O controle de armas impediu Stephane Charbonnie de defender sua vida.
É através de uma frase reveladora de Antonio Fischetti, cartunista do Charlie Hebdo – que se safou do massacre por ironicamente ter ido ao velório de uma tia–, publicada num artigo do jornal francês Télérama, que veio à tona o fato de que o ex-editor do jornal satírico Stephane Charbonnier – o Charb – possuía treinamento de tiro e havia solicitado ao governo francês a permissão para o porte de armas.
“Charb era um adepto do tiro esportivo [e] para que ele não precisasse da presença da polícia a todo momento, [ele] tinha pedido às autoridades a autorização para portar armas. Seu pedido não foi atendido”, conta Fischetti. Se o cartunista tivesse seu requerimento aprovado, talvez tudo tivesse sido diferente.
É um direito, segundo a lei francesa, que “qualquer cidadão exposto à ameaça excepcional a própria vida” possa pedir ao Ministro do Interior do país “[autorização] para levar e transportar uma arma e munição correspondente”, o que Charbonnier de fato fez.
“Artigo R315-5
O Ministro do Interior pode autorizar, por decreto, qualquer cidadão exposto à ameaça excepcional a própria vida [...] a levar e transportar uma arma e munição correspondente, dentro dos limites do artigo R. 312-47.
A autorização, emitida por um período não superior a um ano, é renovável e pode ser retirada a qualquer momento.”
Entretanto, o Ministro do Interior à época, o socialista Manuel Valls – hoje, primeiro-ministro da França –, julgou o pedido improcedente, mesmo Charb recebendo inúmeras ameaças e agressões e estando sob proteção permanente da polícia desde 2011, ano no qual a sede do Charlie Hebdo foi criminalmente incendiada em represália a edição especial Charia Hebdo, um trocadilho com o nome do jornal e a lei islâmica (Charia ou Sharia).
A edição especial tinha em sua capa uma representação gráfica do profeta Maomé, o que é um sacrilégio gigantesco à maioria dos adeptos do islamismo, junto com os dizeres “cem golpes de chicote se você não morrer de rir”.
ChariaHebdo
O curioso é que a França é um dos países com maior controle sobre o porte de armas na Europa: é ilegal portar armas no país e até mesmo adquiri-las - caso você precise de uma para caçar ou praticar tiro esportivo, irá precisar de uma concorrida licença do governo, a qual precisa ser constantemente renovada, além de ter de se submeter a um exame psicológico.
A pena para quem desobedecer a lei e comprar ou portar uma arma sem autorização é de 7 anos de prisão, além de multa.
Entretanto, mesmo com o severo controle de armamentos à população civil, os franceses de origem argelina Saïd e Chérif Kouachi – os terroristas que executaram o massacre do Charlie Hebdo – não foram impedidos de comprar dois rifles automáticos Kalashnikov e munição. A venda de tais armas é altamente regulada e exige grande e rigorosa verificação de antecedentes.
Como os terroristas conseguiram as armas? No mercado negro, claro. A Bloomberg relata que armas concebidas para uso militar, como a série Kalashnikov AK, tem “inundado” ilegalmente a França ao longo dos últimos anos.
“O mercado negro francês de armas tem sido inundado por artilharia oriental e armas europeias de guerra”, disse Philippe Capon, o chefe do sindicato de polícia UNSA, à Bloomberg. “Elas estão por toda parte na França.”
O número de armas ilegais estimado no país é de, pelo menos, duas vezes o número de armas legais no país. Metralhadoras como a AK-47 podem ser compradas pelo equivalente a alguns milhares de dólares nos subúrbios de Paris.
Novamente, o controle de armas não impediu os agressores de comprarem armas para perpetrar sua cruel e bárbara violência contra indivíduos pacíficos – muito pelo contrário, serviu apenas para impedir um individuo pacífico de ter alguma chance de lutar por sua própria vida.
