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domingo, 1 de setembro de 2013

Os Intelectuais – Um Brasil de Eternos Imbecis

Recentemente, numa das aulas do curso de espanhol que venho (talvez me preparando para chegada dos colegas médicos cubanos..rss) fazendo, surgiu um acalorado debate entre a turma. 
Queria o nosso professor, natural da Andaluzia, saber se no Brasil os intelectuais são suficientemente valorizados na sua atividade profissional. Respondi, causando “verdadeiro horror” nos colegas brasileiros, que não sabia como abordar a questão pois acreditava (e continuo acreditando) que não existem intelectuais no país faz muito tempo.. A reação da turma aumentou mais: perguntaram como podia eu dizer algo assim. 

Fizeram questão de lembrar que temos Chico Buarque, Luís Fernando Veríssimo e tantos outros dignos de receber esta designação: intelectuais. Fiquei perplexo! A primeira pergunta que fiz  foi – o que vocês entendem pelo termo intelectuais? Não houve um só colega capaz de fazer a distinção correta entre ser um verdadeiro intelectual e alguém com “cultura geral”. Pois bem, nessas rápidas linhas, vamos tentar falar um pouco sobre a diferença e, como dizem os açougueiros, vamos por partes.



Na Europa dos séculos XII e XIII o conceito de universidade não era nem de perto algo próximo da vida do cidadão comum. Lugares como Bolonha, Paris e Oxford (apenas para citar as 3 mais antigas instituições de ensino superior) estavam tão distantes da realidade de um europeu como a NASA está de um brasileiro hoje.  O que havia de comum nessas escolas não era o que ensinavam, mas sim o perfil cultural de quem entrava nela – gente e mais gente que vivia, como diria Carl Sagan, num mundo assombrado pelos demônios. Em outras palavras, não havia forma de cultura que pudesse escapar da visão religiosa da sociedade. Seria exagero dizer que os alunos todos entravam na universidade com uma visão semelhante a respeito da vida? Todos eles acreditavam em Deus e viviam aterrorizados pela perspectiva do pecado e de uma eternidade no inferno. Nesse sentido, cabia a Universidade receber um “monte de gente que pensava igual” e mandar para o mundo um “monte de gente pensando diferente”. Foi para isso que a chamada cultura superior se organizou nas universidades. Dessas instituições saíram pessoas como Paracelso, Nicolau Copérnico, São Tomás de Aquino e tantos  outros que mudaram a História. Isso foi possível porque lhes foi oferecido um ambiente de trabalho e estudo onde puderam exercitar uma razão livre. Suas idéias eram revolucionárias pelo fato de não partirem de nenhum tipo de cosmovisão. A história jamais foi para esses homens um gigantesco mecanismo, complexo como um grande relógio, a ser desmontado e compreendido através de regras e leis imutáveis – duvido muito que  Hegel tivesse lugar de professor nos primórdios da universidade. É nessa, e absolutamente somente nessa hipótese, que pode alguém se tornar verdadeiramente um intelectual.

Quando afirmei aos meus colegas de curso que  não existiam mais intelectuais brasileiros há muito tempo era isso que eu queria dizer. Era à morte de um pensamento brasileiro verdadeiramente original que eu estava me referindo. Isso aconteceu no país  em função da apropriação total  da razão livre por um partido político. Afirmo (peremptoriamente como gosta de dizer um certo governador gaúcho) não haver espaço para produção acadêmica dentro da universidade brasileira nas áreas de história, filosofia e ciência política, para aqueles que não tem uma interpretação marxista da realidade. 

Filiados ou não a essa organização criminosa chamada Partido dos Trabalhadores,  os estudantes até podem buscar lugares como a UFRGS, USP ou UNICAMP com idéias diferentes mas todos, ou a grande maioria, vão sair de lá lá pensando quase sempre a mesma coisa – Deus não existe, liberar as drogas pode ser algo bom, a Terra está aquecendo, viva o casamento gay e as ONGS, e por aí vai..

Em texto anterior em que citei The Closing of American Mind e Tenured Radicals eu expliquei como esse trabalho se deu de forma metódica e constante a partir da década de 1960. Seu resultado pode ser visto hoje numa sociedade em que ser intelectual é ter escrito alguma letra de samba durante a Ditadura Militar ou ter uma coluna na Revista Playboy. 

É essa  nação que jamais ouviu falar em Gilberto Freire, que não tem a mínima idéia de quem seja Otto Maria Carpeaux, Mário Ferreira do Santos ou Olavo de Carvalho que acredita que Paulo Coelho é tão importante quanto Machado de Assis ou que Caetano Veloso tem a dimensão de Heitor Villa Lobos.

Pobre país que perdeu a única referência importante que deve ter quando busca a verdade – a honestidade dos seus intelectuais. Sem ela ainda vamos fazer grandes Copas do Mundo, vamos continuar com mulheres maravilhosas e grandes carnavais encantando todo resto do planeta e sendo para sempre eternos imbecis.

Porto Alegre, 11 de maio de 2013
cardiopires@gmail.com

MILTON SIMON PIRES É MÉDICO - CREMERS 20958.

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