O aforismo de Nélson Rodrigues tem se
revelado verdadeiro nessa questão que a mídia divulga de forma massiva e
dogmaticamente, sem nenhum debate, sobre o CO2 ser a principal causa do chamado
aquecimento planetário. Às vésperas da conferência de Copenhague, em dezembro
próximo, já se cunhou e consagrou a expressão “economia de baixo carbono”. Ora,
nem a própria ciência tem essa certeza e unanimidade expressa pela mídia, pois
vários cientistas registram que teremos resfriamento ao invés de aquecimento.
Não pretendo escrever aqui nenhum
tratado científico ou tese de doutoramento, mas um argumento fundamentado em
uma série de questões lógicas que tenham premissas científicas inquestionáveis,
e esse parece ser o problema, pois são raras essas unanimidades na ciência. A
mídia, por simplificar a informação, juntamente com a publicidade comercial das
empresas "verdes", banaliza o assunto e confunde quem deseja conhecer
a fundo as causas do problema. Pesquisei dados sobre a proporção de CO2 na
chamada camada de gases de feito estufa (GEE) e na atmosfera, a conclusão a que
cheguei é de que o que há de informação e desinformação na mídia e na internet
é patético. Confunde-se atmosfera com camada de GEE...
Os 6 elementos essenciais à vida
São eles, sem os quais a vida não
existiria conforme a conhecemos:
1 – carbono
2 – hidrogênio
3 – oxigênio
4 – nitrogênio
5 – enxofre
6 – fósforo
e energia solar (luz e calor, sem o
qual não haveria fotossíntese)
(A fórmula é CHONSP)
O carbono é um elemento notável por
várias razões. Suas formas alotrópicas incluem, surpreendentemente, uma das
substâncias mais frágeis e baratas (o grafite) e uma das mais duras e caras (o
diamante). Mais: apresenta uma grande afinidade para combinar-se quimicamente
com outros átomos pequenos, incluindo átomos de carbono que podem formar largas
cadeias. O seu pequeno raio atômico permite-lhe formar cadeias múltiplas;
assim, com o oxigênio forma o dióxido de carbono, vital para o crescimento das
plantas (ciclo do carbono, a fotossíntese); com o hidrogênio forma numerosos
compostos, denominados, genericamente, hidrocarbonetos, essenciais para a
indústria e o transporte na forma de combustível derivados de petróleo e gás
natural. Combinado com ambos forma uma grande variedade de compostos como, por
exemplo, os ácidos graxos, essenciais para a vida, e os ésteres que dão sabor
às frutas. Além disso, fornece, através do ciclo carbono-nitrogênio, parte da
energia produzida pelo Sol. O carbono é a plataforma da vida sobre a Terra. Mas
a mídia parece não saber, e não dá bola para essas coisas.
A camada de gases de efeito estufa -
GEE
Se ela não existisse morreríamos
fritos durante o dia (assim como os animais e plantas), pela ação dos raios
solares, e à noite congelaríamos pelo frio, pois o calor se dissiparia na
estratosfera. A camada de "GEE" é composta em 99% de nitrogênio e
oxigênio, sendo que apenas 1% contém carbono, hidrogênio, metano e outros
compostos químicos. Dessa ínfima parcela de 1% o carbono representa 0,035% hoje
em dia, mas já foi de 0,029% há uns 2 séculos atrás, quando começou a era
industrial. Ou seja, do total da camada de "GEE" o carbono representa
somente 0,035%. De outro lado, verifica-se que a proporção de carbono na camada
de GEE aumentou cerca de 20% nos últimos duzentos anos e seria responsável pelo
futuro cataclisma que se anuncia para dentro em breve no planeta, ou seja, o
apocalipse.
Não
citados: Xenônio (0,00001%), Dióxido de enxofre (0,2 ppb),
Neônio
(0,0018%), Criptônio (0,0001%) e Argônio (0,093%).
Hidrogênio (0,00005%),
Sulfeto de hidrogênio (0,2 ppb).
|
Não citados: Xenônio (0,00001%), Dióxido de enxofre
(0,2 ppb), Neônio (0,0018%), Criptônio (0,0001%)
e Argônio
(0,093%). Hidrogênio
(0,00005%),
Sulfeto de hidrogênio (0,2 ppb).
“Verdades” convenientes
O documentário "Uma verdade
inconveniente", apresentada pelo político e hoje prêmio Nobel da Paz, Al
Gore, faz sensacionalismo com a presença do carbono que teria subido de 278 ppm
(partes por milhão) no início do século XX para 370 ppm no início do século
XXI, e de que isso iria aquecer o planeta.
Ora, esqueceu de esclarecer, nessa
profecia apocalíptica, várias questões sobre o carbono:
1 – cerca de 60% do carbono que está
na atmosfera é sequestrado pelas algas marinhas e 40% pelas florestas e árvores
urbanas remanescentes, de outras vegetações naturais, e de atividades
agrícolas.
