Raivas em relação a acontecimentos em Gaza [e aos árabes hoje conhecidos como Palestinos] são distrações [criadas pela contínua publicidade política que muitos meios de comunicações vende como notícias!]. Não podemos esquecer que naquela região turbulenta Israel é o maior aliado do Ocidente.
Faz muito tempo que é considerado fora de moda falar a favor de Israel na Europa. Na sequência da abordagem de um navio cheio de ativistas [esquerdistas que se denominm de 'pacifistas', radicais islâmicos armados e
alguns inocentes úteis] anti-Israel no Mediterrâneo, é difícil pensar
em uma causa mais impopular para defender. Em um mundo ideal a abordagem
do Marmara Mavi por comandos israelenses não teria terminado com nove
mortos e alguns feridos. Em um mundo ideal os soldados teriam sido
recebidos de forma pacífica. Em um mundo ideal nenhum Estado – muito
menos um aliado recente de Israel como a Turquia – teria promovido e
organizado uma flotilha, cujo único objetivo era criar uma situação
impossível para Israel, fazendo-o escolher entre desistir de sua
segurança e do bloqueio naval, ou incitar a ira mundial.
Em nossas relações com Israel,
devemos soprar a névoa vermelha de raiva que desvirtuam nossas
avaliações. Uma abordagem razoável e equilibrada deve conter as
seguintes realidades: primeiro, o Estado de Israel foi criado por uma
decisão da ONU. Sua legitimidade, portanto, não deve ser questionada;
Israel é um país com instituições democráticas profundamente enraizadas;
é uma sociedade dinâmica e aberta, que continuamente vem se destacado
em cultura, ciência e tecnologia. Em segundo lugar, devido às suas
raízes, história e valores socioculturais, Israel é uma nação ocidental
de pleno direito. Na verdade, é uma nação ocidental normal, mas diante
de circunstâncias anormais.
Infelizmente, no Ocidente, Israel é a única democracia cuja existência tem sido questionada desde a sua criação. Foi atacado por seus vizinhos [Forças Armadas do Egito, Líbano, Síria, Iraque e Jordânia] que usaram armas convencionais de guerra; enfrentou o terrorismo que culminou com uma seqüência de ataques suicidas e agora, a pedido de radicais islâmicos e seus simpatizantes no mundo, enfrenta uma campanha [publicitária, com fatos distorcidos e mentiras divulgadas em forma de notícias] de deslegitimação através do direito internacional e diplomacia!
Infelizmente, no Ocidente, Israel é a única democracia cuja existência tem sido questionada desde a sua criação. Foi atacado por seus vizinhos [Forças Armadas do Egito, Líbano, Síria, Iraque e Jordânia] que usaram armas convencionais de guerra; enfrentou o terrorismo que culminou com uma seqüência de ataques suicidas e agora, a pedido de radicais islâmicos e seus simpatizantes no mundo, enfrenta uma campanha [publicitária, com fatos distorcidos e mentiras divulgadas em forma de notícias] de deslegitimação através do direito internacional e diplomacia!
Sessenta e dois anos depois de sua
criação, Israel ainda luta por sua sobrevivência. Punido com chuvas de
mísseis que caem no norte e sul do país, ameaçado de destruição por um Irã
que almeja adquirir armas nucleares [e se tornar um líder na
geopolítica regional] e pressionado por amigos e inimigos, Israel, ao
que parece, nunca pode ter um momento de paz.
Durante anos – compreensivamente – a atenção ocidental focalizou-se no processo de paz
entre israelenses e palestinos. Mas se Israel está em perigo hoje e
toda a região está deslizando rumo a um futuro preocupante e
problemático, não é devido à falta de entendimento entre as partes sobre
como resolver este conflito. Os parâmetros de um acordo de paz em
perspectiva são claros, por mais difícil que possa parecer para os dois
lados dar o passo decisivo para sua implementação.
