Cora Rónai conta sua experiência de turista no “paraíso” socialista
Isso é
charmoso?
Como o modelo cubano ainda consegue ser defendido
por alguém é um paradoxo. Ou nem tanto, quando lembramos que o mundo está cheio
de gente que não liga para os fatos da realidade, desde que sua ideologia
redentora seja preservada para aplacar as angústias causadas pelo mundo
imperfeito à sua volta.
É por isso que muitos brasileiros ainda defendem a
revolução cubana e seu líder, Fidel Castro, mesmo após meio século de ditadura,
dezenas de milhares de mortos pelo regime, muita miséria e escravidão.
É
o que Cuba representa, o ideal anticapitalista, igualitário, ou o pequeno e
corajoso Davi que enfrentou o Golias, o império estadunidense, ícone de todo o
mal existente.
Claro, a maioria prefere adorar Cuba de longe, lá
de Paris ou do Leblon, vendo a banda passar, ou então jogando uma pelada no
campo particular do Recreio. Cuba serve apenas para ser visitada
esporadicamente, como turista, vivenciando a experiência do apartheid existente
no local, já que os próprios cubanos não têm acesso a nada que os gringos têm –
a começar pela moeda forte.
O refúgio desses nostálgicos socialistas é repetir
que as “conquistas sociais” justificam o restante, até mesmo a opressão
ditatorial. Balela. Balela dupla. Primeiro, pois não justificaria, caso
contrário teriam de aplaudir o regime de Pinochet também, que entregou
resultados sociais infinitamente melhores. Segundo, pois é mentira. Cuba não
tem conquistas sociais. Após Fidel, a ilha caribenha piorou em seus
indicadores sociais em relação aos vizinhos.
A “educação” não passa de doutrinação
ideológica, e os engenheiros acabam como taxistas, sem oportunidade de emprego,
enquanto as engenheiras acabam como prostitutas, ofício que mais cresceu em
Cuba após o comunismo (e ainda dizem que antes era um bordel
americano). Já a “saúde” é uma piada de mau gosto: falta tudo, a começar pelos remédios, os hospitais são um lixo,
e até o líder máximo prefere médicos espanhóis. Chávez sim, escolheu um médico
cubano….
Com a aproximação entre Estados Unidos e Cuba,
muitos brasileiros querem conhecer o país antes de ele se “americanizar”. Ou
seja, desejam uma viagem no túnel do tempo para ver como era a vida nos anos
1950, já que Cuba teria ficado congelada neste período todo (na verdade,
regrediu).
Um tanto insensível com os cubanos que vivem
naquele inferno, como já comentei aqui. Ao ponto de uma professora de
história (tinha que ser!) vibrar com a falta de McDonald’s e Starbucks, sem
ligar para o fato de que muitos cubanos adorariam ter o direito de escolha e
também as condições para comer um BigMac.
Mas alguns jornalistas estão indo também com viés
de observador imparcial. Foi o caso de Cora Rónai, que passou uma semana em
Cuba, e resumiu sua experiência em sua coluna de hoje. Recomendo a leitura,
pois descreve bem a dificuldade que é sobreviver naquele país sob o comunismo.
Não é nada fácil.
E isso porque Cora nem mergulhou no submundo
escancarado do turismo sexual, com meninas oferecendo sexo em troca de qualquer
migalha. Cuba foi um lugar charmoso, palco de bares e
restaurantes animados, turistas lotando as casas de show, os cafés. Mas isso
foi no passado, antes dos barbudos tomarem o poder. Hoje, é apenas uma grande
favela cercada por algumas belas praias com hotéis espanhóis feitos apenas para
turistas, e longe do alcance dos cubanos.
Desconheço maneira mais rápida e certeira de
identificar um canalha do que perguntar o que ele acha de Cuba. Se defender
algo tão indefensável, se começar a elogiar alguns aspectos para reconhecer
alguns defeitos, então não resta dúvida: está-se diante de alguém que não tem
vergonha na cara ou empatia pelo próximo. Resguardar utopias tem limite. Que
tratem de sua alienação num divã, mas parem de tecer loas ao Capeta…
Rodrigo Constantino
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