Depois da saída do Grêmio da Copa do Brasil por causa da torcedora
que chamou o goleiro do Santos de “macaco”, o Rio Grande do Sul
volta hoje às manchetes – incendiaram o CTG (Centro de Tradições
Gaúchas) em que duas lésbicas se casariam: conseguimos! Novamente
vamos ser, para todo Brasil, o teatrinho da correção política...do
ativismo judiciário e do pensamente “engajado”.
A notícia está na primeira capa do principal jornal: “Homofobia!”
“Incendiaram o CTG do Casamento Gay!.” Que nojo, meus amigos, que
coisa asquerosa conviver com uma imprensa assim..com uma ralé de
imbecis que deveria estar, 25 horas por dia, divulgando o genocídio
no Brasil, os mortos nessas imundícies que são os hospitais
brasileiros e as tentativas de golpe de estado pelo Partido-Religião
marionete do Foro de São Paulo.
Quem agora está lendo deve estar se perguntando: “não
entendi..ele é contra ou a favor do casamento gay?” “Ele defende
que sejam ou não incendiados os CTG's ??” Ora, por favor! Tenham
(para não escrever aqui outra coisa) a santa paciência! Não tenho
(e nem vocês deveriam ter) tempo para escrever sobre isso. Deixo o
tema para os “colunistas” de Zero Hora...Alguns tiveram inclusive
a audácia de, considerando que hoje é dia 11 de setembro, comparar
as motivações dos incendiários do galpãozinho com a dos
terroristas que atacaram as Torres Gêmeas. Em certo sentido esse
tipo de colunista tem razão: a histeria, a necessidade de ser
politicamente correto da parte dele e do seu jornaleco é tanta que
as ideologias se tornam parecidas e só faltou terem escrito: “do
incêndio do CTG ao ataque de 11 de setembro é só uma questão de
proporções”...Uma figurinha carimbada da New Left do jornalismo
dos pampas disparou - “é
impossível ignorar o simbolismo da data.
Os tolos incendiários de
Santana
do Livramento,
fundamentalistas
a seu modo, talvez acreditassem que estavam defendendo alguma coisa -
uma tradição histórica em boa parte inventada ou aquela vaga
sensação de pertencimento que parece justificar uma existência
vazia de outros significados -, mas estavam apenas manifestando o
próprio desespero diante de um mundo complexo em que parecem não
encontrar lugar ou sentido” e eu, Milton Pires, quase precisei de
uma caixa de lenços de papel inteira de tanto que chorei (de rir) ao
ler uma asneira dessas...
Deixo a questão do casamento gay de lado e afasto também discorrer
sobre o crime de incendiar coisas, mas uma “coisa” não vou
deixar a passar: a manifestação da Doutora (juíza de Direito)
Carine Labres na imprensa pedindo “ajuda da população” para
reconstruir o CTG em tempo record afim de que, nesse sábado, seja
realizado como estava previsto o casamento gay naquele local.
Vou direto ao ponto: um juiz que, fazendo uso da sua condição
profissional, invoca por meio da imprensa a mobilização da
sociedade em nome de uma causa polêmica (tão polêmica que terminou
em crime) deveria deixar de exercer a magistratura ! Sua vocação é
a Política; não o Direito. Pouco importa o tema em questão – não
pode fazê-lo por que deve (ou deveria) colocar-se acima e não como
parte daquilo sobre o que pretende arbitrar.
Pergunto eu o seguinte:
se não é verdade o que acabei de escrever, por que não poderia o
juiz ou juíza que, após ter condenado através de sentença a
torcedora do Grêmio, iniciar campanha pela imprensa para que eles se
encontrem e se abracem na televisão? Ninguém percebe a diferença
entre aplicar justiça e fazer ativismo judicial? Ninguém vê o
perigo de se substituir, aos poucos, toda Ordem Constitucional pelo
número de curtidas no Facebook ou pelo número de jornais vendidos
com essa atitude de “Sininho do Judiciário” que a tal magistrada
adotou ?
Meus amigos, dia após dia, ano após ano...tudo que é formal, tudo
que está escrito e que pode ser previsto está em declínio. Ninguém
acredita em verdade alguma..só no eventual “consenso democrático
dentro da sociedade” (seja lá o que uma besteira dessas
signifique) e é esse tipo de coisa, esse tipo de relativismo, o
terreno fértil para o Decreto 8243. Gostaria de saber, caso pensem
que sou mais um “teórico da conspiração”, se a Dra. Carine
Labres convocaria júri popular em Santana do Livramento para decidir
a sentença dos incendiários com a mesma presteza que convocou a
sociedade para reconstruir o CTGay – o CTG do casamento gay.
Enquanto fico esperando resposta não posso deixar de perceber a
gigantesca diferença entre minha opinião e a dela sobre isso que
chamamos de “Estado” - Eu sou a favor do Estado Laico. Ela; do
Estado Lésbico.
Porto Alegre, 11 de setembro de 2014.
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