremos nos capítulos dedicados à Inquisição rejeitam explicitamente em seu grande Directorio, ·o de Eimerico, que escreve: “A tortura é enganadora e ineficaz”. E rejeitaram tanto que, como veremos, a queda real da tortura romana começa historicamente com os tribunais canônicos da Inquisição.” (Jean Dummont – La Iglesia Ante El Reto de la Historia - Página 58)

A professora de história Medieval Marian Horvat concorda:

“A tortura foi autorizada pela primeira vez por Inocêncio IV na bula Ad Extirpanda de 15 de Maio, 1252, com limites que não poderiam causar a perda de um membro ou pôr em perigo a vida, só podia ser aplicada uma vez, e apenas se o acusado já parecesse praticamente condenado de heresia por provas múltiplas e determinadas. Certos estudos objetivos realizados por estudiosos recentes têm argumentado que a tortura era praticamente desconhecida no processo inquisitorial medieval. 

O registo de Bernard Gui, o inquisidor de Toulouse por seis anos, que examinou mais de 600 hereges, mostra apenas uma instância em que foi usada tortura. 
Além disso, nos 930 sentenças registradas entre 1307 e 1323 (e vale a pena notar que registros meticulosos foram mantidos por notários pagos escolhidos entre tribunais civis), a maioria dos acusados foi condenada à prisão, ou ao uso de cruzes, e penitências. Apenas 42 foram abandonados ao braço secular e queimados.” (Marian Horvat - Inquisição: Mito e realidade)

Nicolau Eimeric (trataremos especificamente sobre ele em outro texto) em seu “Directorium”, como menciona Jean Dummont, apesar de aceitar a tortura, diz que ela é ineficaz e enganosa, e exclama: “Que isso se faça sem crueldade, nós não somos carrascos”. E explica que a tortura só haveria de ser aplicada quando houvesse acabado todos os meios possíveis de descobrir a verdade:

“O tormento não se deve ser utilizado até terem sido utilizados todos os outros meios de descobrir a verdade, porque muitas vezes os bons modos bastam para fazer com que o réu confesse, o jeito, as suas próprias reflexões, as exortações dos indivíduos bem-intencionados, e desconfortos da cadeia. A tortura não é o meio infalível de apurar a verdade. Homens pusilânimes na primeira dor já confessam crimes que não cometeram; outros valentes e robustos suportam os tormentos mais cruéis.” (Adnotat. Lib III)

Quando a tortura era utilizada os métodos a que recorriam os tribunais inquisitoriais eram a garrucha, toca e o potro. A aplicação da garrucha, também conhecida como o strappado, consistia em suspender o criminoso no teto por uma polia com pesos amarrados aos tornozelos, com uma série de elecações e descidas, durante os quais os braços e pernas sofriam puxões violentos e às vezes eram deslocados. 

A toca, também chamado de tortura de água, consistia em introduzir um pano na boca da vítima, e forçá-los a ingerir água derramada de um frasco de modo que eles tinham impressão de afogamento que segundo Henry Kamen “Foi o procedimento mais comum até o século XVI”.  (A Inquisição Espanhola. Uma revisão Histórica. Pg.186.)

O potro, ou raque, foi o instrumento de tortura usado com mais frequência após o século XVI, consistiam em uma tábua na qual colocavam o réu, e amarravam seus membros com cordas, a medida que a tortura ia continuando as cordas eram apertadas causando dor ao acusado, em alguns casos estas tábuas tinham alguns pregos que feriam o réu.

Assim define Henry Kamem:

A regra básica na tortura era determinada que o acusado não deveria sofrer nenhum perigo de vida ou de ferimentos graves. Pelo direito da Igreja, tribunais eclesiásticos não podiam matar nem poderiam derramar sangue. Nenhuma torturas distinta foi utilizada pela Inquisição. As mais frequentemente empregadas eram comumente usadas em outros tribunais seculares e eclesiásticos, e quaisquer queixas de novas torturas certamente referem-se raras exceções. 

