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sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Instrumentos de tortura atribuídos à inquisição

instrumentos de tortura atribuídos à inquisição

Chega às raias da irracionalidade as mentiras e o ódio que certas pessoas nutrem pela Igreja Católica – ódio preenchido com acusações  tolas, idiotas, absurdas, infantis, irracionais e com acessos de fúria injustificados recheados de falsa propaganda para difamar a Igreja. 

Um exemplo disto são os tais “Instrumentos de tortura utilizados na Inquisição” presente em diversos sites e vídeos internet à fora. Sem qualquer tipo de referência histórica, os propagadores deste mito utilizam gravuras e explicações de como esses instrumentos eram utilizados, atribuindo isso a “malvada e aterrorizante inquisição”.

A maioria dos instrumentos alegados sequer existia na época que a Inquisição operava, tal qual a “Dama” ou “Boneca de Ferro”, que surgiu no fim do século XVIII, já quando a inquisição estava acabando, feita por um artista e que nunca foi utilizada para torturar ninguém em nenhuma época, mas é alegada ter sido usada na Inquisição.  

Neste presente texto, gostaríamos demonstrar ao leitor a mentira dos principais instrumentos atribuídos a torturas na Inquisição, bem como desmitificar a lenda negra da tortura deliberada nos tribunais desta instituição.

 

O USO DA TORTURA NA INQUISIÇÃO

Embora os tribunais inquisitoriais recorressem a tortura, ela era raramente aplicada. Vários estudos realizados por estudiosos recentes têm argumentado que a tortura era praticamente desconhecida no processo inquisitorial medieval. O registro de Bernard Gui, inquisidor de Toulouse por seis anos, que examinou mais de 600 hereges, mostra apenas um caso em que foi usada tortura. Além disso, nas 930 sentenças registradas entre 1307 e 1323 (e vale a pena notar que registros meticulosos eram feitos por notários pagos escolhidos entre tribunais civis), a maioria dos acusados foi condenada à prisão, ou ao uso de cruzes, e penitências, sem qualquer tortura.
 
Que a inquisição raramente usou a tortura em seus processos, ao contrário do que alegam os difamadores, é afirmado pela quase totalidade das maiores autoridades modernas sobre a Inquisição.  

O Prof. Doutor Henry Kamen (maior autoridade viva sobre a Inquisição Espanhola) em seu livro “Spanish Inquisition: A Historical Revision” afirma:
“A tortura era usada, normalmente como um último recurso e aplicada em apenas uma minoria dos casos. Muitas vezes, o acusado era apenas colocado em conspectu tormentorum, quando a visão dos instrumentos de tortura já provocava uma confissão. Confissões obtidas sob tortura não eram aceitas como válidas, porque elas obviamente tinham sido obtidas por pressão. Era, portanto, essencial para o acusado ratificar sua confissão no dia seguinte à provação.” (Spanish Inquisition: A Historical Revision Pg. 188)

No documentário sobre “A Lenda da Inquisição Espanhola”, produzido pela BBC de Londres, ele dá números mais exatos:

“Na verdade, a Inquisição usava tortura muito raramente. Em Valência, descobri que de 7.000 casos, apenas dois por cento sofreram alguma forma de tortura em tudo e, geralmente por não mais de 15 minutos... Eu não encontrei ninguém sofrendo tortura mais do que duas vezes”. (“O mito da inquisição espanhola”  Documentário da BBC, Nov. 1994)

O Prof. Jaime Contreras concordou:

“Nós encontramos, ao comparar a Inquisição espanhola com outros tribunais, que a Inquisição espanhola utilizava a tortura muito menos. E se compararmos a Inquisição espanhola com tribunais de outros países, vemos que a Inquisição espanhola tem um registro praticamente limpo no que diz respeito à tortura.” (“O mito da inquisição espanhola”  Documentário da BBC, Nov. 1994)

Também o Historiador Rino Camilleri em sua “La Vera Storia dell’ Inquisizione” explica:

“As fontes [históricas] demonstram muito claramente que a Inquisição recorria à tortura muito raramente. O especialista Bartolomé Benassa, que se ocupou da Inquisição mais dura, a espanhola, fala de um uso da tortura "relativamente pouco frequente e geralmente moderado, era o recurso à pena capital, excepcional depois do ano 1500". 

