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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Contradizendo séculos de história anti-católica



Uma entrevista com o Dr. Rodney Stark, sociólogo e autor do livro “Tolerando falsas testemunhas (Bearing False Witness)”.

Dr. Rodney Stark escreveu cerca de 40 livros sobre variados temas, entre estes, alguns sobre a história do Cristianismo, do monoteísmo, do Cristianismo na China e as raízes da modernidade. Depois de iniciar como jornalista e passar algum tempo no Exército, Stark recebeu seu Ph.D. na Universidade da Califórnia, Berkeley, onde ocupou cargos como sociólogo e pesquisador no Departamento de Pesquisa no Centro de Estudos de Direito e Sociedade.
Mais tarde foi Professor de Sociologia e de Religião Comparada na Universidade de Washington.

Atualmente, ele está na Universidade de Baylor, onde ensina desde 2004. Stark é ex-presidente da Sociedade para o Estudo Científico da Religião e da Associação para a Sociologia da Religião, e ganhou vários prêmios nacionais e internacionais por distinta bolsa de estudos. Criado como um luterano, ele se identificou como um agnóstico, mas, mais recentemente, chamou a si mesmo de “cristão independente”.



Seu livro mais recente é Tolerando falsas testemunhas: Contradizendo séculos de história anti-católica — Bearing False Witness: Debunking Centuries of Anti-Catholic History — (Templeton Press, 2016), que aborda os dez maiores mitos sobre a história da Igreja Católica. Dr. Stark recentemente respondeu, por e-mail, algumas perguntas de Carl E. Olson, editor do site Catholic World Report.

Carl: Em primeiro lugar, você inicia o livro ressaltando a sua educação como protestante americano e, em seguida, examinando o “fanático ilustre”. O que é um “fanático ilustre”? E como essas pessoas influenciaram o modo como a Igreja Católica é compreendida e percebida por muitos americanos hoje?
Dr. Rodney Stark: Ao distinguir o fanático, falo proeminentemente dos acadêmicos e intelectuais que claramente são antagônicos à Igreja Católica lançando falsas sentenças e afirmações históricas que são falsas.
Carl: Como você identificou e selecionou os dez mitos anticatólicos que você refuta em seu livro? Até que ponto esses mitos fazem parte de uma cultura protestante em geral (embora às vezes vaga), e até que ponto eles são encorajados e difundidos por uma elite cultural mais secular?
Dr. Stark: Na maior parte dos casos, encontrei esses mitos anticatólicos quando escrevi sobre vários períodos e acontecimentos históricos e descobri que esses conhecidos “fatos” eram falsos e, portanto, eu era forçado a lidar com eles nesses estudos. Esses mitos não se limitam a uma cultura protestante generalizada — muitos católicos, inclusive alguns bem conhecidos, também os repetiram. Esses mitos têm sido muitas vezes, e por muito tempo, tidos admitidos como verídicos e verdadeiros por historiadores em geral. É claro que os secularistas — especialmente ex-católicos como Karen Armstrong — adoram esses mitos.


Carl: O primeiro capítulo é sobre “os filhos do antissemitismo”. Talvez o mais decisivo e controverso dos tópicos que você aponta. Como seu ponto de vista sobre esses assuntos mudaram e por quê? Por que você acha que continua a existir uma ampla convicção ou impressão de que a Igreja Católica é intrinsecamente antissemita?
Dr. Stark: Quando comecei como estudioso, “todos”, incluindo os principais católicos, tinham que a Igreja era a principal fonte de antissemitismo. Foi só mais tarde, quando trabalhei com documentos medievais sobre judeus, que descobri o papel efetivo da Igreja em opor-se e reprimir tais ataques — essa verdade é contada pelos cronistas judeus medievais e, portanto, certamente verdadeira. Por que tantos “intelectuais”, muitos deles ex-católicos, continuam a aceitar a noção de que o Papa Pio XII era “o Papa de Hitler”, quando isso é tão obviamente uma mentira viciosa? Só pode ser ódio à Igreja. Tenha em mente que são principalmente os judeus que defendem o Papa [Pio XII].

Carl: Por que vários historiadores, como Gibbons, apresentaram os antigos pagãos como benevolentes ou, na maioria, tolerantes com o cristianismo? Qual foi a relação real entre o cristianismo e o paganismo nos primeiros séculos da existência da Igreja?
Dr. Stark: Naqueles dias, a maneira segura de atacar a religião era deixar os leitores assumirem que era apenas um ataque ao catolicismo, de modo que foi o que Gibbon e seus contemporâneos fizeram. Talvez surpreendentemente, uma vez que os pagãos já não eram capazes de perseguir os cristãos, eles foram praticamente ignorados pela Igreja e pelos imperadores e apenas desapareceram lentamente.


Carl: Como se desenvolveu a mito da “Idade das Trevas”? Quais são alguns dos principais problemas com esse mito?
Dr. Stark: Voltaire e seus associados fizeram a ficção da Idade das Trevas para que pudessem alegar ter superado-os com o Iluminismo. Como todos os historiadores competentes (e até mesmo as enciclopédias) reconhecem agora, que não houve Idade das Trevas. Ao contrário, foram nesses séculos que a Europa deu o grande salto cultural e tecnológico que acolocou tão à frente do resto do mundo.

Carl: Que relação existe entre o mito da “Idade das Trevas” e o mito do “Iluminismo secular”? Quão racional e científico, de fato, foi o Iluminismo?
Dr. Stark: Os “filósofos” do chamado “Iluminismo” não desempenharam qualquer papel na ascensão da ciência — o grande progresso científico da época foi alcançado por homens altamente religiosos, muitos deles clérigos católicos.

Carl: As Cruzadas e as Inquisições continuam sendo apresentadas como épocas e eventos que envolveram a barbárie cristã e o assassinato de milhões. Por que esses mitos são tão populares e difundidos, especialmente depois que os estudiosos passaram décadas corrigindo e esclarecendo o que realmente aconteceu (ou não)?
Dr. Stark: Sou competente para revelar que as Cruzadas eram legítimas guerras defensivas e que a Inquisição não era sangrenta. Não sou competente para explicar por que uma pilha de pesquisas finas que apóiam essas correções não teve impacto nos
cursos desses tagarelas. Suspeito que esses mitos sejam preciosos demais para os anti-religiosos se renderem.

Carl: Ao abordar a “Modernidade Protestante”, você afirmou categoricamente que a tese de Max Weber de que com o Protestantismo nasceu o capitalismo e a modernidade é “absurda” [nonsense]. Quais são os principais problemas com a tese de Weber?

Dr. Stark: O problema é que o capitalismo simplesmente foi desenvolvido e cresceu na Europa muitos séculos antes da Reforma.


Carl: Você afirma enfaticamente que, como um estudioso com um fundo protestante trabalhando em uma universidade Batista, você não escreveu seu livro como “uma defesa da Igreja”, mas “em defesa da história”. Por que isso é significativo? E, finalmente, você acha que a maioria dos americanos realmente dá mais crédito à história do que à Igreja?

Dr. Stark: Eu acho que os ilustres fanáticos terão dificuldade em me acusar de ser um católico, tentando encobrir os pecados da Igreja. O único machado que tenho a moer é que a história deve ser honestamente relatada. Quanto ao seu ponto final: Eu não acho que “a maioria dos americanos” jamais saberá que este livro foi escrito. Só posso esperar que influencie intelectuais e escritores de livros didáticos — talvez.

Por: Allan Dos Santos

 



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