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terça-feira, 17 de maio de 2011

Ministério da Educação (MEC) Vontade de "ensinar errado"




Ministério da Educação (MEC) Vontade de "ensinar errado"

Para a autora Heloisa Ramos, apesar de ter um capítulo dedicado ao uso da norma popular, o livro não está promovendo o ensino dessa maneira de falar e escrever. “Esse capítulo é mais de introdução do que de ensino. Para que ensinar o que todo mundo já sabe?”.

Segundo Heloisa, que é professora aposentada da rede pública de São Paulo e dá cursos de formação para professores, a proposta da obra é que se aceite dentro da sala de aula todo tipo de linguagem, ao invés de reprimir aqueles que usam a linguagem popular.

“Não queremos ensinar errado, mas deixar claro que cada linguagem é adequada para uma situação. Por exemplo, na hora de estar com os colegas, o estudante fala como prefere, mas quando vai fazer uma apresentação, ele precisa falar com mais formalidade. Só que esse domínio não se dá do dia para a noite, então a escola tem que ter currículo que ensine de forma gradual”, diz.
"Não somos irresponsáveis", diz autora de livro com "nós pega"

Este é o atestado de fracasso da educação brasileira.

Para presidente da ABL, livro adotado pelo MEC valida erros grosseiros; entidade emite nota de protesto
Por Dandata Tinoco, no Globo:

O presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marcos Vilaça, criticou nesta segunda-feira a adoção, pelo Ministério da Educação, do livro “Por uma vida melhor”, que aceita o uso da linguagem popular com erros como “nós pega o peixe”. “Discordo completamente do entendimento que os professores que fizeram esse trabalho têm. Uma coisa é compreender a evolução da língua, que é um organismo vivo, a outra e validar erros grosseiros. É uma atitude de concessão demagógica.

É como ensinar tabuada errada. Quatro vezes três é sempre 12, na periferia ou no palácio”, afirmou.
Vilaça foi enfático ainda ao comentar a declaração de um auxiliar do ministro Fernando Haddad, que nesta segunda-feira afirmou que o MEC não é o “Ministério da Verdade”: “Na língua, deveria ser (ministério) da verdade, sim.”.

No início da noite desta segunda-feira, a Academia divulgou uma nota oficial em que diz discordar da posição do ministério e que estranha “certas posições teóricas dos autores de livros”.
Segundo a ABL, embora todas “as feições sociais” da Língua Portuguesa constituam objeto de análise para disciplinas científicas, o professor espera que os livros respaldem o uso da língua padrão, “variedade que eles (os alunos) deverão conhecer e praticar no exercício da efetiva ascensão social que a escola lhes proporciona”.

“O cultivo da Língua Portuguesa é preocupação central e histórica da Academia Brasileira de Letras e é com esta motivação que a Casa de Machado de Assis vem estranhar certas posições teóricas dos autores de livros que chegam às mãos de alunos dos cursos fundamental e médio com a chancela do Ministério da Educação, órgão que se vem empenhando em melhorar o nível do ensino escolar no Brasil”, diz a nota da ABL, que completa:
“Todas as feições sociais do nosso idioma constituem objeto de disciplinas científicas, mas bem diferente é a tarefa do professor de Língua Portuguesa, que espera encontrar no livro didático o respaldo dos usos da língua padrão que ministra a seus discípulos, variedade que eles deverão conhecer e praticar no exercício da efetiva ascensão social que a escola lhes proporciona.

A posição teórica dos autores do livro didático que vem merecendo a justa crítica de professores e de todos os interessados no cultivo da língua padrão segue caminho diferente do que se aprender nos bons cursos de Teoria da Linguagem. O nosso primeiro e grande linguista brasileiro, Mattoso Câmara Jr., nos orienta para o bom caminho nesta lição já de tantos anos, mas ainda oportuna, a respeito da qual devem refletir os autores de obras didáticas sobre a língua materna: ‘Assim, a gramática normativa tem o seu lugar no ensino, e não se anula diante da gramática descritiva.

Mas é um lugar à parte, imposto por injunções de ordem prática dentro da sociedade. É um erro profundamente perturbador misturar as duas disciplinas e, pior ainda, fazer linguística sincrônica com preocupações normativas’ (Estrutura da Língua Portuguesa, 5). O manual que o Ministério levou às nossas escolas não o ajudará no empenho pela melhoria a que o ministro tão justamente aspira”.



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Um comentário:

Giovana disse...

caras/os editoras/es, a respeito desse seu post, transcrevo uma nota que escrevi para uma amiga que havia tratado do mesmo assunto. um abraço, giovana

"a uma amiga professora de artes

se eu concordar com você quanto à necessidade de a escola eleger apenas uma variedade linguística (aquela cujo padrão é restrito a usos supercontrolados da língua portuguesa) para tratar em sala de aula, terei de defender que tal escola não poderá mencionar o conceito de língua como expressão de uma cultura, nem poderá levar aos seus alunos as letras de luiz gonzaga e do rap, os poemas de patativa do assaré, os magníficos contos e romances de guimarães rosa, o qual certa vez afirmou:

“rezei, de verdade, para que pudesse esquecer-me, por completo, de que algum dia já tivessem existido septos, limitações, tabiques, preconceitos, a respeito de normas, modas, tendências, escolas literárias, doutrinas, conceitos, atualidades e tradições – no tempo e no espaço”.

têm pipocado no brasil momentos de intolerância - sobretudo em relação ao homossexualismo e à linguagem - que guardam muita semelhança com manifestações de xenofobismo ocorridas em países da europa. isso me faz crer que mais do que nunca é hora de praticarmos a diversidade, as diferenças, com seus conflitos e encontros, de refletirmos sobre tudo isso, em casa, na escola, em todos os espaços possíveis.

a respeito da língua: se a escrita alfabética nasceu para espelhar a fala e, com o tempo, escrita e fala passaram a alimentar-se mutuamente, se a língua é um fenômeno dinâmico e fruto de uma imensurável interatividade, se a linguagem nos consitui, nos diferencia, nos identifica, negar a diversidade linguística não seria negar o processo formador da linguagem para favorecer uma imagem de língua que não corresponde à realidade?

imaginemos se a escola elegesse apenas o vocabulário do classicismo como digno de constar do conteúdo da disciplina de artes. todos os outros estilos estariam fora do currículo, toda a infinidade de possibilidades de criação e todo o conhecimento (de uma época, de lugares, de formas de vida, trabalho e festas etc) advindos deles seriam ignorados em sala de aula.

querida amiga, com certeza, a escola que queremos e praticamos não é aquela à qual cabe julgar formas de expressão e sim aquela que cria oportunidades para que o aluno possa conhecer as mais variadas formas de expressão, refletir sobre elas e optar pelas que mais lhe convierem nos diferentes momentos de sua vida.

assim, a linguagem da escola deve ser todas as linguagens do mundo."

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