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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Nem Gravata Nem Honra



Este documentário deixa uma coisa bem clara nos aqui do Facebook, twitter com nossos blogs e sites tentando trazer luz para escuridão, somos uns perfeitos idiotas, pois a grande maioria é da mesma laia daqueles que nós aqui combatemos.
Fazendo um balanço das metas atingidas e das que ficaram para trás em 2011, uma única coisa salta aos olhos, a forte sensação de que corri atrás do vento.
Mas, antes de postar seu comentário, assista o trailer do documentário, depois fique a vontade para fazer sua analise critica.



'Porta a Porta' retrata a pobreza da política brasileira Documentário de Marcelo Brennand, que estreia nesta sexta-feira, mostra, a partir da pequena Gravatá (PE), como as eleições tornaram-se apenas uma oportunidade de ganhar algum dinheiro


É uma política sem anúncios televisivos e sem marketing profissional: move-se, essencialmente, pelos cabos eleitorais, pessoas contratadas por um político para fazer campanha de porta em porta.
Daí o nome do longa que entra em cartaz nesta sexta-feira (2) em São Paulo e no dia 16 no Rio de Janeiro. A previsão é de que na teceira semana de janeiro ele chegue a Recife.


Diretor estreante, o recifense Marcelo Brennand, de 30 anos, conta ao G1 que a ideia de “Porta a porta – a política em dois tempos” (veja trailer acima) não nasceu de um especial interesse por questões políticas. Ele afirma ter assistido, alguns anos atrás, a “Entreatos” (2002), documentário de João Moreira Salles que mostra os bastidores da campanha presidencial vitoriosa de Lula.

Só que Brennand queria outra coisa: o que estaria por trás de uma eleição menor, para prefeito, vereador? “Imaginei que tipo de estratégia uma pessoa desconhecida [adotaria], que tipo de vício político essa pessoa teria”. A cidade escolhida como cenário foi Gravatá, no estado natal do cineasta. No meio do caminho, porém, o foco do filme mudou, e ele explica o porquê na entrevista a seguir.

Quando foram feitas as filmagens?
Marcelo Brennand: Filmei em 2008, em três meses. Depois, elenquei os principais personagens que surgiram na decupagem [seleção de cenas] e voltei à cidade em 2009, pra acompanhar a rotina das pessoas, pra realmente ver o impacto que a campanha eleitoral tem, o que aconteceu com essas personagens que se envolveram.

Como a eleição movimenta Gravatá?
Brennand: Essas cidades do interior do nordeste são muito carentes de investimentos do setor privado, então o maior empregador são as prefeituras. As pessoas se engajam com uma promessa de emprego e de assistencialismo – mas muito por causa das promessas de emprego –, porque trabalhando na campanha política elas ganham mais. Hoje em dia, não pode mais fazer showmício e nessas cidades não existe uma tevê local. Então, uma forma de o político angariar votos pra ele é “comprar” uma militância de porta a porta. O candidato precisa contratar o maior número de pessoas possível pra pedir votos pra ele, de porta a porta. É a única maneira de ele ficar conhecido na cidade.

Mas não existem conflitos, entre os militantes de um lado e de outro?

Brennand: A cidade fica dividida da seguinte maneira: tem as pessoas que querem entrar na prefeitura e as que querem continuar na prefeitura. Essa é a ideologia política das cidades dessa região. As pessoas não se engajam por uma proposta política ou por uma ideologia, mas por uma salvação pessoal e momentânea. O que acontece é que a pessoa vai pedir voto começa a ser valorizada, não só por ter uma renda semanal ou quinzenal – porque eles recebem dessa forma, senão saem do trabalho. E esse trabalho começa a virar uma paixão: a cidade fica polarizada nos dias antes da eleição, entre o partido de situação e o que quer entrar, como torcida de futebol. Então, a pessoa começa a brigar com amigo, eu cheguei a filmar gente quase sair na porrada... Uma coisa que não está no filme são as apostas, tem muitas – gente que perde casa apostando, e quando perde a aposta, a turma paga mesmo.

Por que escolheu Gravatá?