Os três principais foram a garrucha, a toca e o potro. A garrucha ou polia consistia em pendurar pelos pulsos a partir de uma roldana no teto, com pesos pesados ligados aos pés. O acusado era levantado devagar e de repente deixava-se cair com um puxão. O efeito era estirar e talvez deslocar braços e pernas. O toca ou tortura de água era mais complicada. 

O acusado era preso em uma madeira, sua boca era mantida à força aberta e um pano toca ou linho era colocado em sua boca para conduzir a água derramada lentamente de um frasco. 

A gravidade da tortura variava com o número de vasos de água utilizadas. O potro, que foi o mais comum após o século XVI, consistia em amarrar em uma tábua por meio de cordas que eram passadas em volta do corpo e membros e eram controladas pelo carrasco, que os apertados por nós nas cordas no fim. Com cada aperto as cordas feriam o corpo e apertavam a carne. (Henry Kamem – The Spanish Inquisition: A Historical Revision. Pg. 190)

A LENDA DOS INSTRUMENTOS

Para refutar  a utilização de todos os instrumentos, bastaria-nos negar a sua utilização, pois a totalidade dos sites e propagadores desses instrumentos não trazem qualquer referência ou documento que prove a utilização deles pela inquisição, logo, o que é afirmado sem provas, pode ser negado sem provas. Porém, para o estudioso da inquisição, este método não satisfaz, é necessário, portanto, fazermos a análise da história desses instrumentos. 

Além dos instrumentos, é necessário lembrar das diversas gravuras que são propagadas sobre as sessões de tortura, que são frutos de artistas que não viram qualquer sessão.

O historiador Jean Dumont, atualmente o melhor defensor da Inquisição, ressalta que gravuras do século 16 retratando Autos de Fé (anúncio público da sentença dos investigados pela Inquisição) exibiam construções com telhado triangular. Este tipo de arquitetura era comum nos Países Baixos e no vale do Reno regiões que são protestantes, não na Espanha. Esse detalhe revela as origens protestantes das gravuras.

 A DAMA (OU VIRGEM) DE FERRO

A Dama de Ferro é provavelmente o mais famoso instrumento de tortura da história. A Dama de Ferro não é nem medieval ou da inquisição e nem um instrumento de tortura. Não existe nenhum registro histórico de uma “Dama de Ferro” até 1793.

No século XIX, catalogou-se a Dama de Ferro como instrumento medieval e ela foi exposta em diversos museus pelo mundo. O San Diego Museum of Man e o Museu Universitário de Meiji também a expuseram, mas contraditoriamente um colunista da própria página do San Diego Museum of Man publicou, no dia 25 de Julho de 2012, um artigo chamado 'Medieval Imposter: the Iron Maiden', “A Dama de Ferro, impostora medieval”. Neste texto, o colunista refuta o suposto uso de tal instrumento em uma execução realizada no dia 14 de agosto de 1515; a narração era um conto, uma fábula, com pouco ou nenhum valor histórico. [1]

Assim declara o Dr. Vortrag Klaus Graf:

“O objeto de execução, ‘Dama de Ferro’, é uma ficção do século XIX, já que somente a partir do século XIX que as chamadas "rishard cloaks", também chamadas de “damas”, foram providas de espinhos de ferro; deste modo, os objetos foram adaptados para as fantasias terríveis na literatura e nas lendas.” (Mordgeschichten und Hexenerinnerungen - das boshafte Gedächtnis auf dem Dorf, June 21, 2001)

GUILHOTINA



A guilhotina é mais um dos casos de instrumentos que surgiram após inquisição, mas são atribuídos a ela. Não existe qualquer relato do uso desse instrumento pela inquisição, até porque uma das regras da Inquisição era não derramar sangue.  

Também, não há nenhuma evidência histórica que a guilhotina tenha sido usada antes da Revolução francesa. Porém a história da guilhotina começou muito antes, mas quando e onde exatamente, ninguém sabe. Após 1577 algumas histórias contam que máquinas parecidas como a guilhotina foram usadas na Alemanha, Grã-Bretanha e Itália, em 1300, por alguns tribunais seculares, mas não há nenhuma evidência clara para provar isso.

