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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Eles vão matar nós é, papai?

Elismar dos Santos ouviu essas duas perguntas de um dos seus quatro filhos quando as forças federais chegavam para expulsá-los de casa. O pequeno produtor rural familiar de 32 anos possuía um imóvel rural em uma área demarcada pela Funai no Maranhão. Sua esposa, Dona Leidiane, aparece na foto acima cercada de homens fortemente armados e sendo admoestada pelo próprio Nilton Tubino, da Secretaria Geral da Presidência da República. Leidiane, Elismar e seus quatro filhos foram expulsos de suas casas junto com outras mil e duzentas pessoas pelo governo na operação de desintrusão da Terra Indígena Awá-Guajá.

Tubino cadastrou pessoal Elismar
No dia em que Nilton Tubino, usando um colete à prova de balas, cruzou pessoalmente a vida de Elismar ele foi incluído em um cadastro. Tubino disse a ele que se saísse da área voluntariamente teria direito ao Bolsa Família, a um novo lote de terras em outra parte do país e a financiamento público. Elismar saiu, sua casa foi demolida, mas até agora nenhuma das promessas foi cumprida.



O lavrador perdeu a terra sem poder colher sua lavoura. Perdeu o arroz e o milho. Perdeu as abóboras e o feijão. Vive hoje com a família em uma tapera de chão de batido e paredes de taipa que lhe foi emprestada. O barraco fica próximo ao acampamento montado pelo Exército para servir de base à mega operação que o expulsou da terra. Da porta de sua nova casa alheia, Elismar enxerga seus algozes

Desde o expurgo, o agricultor mostra sinais de depressão. Há noites em que não dorme. Reclama de dores. Já não consegue “prestar diárias de serviços” em troca de pagamento. Não tem como pagar as contas de água e a luz, nem como comprar os remédios que lhe foram receitados.

Assim como Elismar, Mariano Rosa também foi expulso da própria casa pelo governo no expurgo étnico da Terra Indígena Awá-Guajá. Vive hoje no povoado Dois Irmãos, em São João do Carú, uma das cidades mais pobres do Maranhão. Diz ter um pesadelo recorrente no qual vê um grande trator derrubando sua antiga casa com sua família dentro.



Mariano acolheu em sua nova e humilde casa de taipa o Senhor Raimundo Expedito e seu filho. Compadre Velho, como Raimundo é conhecido, anda com dificuldades e também foi expulso com a família na operação do Governo. Com 56 anos, mas aparentando 86, Compadre Velho criou sozinho o filho desde a morte da esposa há vinte anos. Há vinte anos vivia na área demarcada pela Funai de onde saiu carregando algumas panelas amassadas, um pote de barro e um jumento.

Os dramas e Elismar, Mariano e Raimundo são semelhantes aos da maioria dos degredados pela operação de limpeza étnica da Terra Indígena Awá-Guajá.

Todas as fotos que ilustram está postagem foram tiradas pela própria Funai durante a limpeza étnica da Terra Indígena Awá-Guajá, no Maranhão.

FONTE http://www.questaoindigena.org/

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