As verdadeiras ameaças à estabilidade daquela região é o radicalismo islâmico que vê a destruição de Israel
como o cumprimento de seu destino religioso e, simultaneamente, no caso
do Irã, como uma expressão de suas ambições à hegemonia regional. Ambos
os fenômenos são ameaças que afetam não só Israel, mas também o
ocidente e o mundo em geral.
A cerne do problema reside na maneira ambígua e muitas vezes errônea com que muitos países ocidentais
estão reagindo a esta situação. É fácil culpar Israel por todos os
males do Oriente Médio. Alguns até falam e agem como se um novo
entendimento com o mundo muçulmano podesse ser alcançado somente se
estivéssemos dispostos a sacrificar o Estado judeu sobre um altar. Isso
seria loucura.
Israel é a nossa primeira linha de defesa
em uma agitada região que está constantemente sob o risco de cair no
caos; uma região que é vital para a nossa segurança energética devido à
nossa dependência excessiva de petróleo do Oriente Médio; uma região que
forma a linha de frente na luta contra o extremismo. Se Israel cai,
todos nós cairemos. Para defender o direito de Israel existir em paz,
dentro de fronteiras seguras, requer um grau de clareza moral e
estratégica que muitas vezes parece ter desaparecido na Europa. E os
Estados Unidos começa a mostrar sinais preocupantes de seguir posição
semelhante.
O Ocidente está atravessando um
período de confusões e incertezas com relação ao futuro do mundo. Num
sentido amplo, essas confusões e incertezas foram causadas por uma
espécie de dúvida masoquista sobre nossa própria identidade; pela regra
do politicamente correto; por um multiculturalismo que nos obriga a
curva-nos diante dos outros; e por um secularismo que, cinicamente, nos
cega, mesmo quando somos confrontados por membros do jihad
promovendo a encarnação mais fanática de sua fé. Deixar Israel a sua
própria sorte, neste momento crucial, serviria apenas para ilustrar o
quanto estamos afundando e como nosso declínio inexorável agora se torna
eminente.
Isto não pode acontecer. Motivado
pela necessidade de reconstruir os nossos valores ocidentais,
expressando uma profunda preocupação com a onda de agressão contra
Israel, e consciente de que a força de Israel é a nossa força e a
fraqueza de Israel é a nossa fraqueza, tomei a decisão de promover uma
nova iniciativa chamada Amigos de Israel com a ajuda de algumas
personalidades, incluindo David Trimble, Andrew Roberts, John Bolton,
Alejandro Toledo (ex-presidente do Peru), Marcello Pera (filósofo e
ex-presidente do Senado italiano), Nirenstein Fiamma (autor e político
italiano), o financista Robert Agostinelli e o intelectual católico
George Weigel.
Não é nossa intenção defender
qualquer política específica ou qualquer governo israelense em
particular. Certamente os patrocinadores desta iniciativa discordarão de
algumas decisões tomadas por Jerusalém. Somos democratas e acreditamos
na diversidade.
Nos unimos em torno do apoio
incondicional ao direito de Israel existir e de se defender. Os países
ocidentais que se unem com aqueles que questionam a legitimidade de
Israel, para que estes joguem com organismos internacionais as questões
vitais de segurança de Israel, satisfazendo aqueles que se opõem aos
valores ocidentais [democracia, separação entre Estado e Igreja,
liberdades e direitos individuais e humanos, etc.] ao invés de se
levantar com firmeza em defesa desses valores, não estão cometendo
apenas um grave erro moral, mas um erro estratégico de primeira
grandeza.
Israel é uma parte fundamental do
Ocidente. O Ocidente é o que é graças às suas raízes judaico-cristãs. Se
o elemento judeu dessas raízes for retirado e perdemos Israel, também
estaremos perdidos. Quer queira ou não nossos destinos estão
interligados.
Por José María Aznar*
*José María Aznar, ex-Primeiro-Ministro da Espanha entre 1996 e 2004
Fonte
1. The Times, London, 17/07/2010
Notas
1. Informções entre [ ] são “esclarecimentos complementares da tradutora”
2. Artigo original em inglês – If Israel goes down, we all go down
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