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terça-feira, 10 de março de 2015

Feminismo foi corrompido

A relação entre feminismo e marxismo é espantosamente simples: a infraestrutura econômica capitalista criaria uma superestrutura na qual uma das instituições é a família burguesa. Os papéis de homens e mulheres refletiriam a mesma luta de classes entre opressores e oprimidos, estando a reprodução da força de trabalho a cargo da família.

Portanto, a derrubada do capitalismo não seria possível sem antes acabar com ela. É dessa forma que conceitos feministas se ligam à ideia marxista da luta de classes. O alvo é a estrutura familiar. Então, vale tudo: marcha das vadias, casamento gay, liberalização sexual, defesa da legalização do aborto e denuncismos de toda ordem.

O objetivo é pré-determinado e coerente com a visão marxista da família tradicional como uma dura linha de defesa, talvez a mais forte, do sistema capitalista. Segundo a teoria de Engels exposta em “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, em 1884, a família monogâmica tal como hoje a conhecemos foi um produto do capitalismo.

De acordo com ele, tratava-se de algo não natural, contrastando com as antigas formas preexistentes de união tribal onde a regra seria a promiscuidade. A razão profunda por trás dessa ficção (estudos históricos e antropológicos desmentem cabalmente o livro de Engels) é que a família sempre esteve do lado da esfera privada do indivíduo e é um local onde o Estado só consegue entrar com muita dificuldade. Cada casal e filhos possui uma identidade que se transmite ao longo de gerações e os valores preservados são patrimônios atemporais.

Eles representam uma história que proporciona um sentimento de existir, de fazer parte. Portanto, nada mais nefasto que a família para um sistema que ambiciona tornar a sociedade homogênea e controlada por uma única ideologia de caráter ultra-racionalista como o marxismo.

Correntes feministas atuantes nem sempre fazem parte de partidos comunistas. Esses não raro criticam o “feminismo burguês” de mera luta por igualdade de gênero na ausência de uma posição crítica ao sistema capitalista. Mas não deixam de utilizar muito bem o discurso, venha de onde vier.

A palavra opressão é largamente empregada e seu alcance é ampliado para abranger “todas as formas”, incluindo, é claro, o conceito de luta de classes. Assim, cria-se uma linguagem de espectro difuso que vai do mais ao menos radical, muito útil para atingir diferentes setores da sociedade.

No entanto, há uma forma eficiente de se contrapor ao feminismo marxista, que é cultivar e valorizar justamente aquilo que ele pretende destruir: a família.
Por Luiz Fernando Velho
FONTE: marxismocultural

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