O fato é que os inquisidores não acreditavam na eficácia da tortura. Os manuais para inquisidores convidavam a que se desconfiasse dela, porque os fracos, sob tortura, confessariam qualquer coisa, e nela os "duros" teriam persistido facilmente. 

Ora, porque quem resistia à tortura sem confessar era automaticamente solto, vai de si que como meio de prova a tortura era pouco útil. Não só. A confissão obtida sob tortura devia ser confirmada por escrito pelo imputado posteriormente, sem tortura (somente assim as eventuais admissões de culpa podiam ser levadas a juízo).” (Rino Camilleri - La Vera Storia dell ´Inquisizione, pg. 46-47).

O historiador Jean Dummont diz:

“E os mesmos inquisidores - que usaram muito pouco a tortura - como veremos nos capítulos dedicados à Inquisição rejeitam explicitamente em seu grande Directorio, ·o de Eimerico, que escreve: “A tortura é enganadora e ineficaz”. E rejeitaram tanto que, como veremos, a queda real da tortura romana começa historicamente com os tribunais canônicos da Inquisição.” (Jean Dummont – La Iglesia Ante El Reto de la Historia - Página 58)

A professora de história Medieval Marian Horvat concorda:

“A tortura foi autorizada pela primeira vez por Inocêncio IV na bula Ad Extirpanda de 15 de Maio, 1252, com limites que não poderiam causar a perda de um membro ou pôr em perigo a vida, só podia ser aplicada uma vez, e apenas se o acusado já parecesse praticamente condenado de heresia por provas múltiplas e determinadas. Certos estudos objetivos realizados por estudiosos recentes têm argumentado que a tortura era praticamente desconhecida no processo inquisitorial medieval. 

O registo de Bernard Gui, o inquisidor de Toulouse por seis anos, que examinou mais de 600 hereges, mostra apenas uma instância em que foi usada tortura. 
Além disso, nos 930 sentenças registradas entre 1307 e 1323 (e vale a pena notar que registros meticulosos foram mantidos por notários pagos escolhidos entre tribunais civis), a maioria dos acusados foi condenada à prisão, ou ao uso de cruzes, e penitências. Apenas 42 foram abandonados ao braço secular e queimados.” (Marian Horvat - Inquisição: Mito e realidade)

Nicolau Eimeric (trataremos especificamente sobre ele em outro texto) em seu “Directorium”, como menciona Jean Dummont, apesar de aceitar a tortura, diz que ela é ineficaz e enganosa, e exclama: “Que isso se faça sem crueldade, nós não somos carrascos”. E explica que a tortura só haveria de ser aplicada quando houvesse acabado todos os meios possíveis de descobrir a verdade:

“O tormento não se deve ser utilizado até terem sido utilizados todos os outros meios de descobrir a verdade, porque muitas vezes os bons modos bastam para fazer com que o réu confesse, o jeito, as suas próprias reflexões, as exortações dos indivíduos bem-intencionados, e desconfortos da cadeia. A tortura não é o meio infalível de apurar a verdade. Homens pusilânimes na primeira dor já confessam crimes que não cometeram; outros valentes e robustos suportam os tormentos mais cruéis.” (Adnotat. Lib III)

Quando a tortura era utilizada os métodos a que recorriam os tribunais inquisitoriais eram a garrucha, toca e o potro. A aplicação da garrucha, também conhecida como o strappado, consistia em suspender o criminoso no teto por uma polia com pesos amarrados aos tornozelos, com uma série de elecações e descidas, durante os quais os braços e pernas sofriam puxões violentos e às vezes eram deslocados. 

A toca, também chamado de tortura de água, consistia em introduzir um pano na boca da vítima, e forçá-los a ingerir água derramada de um frasco de modo que eles tinham impressão de afogamento que segundo Henry Kamen “Foi o procedimento mais comum até o século XVI”.  (A Inquisição Espanhola. Uma revisão Histórica. Pg.186.)

O potro, ou raque, foi o instrumento de tortura usado com mais frequência após o século XVI, consistiam em uma tábua na qual colocavam o réu, e amarravam seus membros com cordas, a medida que a tortura ia continuando as cordas eram apertadas causando dor ao acusado, em alguns casos estas tábuas tinham alguns pregos que feriam o réu.

