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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Para o Islã: mulheres que dirigem são terroristas


As duas mulheres sauditas detidas por conduzir foram transferidas para tribunal especial de terrorismo. As activistas estão detidas desde 1 de Dezembro por terem passado a fronteira a conduzir.
Agora as duas mulheres foram ouvidas num tribunal de Al-Ahsa, na Província Oriental, e transferidas para um tribunal criado para julgar crimes de terrorismo.


Com o objetivo de chamar a atenção para a falta de direitos das mulheres, a 1 de Dezembro, a activista Loujain Hathloul passou 15 horas a conduzir junto à fronteira que separa os Emirados Árabes Unidos da Arábia Saudita, mais tarde acabou por ser detida num posto fronteiriço. Maysaa Alamoudi, uma jornalista saudita que vive nos Emirados, passou a fronteira para ajudar Hathloul e também foi detida.

Na Arábia Saudita não existe nenhuma lei que impeça as mulheres de conduzir, mas não lhes é permitido tirar a carta de condução no país e todos sabem que mulher apanhada ao volante é detida.
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Apedrejamento e chicotadas
Nas ruas de Karachi, encontro uma madrassa (espécie de seminário) onde milhares de garotos recebem ensinamentos religiosos. Quero perguntar ao clérigo local o que ele pensa sobre adultério, razão pela qual as mulheres também são mortas em "crimes de honra".

Em abrigo, mulheres cuidam dos filhos umas das outras e prometem não entregar-se à polícia, caso sejam acusadas de adultério
Foto: BBC
"A punição deve ser aquela prescrita na sharia, que é de apedrejamento e chicotadas", diz o mulá. Seus alunos o apóiam.

Em 1970, o general Zia-ul-Haq, ditador no Paquistão, criou a chamada ordenança Hudood – um conjunto de leis polêmicas que pretendia islamizar o país. Entre outras coisas, as leis de fato tornaram o adultério um crime passível de apedrejamento e chicotadas.

Em 2006, o então presidente Pervez Musharraf tentou relaxar algumas dessas leis para proteger as mulheres, mas suas mudanças tiveram pouca aplicação prática. Adultério ainda é crime no país.
Uma prisão central para mulheres em Karachi é onde muitas das acusadas de adultério vão parar.

É o caso de Sadia, de 24 anos. Ela chegou à prisão 14 meses atrás, depois que seu marido há nove anos a acusou de dormir com outro homem. Ela aguarda julgamento.
"Meu marido se divorciou de mim, me bateu e me expulsou de casa. Depois ele foi à polícia e disse que eu fugi com outro homem. Na verdade, ele e sua família me expulsaram", diz.

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