2 – se não houvesse esse carbono na
atmosfera não haveria fotossíntese, e sem essa não haveria agricultura,
florestas, árvores;
3 – mais de 50% do carbono está
fixado nas árvores (na madeira e raízes) e na agricultura (nas raízes) em forma
de "carbono estocado".
4 – outros 50% do carbono estão no
solo (trazidos de volta pelas chuvas) e o sistema de plantio direto e pastagens
bem manejadas são uma forma de conservar (sem liberar) este carbono.
5 – o carbono atmosférico (CO2 e CO =
monóxido de carbono, tóxico) está concentrado sobre as áreas de queimada e nos
grandes conglomerados urbanos participando da "aura" amarronzada
sobre todas as grandes cidades quando as sobrevoamos nas aterrissagens e
decolagens por avião. Esta concentração de poluentes de origem urbana tem duas
formas de ser dissipada: ou pelos ventos ou por chuva, e neste último caso
provoca o fenômeno da "chuva ácida", muito comum em metrópoles
gigantescas como Pequim, Nova York, São Paulo, Los Angeles etc.
Estimativa dos maiores depósitos de carbono na Terra
Estimativa dos maiores depósitos de carbono na Terra
Acesso em: outubro 2009.Fonte: Pidwirny, M. (2006). "The Carbon Cycle".Fundamentals of Physical Geography, 2nd Edition.
O CO2 não esquenta nada
Mas alguns cientistas insistem em
afirmar a necessidade de reduzir suas emissões, e a mídia repete de forma
unânime a papagaiada proselitista. Se há algum fator que provoque o aquecimento
planetário eles seriam dois, de evidência elementar, porém cientificamente
ainda não comprovados:
1 – solos degradados, áridos,
semi-áridos e desérticos. Estes, além de não conterem água atenuadora, nem água
e vegetação vaporizadora para formarem nuvens refletoras e sombreadoras, emitem
calor em excesso, que a tal camada de GEE (majoritariamente vapor de água, veja
tabela acima) "segura", por ser composta de água na forma gasosa. A
idéia é de Odo Primavesi, engenheiro agrônomo, ex-pesquisador da Embrapa
Sudeste, São Carlos, SP, e um dos 17 cientistas brasileiros signatários do já
famoso relatório do IPCC (International Panel Climatics Changes, na
sigla em inglês), e que juntamente com outros 2.500 cientistas do mundo
inteiro, representando mais de 120 países, assinaram o documento. Muitos
cientistas foram vozes e opiniões vencidas, apesar de contrários à tese do CO2
ser a causa única do aquecimento. É que venceu por votação, mas longe de haver
unanimidade entre os participantes. De outro lado, nem todos eram
exatamente cientistas, muitos eram apenas especialistas em diversas áreas do
conhecimento humano, sendo funcionários de grandes empresas estatais ou
privadas, mas com interesses na polêmica questão.
2 - a energia solar, incidente sobre
o planeta.
Segundo Odo Primavesi, “o foco
para esse painel foram os gases, e não havia espaço para incluir outros fatores
diferentes de gases (como tentou sugerir), que em realidade respondem por
somente 30% das mudanças climáticas (correntes marinhas respondem por mais 10%,
áreas degradadas geradoras de calor em excesso (acima de 300 W/m2) por mais 40%
a 50%, e outros, como a variação na intensidade do sol, por mais 10% a 20%).
Somente 1/3 da Terra são ambientes terrestres, e 40% ou mais destes são áreas
desérticas, semi-áridas, degradadas, gerando pulsos de calor em excesso. Mesmo
áreas não consideradas degradadas, agrícolas, inclusive no Brasil, podem gerar
calor em excesso no inverno seco, quando sem cobertura vegetal permanente
vaporizando água”.
Porcentagem de efeito estufa em função do gás
Porcentagem de efeito estufa em função do gás
Gás de efeito estufa
|
Efeito, %
|
Vapor de água
|
36 a 66
|
Dióxido de carbono
|
9 a 26
|
Metano
|
4 a 9
|
Ozônio
|
3 a 7
|
Fonte: Randy Russell (2007)
Nuvens podem praticamente dobrar o
albedo da Terra de
15% (sem nuvens) para 31%, e são responsáveis pela
reflexão
de 17% da energia solar incidente de volta para o
espaço, evitando que gere
calor.