Somente em 1789 que o parlamento Francês seguindo o conselho do Dr. Guillotine, (dai o nome Guilhotina) recomendou que o machado e a espada fossem substituídos por esse instrumento, para evitar o sofrimento do réu, que muitas vezes sofria com os vários golpes de machado e espada até serem completamente decapitados. [2]

A PERA

A “Pera” ou “Pera da angústia” é mais um instrumento falsamente atribuído a inquisição. 

Além de não existir qualquer registro histórico que ela tenha sido usada na Inquisição, não existe qualquer referência a ela antes do século XVII, e não há qualquer registro que ela tenha sido usada por quem quer que seja, exceto alguns ladrões holandeses que para torturar seus inimigos, teriam supostamente utilizado esse instrumento.  

Outro mito é que esse instrumento seria utilizado para “rasgar” o ânus ou órgãos genitais das pessoas, não existe qualquer fundamento, mesmo os ladrões holandeses utilizavam apenas para abrir a boca das pessoas. [3]

A CADEIRA ESPANHOLA


 
Outro mito é a “Cadeira espanhola” ou “Cadeira das Bruxas”. Parecia uma poltrona com pregos transpassando-a. Supostamente a pessoa era amarrada neste monstro de metal e os pregos realmente justos ao seu corpo e, em seguida, seus pés eram descalços e era aceso no fogo até que falasse. Soa hediondo, não é? Ainda bem que os espanhóis nunca contrataram quaisquer fabricantes de móveis para fazer este dispositivo de “descanso”.

Não há absolutamente nenhum registro dele antes que ele aparecesse em um museu para assustar as pessoas em 1800. É uma farsa. Ninguém estava depravado o suficiente para realmente usar esta coisa em uma pessoa viva, muito menos a Inquisição Espanhola.
 

BERÇO DE JUDAS


 
O berço de Judas também conhecido como culla di Giuda foi inventado no século XVII e não há qualquer registro de seu uso pela inquisição, a não ser gravuras atribuídas a inquisição. Neste método, o condenado era içado para cima da pirâmide e era repetidamente e violentamente puxado para baixo, machucando seu ânus e ou vagina.

A invenção deste instrumento é atribuída a Ippolito Marsili, professor de direito canônico e penal que viveu entre os século XV e XVI. 
É falsamente atribuído a Ippolito Marsili, pelo simples fato que Ippolito sendo contra a tortura corporal pelos tribunais seculares, onde o réu ficava a mercê dos juízes, inventou o “tormento do sono”, que consistia em colocar o acusado em uma cadeira e não deixá-lo dormir até que confessasse. 

Para ele a privação do sono era um meio mais “humano” de tortura, já que não conseguiria abolir a tortura, e já que não infringia nenhum dano físico ao réu. Foi um avanço na abolição das torturas cruéis.[4]

Depois da criação do “berço de Judas”, que também utilizava a privação do sono como parte do procedimento, criou-se a associação entre a privação do sono de Ippolito, e o “berço de Judas”, inventado no século XVII.

 

A SERRA


Esta “técnica” consiste em colocar o acusado suspenso pelas pernas e o serrar verticalmente. É uma prática muito antiga que remonta ao reino persa, porém não há qualquer registro que tal prática tenha ocorrido na Inquisição. Os tribunais inquisitoriais não usavam nada que derramasse sangue, por isso os condenados a morte por heresia iam para a fogueira.

O único caso deste instrumento ter sido usado na Europa Católica, ocorreu na Espanha na época da revolta dos moriscos, onde um morisco é relatado como tendo sido serrado em 1568. [5]

CONCLUSÃO

Tratamos aqui apenas dos instrumentos mais famosos, existem outros como a esmaga cabeça, esmaga joelho, esmaga seio, “forquilha do herege”, roda dos despedaçamento, instrumentos que não tem qualquer tipo de registro que tenham sidos utilizados nos tribunais da inquisição. 
O ódio contra a Igreja e a preguiça de estudar a história como ela realmente aconteceu, faz com que as pessoas ajam como seres irracionais, vociferando acusações contra a Igreja, sem se darem conta da mentira e do papel lamentável a que se prestam.

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