Assim define Henry Kamem:

A regra básica na tortura era determinada que o acusado não deveria sofrer nenhum perigo de vida ou de ferimentos graves. Pelo direito da Igreja, tribunais eclesiásticos não podiam matar nem poderiam derramar sangue. Nenhuma torturas distinta foi utilizada pela Inquisição. As mais frequentemente empregadas eram comumente usadas em outros tribunais seculares e eclesiásticos, e quaisquer queixas de novas torturas certamente referem-se raras exceções. 

Os três principais foram a garrucha, a toca e o potro. A garrucha ou polia consistia em pendurar pelos pulsos a partir de uma roldana no teto, com pesos pesados ligados aos pés. O acusado era levantado devagar e de repente deixava-se cair com um puxão. O efeito era estirar e talvez deslocar braços e pernas. O toca ou tortura de água era mais complicada. 

O acusado era preso em uma madeira, sua boca era mantida à força aberta e um pano toca ou linho era colocado em sua boca para conduzir a água derramada lentamente de um frasco. 

A gravidade da tortura variava com o número de vasos de água utilizadas. O potro, que foi o mais comum após o século XVI, consistia em amarrar em uma tábua por meio de cordas que eram passadas em volta do corpo e membros e eram controladas pelo carrasco, que os apertados por nós nas cordas no fim. Com cada aperto as cordas feriam o corpo e apertavam a carne. (Henry Kamem – The Spanish Inquisition: A Historical Revision. Pg. 190)

A LENDA DOS INSTRUMENTOS

Para refutar  a utilização de todos os instrumentos, bastaria-nos negar a sua utilização, pois a totalidade dos sites e propagadores desses instrumentos não trazem qualquer referência ou documento que prove a utilização deles pela inquisição, logo, o que é afirmado sem provas, pode ser negado sem provas. Porém, para o estudioso da inquisição, este método não satisfaz, é necessário, portanto, fazermos a análise da história desses instrumentos. 

Além dos instrumentos, é necessário lembrar das diversas gravuras que são propagadas sobre as sessões de tortura, que são frutos de artistas que não viram qualquer sessão.

O historiador Jean Dumont, atualmente o melhor defensor da Inquisição, ressalta que gravuras do século 16 retratando Autos de Fé (anúncio público da sentença dos investigados pela Inquisição) exibiam construções com telhado triangular. Este tipo de arquitetura era comum nos Países Baixos e no vale do Reno regiões que são protestantes, não na Espanha. Esse detalhe revela as origens protestantes das gravuras.

 A DAMA (OU VIRGEM) DE FERRO

A Dama de Ferro é provavelmente o mais famoso instrumento de tortura da história. A Dama de Ferro não é nem medieval ou da inquisição e nem um instrumento de tortura. Não existe nenhum registro histórico de uma “Dama de Ferro” até 1793.

No século XIX, catalogou-se a Dama de Ferro como instrumento medieval e ela foi exposta em diversos museus pelo mundo. O San Diego Museum of Man e o Museu Universitário de Meiji também a expuseram, mas contraditoriamente um colunista da própria página do San Diego Museum of Man publicou, no dia 25 de Julho de 2012, um artigo chamado 'Medieval Imposter: the Iron Maiden', “A Dama de Ferro, impostora medieval”. Neste texto, o colunista refuta o suposto uso de tal instrumento em uma execução realizada no dia 14 de agosto de 1515; a narração era um conto, uma fábula, com pouco ou nenhum valor histórico. [1]

Assim declara o Dr. Vortrag Klaus Graf:

“O objeto de execução, ‘Dama de Ferro’, é uma ficção do século XIX, já que somente a partir do século XIX que as chamadas "rishard cloaks", também chamadas de “damas”, foram providas de espinhos de ferro; deste modo, os objetos foram adaptados para as fantasias terríveis na literatura e nas lendas.” (Mordgeschichten und Hexenerinnerungen - das boshafte Gedächtnis auf dem Dorf, June 21, 2001)

GUILHOTINA



A guilhotina é mais um dos casos de instrumentos que surgiram após inquisição, mas são atribuídos a ela. Não existe qualquer relato do uso desse instrumento pela inquisição, até porque uma das regras da Inquisição era não derramar sangue.  

Também, não há nenhuma evidência histórica que a guilhotina tenha sido usada antes da Revolução francesa. Porém a história da guilhotina começou muito antes, mas quando e onde exatamente, ninguém sabe. Após 1577 algumas histórias contam que máquinas parecidas como a guilhotina foram usadas na Alemanha, Grã-Bretanha e Itália, em 1300, por alguns tribunais seculares, mas não há nenhuma evidência clara para provar isso.