Copenhague vem aí
Ou seja, depois desse encontro, se
for confirmada a "culpabilidade" do CO2, mesmo que sem provas, apenas
considerando os indícios e as suspeitas das provas ditas circunstanciais, já
consagradas pela reunião de Kyioto, vamos tentar conquistar a "economia de
baixo carbono". A Europa já tem antológicos projetos de lei aprovados em
alguns países, para multar pesadamente os emissores exagerados de CO2 e cobrar
impostos adicionais dos tradicionais "criminosos ecológicos" que não
reduzirem suas emissões. A ideia é acabar com os cassinos das bolsas onde se
compra penitência por emissão de CO2.
Entretanto, recentemente, num
seminário em Brasília, que reuniu empresários agrícolas, ambientalistas e gente
do governo, tive notícias de uma das conclusões do seminário, em alto e bom
som, e de bom senso: "Ambientalistas e agricultores concordam que a
ciência deve mediar o debate entre os dois setores". Ou seja, os
contendores, pelos menos os líderes, não aguentam mais tanto bate-boca inútil e
publicitário sobre a sustentabilidade, e pedem socorro aos cientistas. Os
cientistas se fingem de mortos, o assunto parece que não é com eles.
A mídia não deu bola para o pedido de
SOS daquelas lideranças. Enquanto isso Copenhague vai se aproximando, sem
definições prévias, sem acordos, sem ajustes, sem consenso.
(Nota de Odo Primavesi: muitos
cientistas, por terem uma visão mais ampla e de conjunto global, estão
desesperados em ver que seus clamores não são ouvidos, pois o que vale é a
decisão política norteada por interesses econômicos de curto prazo, e que pouco
ligam para o médio e longo prazo. O único segmento da sociedade que pode levar
ao rumo certo é a iniciativa privada (empresários e financistas), devendo estar
cientes de que mudanças são investimentos, e envolvem sacrifícios, mas que em
mutirão, em rede integrada regional e global, levarão aos resultados esperados,
com lucros sustentáveis).
Corre-se o perigo, no pós Copenhague,
da seguinte situação paradigmática: toda atividade humana emissora de CO2 será
coibida. É fácil imaginar multas e impostos a quem respirar (pois emite CO2),
inclusive na prática da corrida matinal. Por enquanto, apenas os automóveis dos
egoístas poderiam ser poupados, enquanto não chegam os combustíveis gasosos, à
base de hidrogênio. Problema será quando alguns cientistas e jornalistas
descobrirem que as árvores e plantas em geral, no período noturno, emitem parte
do CO2, ao invés de resgatarem o mesmo como fazem durante o dia. Quem sabe
alguém da grande mídia põe o problema em debate e acabe com essa unanimidade
infantilizada que está se tornando uma verdadeira hipocrisia internacional.
O carbono faz parte, a menor parte do
problema. Boas práticas de manejo dos solos (urbano e rural) poderiam reduzir
os maiores problemas. Enquanto isso, cresce de forma acelerada o aumento de
áreas degradadas, geradoras de calor.
Extensão de áreas secas por
continente
Continente
|
Extensão
|
Valor relativo
|
|||||
Total
|
Árido
|
Semi-árido
|
Sub-úmido seco
|
Árido
|
Semi-árido
|
Sub-úmido seco
|
|
milhões de ha
|
%
|
||||||
Ásia
|
1.657,78
|
704,3
|
727,97
|
225,51
|
25,48
|
26,34
|
8,16
|
África
|
1.298,11
|
467,6
|
611,35
|
219,16
|
16,21
|
21,2
|
7,60
|
Europa
|
218,03
|
0,3
|
94,26
|
123,47
|
0,01
|
1,74
|
2,27
|
América N-C
|
517,07
|
4,27
|
130,71
|
382,09
|
6,09
|
17,82
|
4,27
|
América S
|
378,61
|
5,97
|
122,43
|
250,21
|
7,11
|
14,54
|
5,97
|
Oceania
|
708,95
|
459,5
|
211,2
|
38,24
|
59,72
|
27,42
|
4,97
|
Global
|
4.778,55
|
1.641,94
|
1.897,92
|
1.238,68
|
Fonte: FAO (2002)
Estimativa de desertificação
(excluindo áreas
hiper-secas)
Tipo de paisagem degradada
|
Área (1)
|
Tipo de degradação de solo
|
Área (2)
|
milhões de ha
|
milhões de ha
|
||
Pastagens naturais
|
757
|
Erosão hídrica
|
478
|
Lavouras
|
216
|
Erosão eólica
|
513
|
Áreas irrigadas
|
43
|
Química
|
111
|
Física
|
35
|
||
Total
|
1.016
|
1.137
|
Fontes: 1 - UNEP (1991), 2 - Oldeman & van Lynden (1998).
As maiores vilãs são as pastagens
mantidas sob superpastoreio. E a erosão hídrica e eólica.
O presente artigo teve a colaboração e
participação do engenheiro agrônomo Odo Primavesi, um dos 2.500 cientistas
signatários do IPCC, em 2007.
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_
Postado
por Richard Jakubaszko
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