Brennand: Porque é uma cidade bastante conhecida no nordeste, principalmente em Pernambuco. A prática política dela é similar, ou igual, a qualquer outra cidade da região, e em grandes capitais a política é a mesma, o assistencialismo total. A única diferença é que, nas grandes cidades, o político fala pra um milhão de pessoas. Quando as pessoas assistirem ao filme, elas vão criar uma proximidade com aquela realidade [de Gravatá].
É impressionante como os políticos locais se adaptam ao discurso dos políticos de contexto nacional, um discurso com pouco conteúdo, com poucas propostas. Cidades assim ficam condicionadas a esse movimento, as pessoas já nascem dependendo da política.

O remédio é o vereador que vai dar, a porta nova é o vereador que vai dar... É esse tipo de promessa, fora a do emprego. É uma carência básica: a pessoa ali está na UTI.

Qual o tamanho da cidade?
Brennand: Gravatá tem 80 mil habitantes – e 50 mil eleitores. Em média, numa eleição, são empregadas cinco mil pessoas, ou 10% da população votante. Fora que a prefeitura emprega, aproximadamente, duas mil pessoas, sem contar as pessoas que dependem dessas empregadas (a mulher, o irmão).

Como os candidatos se portam?

Brennand: Abordei toda a hierarquia partidária, porque os próprios candidatos também querem salvação pessoal, o cargo de vereador vira isso. E o que ele vê na televisão ele repete. Eram dez vagas e 117 candidatos. Pra prefeito, foram dois candidatos. O maior gasto de campanha é comprando militância. Em média, os vereadores eleitos devem ter gasto uns R$ 200 mil. Mas, dos 117 [candidatos], todos se endividam pra entrar.

Por que você escolheu uma campanha desse porte?

Brennand: Uma campanha pra deputado seria muito mais pulverizada, não teria o mesmo impacto. Geralmente a mídia fala dos políticos de contextos nacionais, e eu quis buscar a política pela raiz.

Se a gente vai buscar reforma política, que tipo de reforma política teria impacto nessas pessoas?
Eu quis pegar a base da pirâmide. Passaram pela minha cabeça várias cidades do interior de Pernambuco, só que Gravatá foi a que eu tive mais facilidade: consegui acesso com um vereador de lá, pra filmar a campanha dele.
Minha ideia inicial era pegar os bastidores de uma campanha política no interior. Só que, depois de 15, 20 dias, passei a me sensibilizar com o impacto da campanha nessas cidades, então mudei o foco do meu filme.

O espectador percebe essa “mudança de foco”?

Brennand: Eu me preocupei 100% em criar essa identidade pro filme, a maneira como eu mudo de ideia, como eu vou me sensibilizando. Isso é completamente explícito no filme.

Como foi a reação das pessoas à filmagem?

Brennand: No momento em que cheguei lá, todo mundo queria ser filmado, mas, no final, os candidatos já começaram a me cercar. Não cheguei a receber nenhuma ameaça, mas no final fiquei preocupado, não dormia tranquilo mais. Sabe aquela coisa que você só vê em televisão, de você estar filmando e sentir que alguém está te observando, um cara de capacete escuro, numa moto? Isso aconteceu. Fiquei em Gravatá, e tudo que eu filmava era enviado pra Recife, no dia seguinte.

Qual a situação dos personagens, na segunda visita?

Brennand: Eu vi como as pessoas se esquecem da campanha política, de toda a coisa acirrada. A emoção do momento passa completamente, e aí você enxerga as pessoas com a frustração de terem apoiado o candidato e tudo não ter passado de uma promessa. Algumas conseguiram emprego – muito ruim, mas conseguiram. Outras decidiram se candidatar na próxima eleição.
Elas trabalharam como cabo eleitoral, mas, na verdade, pensavam em fazer campanha pra si próprias, pra uma futura candidatura. Passei por lá na semana passada, e vi uma militante falando mal de política, mas vai se candidatar na próxima campanha.

É engraçado como os políticos fomentam isso: o povo sabe que está sendo enganado e político sabe que está enganando, é uma coisa enraizada. Se você você perguntar pro candidato qual o partido dele, ele não vai saber. Isso não está filmado, mas está explícito no filme.

FONTE: http://g1.globo.com

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