De todos os argumentos contra o uso de
armas de fogo, seja para esporte, colecionismo ou defesa, para mim não
há argumento mais ralé, e ao mesmo elitista, que dizer que o brasileiro
não tem cultura para possuir tais instrumentos. Nas palavras de Nelson
Rodrigues, criador do chamado complexo de vira-latas: “entendo eu a
inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do
resto do mundo.
O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na
própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou
históricos para a autoestima.”
Sim, é
exatamente assim que o brasileiro se vê, aliás, vê os outros, pois
nunca vi alguém dizer que por ser um ignorante, um inculto, não merece o
direito de se defender, de dirigir ou de votar. Como sempre acontece, o
problema são os outros! Não raramente, quem afirma isso, com ares de
superioridade intelectual são os membros da esquerda caviar.
Tal
discurso, elitista e preconceituoso, encontrou solo fértil no Brasil,
onde anos e anos de governos de esquerda pregaram e continuam pregando
que o fator socioeconômico e cultural – educação resolve tudo! – é o
responsável pela criminalidade e homicídios. Sim, foram os socialistas,
os pregadores da igualdade, que incluíram o fator econômico como um
excludente para exercer a legítima defesa. Fernando Henrique Cardoso,
Lula e Dilma sobretaxaram armas e munições e criaram taxas que visavam
“desestimular o comércio (legal) de armas no Brasil”, o que na prática
significava impedir que pessoas mais pobres e menos cultas tivessem a
possibilidade de adquirir armas de fogo. Muito preocupados com a
igualdade e defesa dos mais pobres esse pessoal, hein?
Pelas
minhas andanças pelo Brasil a trabalho ou passeio, conheci todo tipo de
gente e foi no interior, entre gente pobre, quase beirando a miséria,
muitas vezes analfabetos que pude constatar o que sempre defendi: que
escolaridade elevada não torna ninguém moralmente melhor ou pior.
Não é a
pobreza que transforma pessoas em assassinos. Perdi a conta de quantas
casas e pequenos sítios estive, onde, ao lado da cama, perto do fogão à
lenha, lá estava uma cartucheira, um revólver, que nunca foram usados
para o mal, muito pelo contrário.
No
ambiente urbano isso não é diferente. Quando casei, morei por alguns
anos na periferia de São Paulo, mais precisamente na COHAB II de
Carapicuíba, local tido como violento. E o que pude constatar foi
exatamente a mesma coisa! Havia gente de bem armada e havia bandidos
armados, mas somente esses últimos cometiam crimes utilizando-se de
armas, veja só, ilegais!
Cabe lembrar que até 1997 o porte ilegal de
armas nem crime era, não passava de uma simples contravenção penal. A
posse então, ou seja, ter uma arma em casa era tão corriqueiro quanto
ter um liquidificador e os únicos que se incomodavam com isso eram os
bandidos que evitavam ao máximo adentrarem em casas onde houvesse
alguém. Nem por isso o Brasil era um “bang-bang” como os filmes de
Hollywood, muito pelo contrário. Ninguém saía dando tiros por qualquer
batidinha de trânsito e brigas de família não acabavam em tragédia por
conta disso.
Será que o povo
brasileiro regrediu tanto assim? Nos tornamos menos civilizados e menos
cultos? Bom, se isso aconteceu – eu sei que não aconteceu! – foi culpa
da própria esquerda que esteve à frente de sucessivos governos. Basta
comparar com outros países próximos.
O Paraguai tem hoje a terceira
menor taxa de homicídios (7,98) da América do Sul, perdendo apenas para o
Chile (2,97) e o Uruguai (7,81). Os três países possuem leis
incomparavelmente menos restritivas do que a brasileira e o Uruguai é o
país mais armado da América Latina. Falei mais sobre isso no recente
artigo Como o Paraguai destrói toda a argumentação desarmamentista usada no Brasil, vale a pena dar uma lida.
Vou
encerrando por aqui e me despeço com um singelo pedido: deixe de ser
vira-lata ou pelo menos pare de medir os outros pela sua régua.
POR;
POR;
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