FONTE: spotniks.com/
É através de uma frase reveladora de Antonio Fischetti, cartunista do Charlie Hebdo – que se safou do massacre por ironicamente ter ido ao velório de uma tia–, publicada num artigo do jornal francês Télérama, que veio à tona o fato de que o ex-editor do jornal satírico Stephane Charbonnier – o Charb – possuía treinamento de tiro e havia solicitado ao governo francês a permissão para o porte de armas.
“Charb era um adepto do tiro esportivo [e] para que ele não precisasse da presença da polícia a todo momento, [ele] tinha pedido às autoridades a autorização para portar armas. Seu pedido não foi atendido”, conta Fischetti. Se o cartunista tivesse seu requerimento aprovado, talvez tudo tivesse sido diferente.
É um direito, segundo a lei francesa, que “qualquer cidadão exposto à ameaça excepcional a própria vida” possa pedir ao Ministro do Interior do país “[autorização] para levar e transportar uma arma e munição correspondente”, o que Charbonnier de fato fez.
“Artigo R315-5
O Ministro do Interior pode autorizar, por decreto, qualquer cidadão exposto à ameaça excepcional a própria vida [...] a levar e transportar uma arma e munição correspondente, dentro dos limites do artigo R. 312-47.
A autorização, emitida por um período não superior a um ano, é renovável e pode ser retirada a qualquer momento.”
Entretanto, o Ministro do Interior à época, o socialista Manuel Valls – hoje, primeiro-ministro da França –, julgou o pedido improcedente, mesmo Charb recebendo inúmeras ameaças e agressões e estando sob proteção permanente da polícia desde 2011, ano no qual a sede do Charlie Hebdo foi criminalmente incendiada em represália a edição especial Charia Hebdo, um trocadilho com o nome do jornal e a lei islâmica (Charia ou Sharia).
A edição especial tinha em sua capa uma representação gráfica do profeta Maomé, o que é um sacrilégio gigantesco à maioria dos adeptos do islamismo, junto com os dizeres “cem golpes de chicote se você não morrer de rir”.
ChariaHebdo
O curioso é que a França é um dos países com maior controle sobre o porte de armas na Europa: é ilegal portar armas no país e até mesmo adquiri-las - caso você precise de uma para caçar ou praticar tiro esportivo, irá precisar de uma concorrida licença do governo, a qual precisa ser constantemente renovada, além de ter de se submeter a um exame psicológico.
A pena para quem desobedecer a lei e comprar ou portar uma arma sem autorização é de 7 anos de prisão, além de multa.
Entretanto, mesmo com o severo controle de armamentos à população civil, os franceses de origem argelina Saïd e Chérif Kouachi – os terroristas que executaram o massacre do Charlie Hebdo – não foram impedidos de comprar dois rifles automáticos Kalashnikov e munição. A venda de tais armas é altamente regulada e exige grande e rigorosa verificação de antecedentes.
Como os terroristas conseguiram as armas? No mercado negro, claro. A Bloomberg relata que armas concebidas para uso militar, como a série Kalashnikov AK, tem “inundado” ilegalmente a França ao longo dos últimos anos.
“O mercado negro francês de armas tem sido inundado por artilharia oriental e armas europeias de guerra”, disse Philippe Capon, o chefe do sindicato de polícia UNSA, à Bloomberg. “Elas estão por toda parte na França.”
O número de armas ilegais estimado no país é de, pelo menos, duas vezes o número de armas legais no país. Metralhadoras como a AK-47 podem ser compradas pelo equivalente a alguns milhares de dólares nos subúrbios de Paris.
Novamente, o controle de armas não impediu os agressores de comprarem armas para perpetrar sua cruel e bárbara violência contra indivíduos pacíficos – muito pelo contrário, serviu apenas para impedir um individuo pacífico de ter alguma chance de lutar por sua própria vida.
FONTE: spotniks.com/
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