Somente em 1789 que o parlamento Francês seguindo o conselho do Dr. Guillotine, (dai o nome Guilhotina) recomendou que o machado e a espada fossem substituídos por esse instrumento, para evitar o sofrimento do réu, que muitas vezes sofria com os vários golpes de machado e espada até serem completamente decapitados. [2]

A PERA

A “Pera” ou “Pera da angústia” é mais um instrumento falsamente atribuído a inquisição. 

Além de não existir qualquer registro histórico que ela tenha sido usada na Inquisição, não existe qualquer referência a ela antes do século XVII, e não há qualquer registro que ela tenha sido usada por quem quer que seja, exceto alguns ladrões holandeses que para torturar seus inimigos, teriam supostamente utilizado esse instrumento.  

Outro mito é que esse instrumento seria utilizado para “rasgar” o ânus ou órgãos genitais das pessoas, não existe qualquer fundamento, mesmo os ladrões holandeses utilizavam apenas para abrir a boca das pessoas. [3]

A CADEIRA ESPANHOLA


 
Outro mito é a “Cadeira espanhola” ou “Cadeira das Bruxas”. Parecia uma poltrona com pregos transpassando-a. Supostamente a pessoa era amarrada neste monstro de metal e os pregos realmente justos ao seu corpo e, em seguida, seus pés eram descalços e era aceso no fogo até que falasse. Soa hediondo, não é? Ainda bem que os espanhóis nunca contrataram quaisquer fabricantes de móveis para fazer este dispositivo de “descanso”.

Não há absolutamente nenhum registro dele antes que ele aparecesse em um museu para assustar as pessoas em 1800. É uma farsa. Ninguém estava depravado o suficiente para realmente usar esta coisa em uma pessoa viva, muito menos a Inquisição Espanhola.
 

BERÇO DE JUDAS


 
O berço de Judas também conhecido como culla di Giuda foi inventado no século XVII e não há qualquer registro de seu uso pela inquisição, a não ser gravuras atribuídas a inquisição. Neste método, o condenado era içado para cima da pirâmide e era repetidamente e violentamente puxado para baixo, machucando seu ânus e ou vagina.

A invenção deste instrumento é atribuída a Ippolito Marsili, professor de direito canônico e penal que viveu entre os século XV e XVI. 
É falsamente atribuído a Ippolito Marsili, pelo simples fato que Ippolito sendo contra a tortura corporal pelos tribunais seculares, onde o réu ficava a mercê dos juízes, inventou o “tormento do sono”, que consistia em colocar o acusado em uma cadeira e não deixá-lo dormir até que confessasse. 

Para ele a privação do sono era um meio mais “humano” de tortura, já que não conseguiria abolir a tortura, e já que não infringia nenhum dano físico ao réu. Foi um avanço na abolição das torturas cruéis.[4]

Depois da criação do “berço de Judas”, que também utilizava a privação do sono como parte do procedimento, criou-se a associação entre a privação do sono de Ippolito, e o “berço de Judas”, inventado no século XVII.

 

A SERRA


Esta “técnica” consiste em colocar o acusado suspenso pelas pernas e o serrar verticalmente. É uma prática muito antiga que remonta ao reino persa, porém não há qualquer registro que tal prática tenha ocorrido na Inquisição. Os tribunais inquisitoriais não usavam nada que derramasse sangue, por isso os condenados a morte por heresia iam para a fogueira.

O único caso deste instrumento ter sido usado na Europa Católica, ocorreu na Espanha na época da revolta dos moriscos, onde um morisco é relatado como tendo sido serrado em 1568. [5]

CONCLUSÃO

Tratamos aqui apenas dos instrumentos mais famosos, existem outros como a esmaga cabeça, esmaga joelho, esmaga seio, “forquilha do herege”, roda dos despedaçamento, instrumentos que não tem qualquer tipo de registro que tenham sidos utilizados nos tribunais da inquisição. 
O ódio contra a Igreja e a preguiça de estudar a história como ela realmente aconteceu, faz com que as pessoas ajam como seres irracionais, vociferando acusações contra a Igreja, sem se darem conta da mentira e do papel lamentável a que se prestam.

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