domingo, 7 de dezembro de 2014

A Farsa da Educação Cubana.

Fui a Cuba e não entendi se a educação naquele país é boa mesmo [Titulo Original]

O mundo é cheio de verdades que as pessoas repetem sem pensar. Um bom exemplo disso diz respeito à educação de Cuba.
Sempre ouvi que Cuba tem uma dos melhores programas de educação pública do mundo, com professores altamente qualificados e índice zero de analfabetismo.

Pois bem. Fui a Cuba, visitei algumas escolas, falei com pessoas, mas não consegui entender, afinal, quão boa é a educação naquele país.

Aparentemente, os cubanos são educados (no sentido de instruídos). Não é difícil achar cubanos que falam inglês fluentemente –e outras línguas como português e italiano.
Cuba, no entanto, não participa de exames internacionais de avaliação de educação como o Pisa, da OCDE, que avalia conceitos ligados a línguas, matemática e ciências.
Pelo Pisa sabemos que a educação no Brasil é muito ruim e que países orientais como Japão e Coréia do Sul têm indicadores cada vez melhores.
Mas não temos dados sobre Cuba. Logo, não temos condição de comparar a ilha a outros países.


ALFABETIZAÇÃO

De acordo com o governo cubano, a taxa de analfabetismo no país está zerada desde a revolução da década de 1950, que levou Fidel Castro ao poder.

O próprio Che Guevara teria sido um dos principais nomes no trabalho de alfabetização dos adultos que estavam nas tropas da revolução.

Para se ter uma ideia do que isso significa, no nordeste brasileiro um em cada quatro homens adultos ainda é analfabeto. Ou seja: o Brasil está longe do analfabetismo zero.
O problema é que Cuba é uma ditadura e os únicos dados oficiais existentes são justamente os do governo. Lá, ninguém contesta esses dados.
Mas os dados estão corretos? Ninguém sabe.


ESCOLAS

Nos dias em que estive em Cuba para um especial de Turismo da Folha publicado nesta quinta-feira eu visitei algumas escolas.

Não é difícil achar escolas na capital cubana: elas estão em todos os lugares. São construções simples, que precisam de tinta e de reforma. Muito parecidas, aliás, com as escolas públicas do Brasil.

Os “laboratórios de informática” têm computadores com cara de anos 80, sem conexão com a internet –novamente em um cenário muito parecido com o brasileiro.

A diferença essencial é que em Cuba os professores são muito mais valorizados do que em terras tupiniquins.
Docentes cubanos ganham salários semelhante a de médicos. E, mais importante: os professores são valorizados na sociedade cubana. É nobre ser professor.
Eu também passei pela Universidade de Havana e conversei com docentes cubanos.
O que eles me mostraram foi uma vida acadêmica ativa e, inclusive, internacional: uma das docentes com quem conversei já tinha vindo fazer pesquisa no Brasil.

ÍNDICES

Mas como avaliar a produção acadêmica de Cuba se o país não possui indicadores internacionais?

Hoje, não consigo saber se uma universidade de Cuba é melhor ou pior do uma instituição brasileira, norte-americana ou até mesmo chinesa porque Cuba não participa de bases de dados internacionais e nem de rankings universitários.

O que sei é o que me contam: que as escolas de medicina e de cinema de Cuba são in-crí-veis. São mesmo?
Como é possível ter ótimas escolas e universidades em um contexto de ditadura? Já escrevi sobre isso anteriormente ao me referir à boa qualidade das universidades chinesas
DITADURA


Em Cuba os estudantes não têm liberdade de expressão, a imprensa não é livre e todos os livros comercializados são controlados pelo Estado.
Cuba é também um país em que os estudantes não podem fazer pesquisa na internet porque as conexões são raras em pleno século 21.
 
Mas é também um local em que quem tiver boas notas terá acesso à educação independentemente de origem ou de renda familiar.
Voltei de Cuba com a mesma pergunta que tinha quando cheguei no país: a educação cubana é boa?

Não sei. O governo não nos deixa saber.

FONTE:  Sabine Righetti, 33, é jornalista pela Unesp, mestre e doutoranda em política científica e tecnológica pela Unicamp, onde dá aula na pós-graduação em jornalismo científico do Labjor/Unicamp. Escreve sobre ciência e educação na Folha desde 2010.

Em educação, coordenou os livros “Direito à educação: discriminação nos sistemas de ensino” (Edusp, 2010) e “Direito à educação: aspectos constitucionais” (Edusp, 2009) –este último finalista do Prêmio Jabuti 2010 na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise.


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