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Enquanto a “burguesia” da morte dos filhos alheios pedia a liberação das drogas em Brasília, com o apoio do governo Dilma, num ônibus do Rio, uma mulher era estuprada aos olhos de todos [TITULO ORIGINAL]
De
todas as acusações que me fazem, a que acho mais divertida é a de “ser
agressivo”. Por “agressividade”, entendem chamar as coisas pelo nome que
elas têm — com frequência, as pessoas também! — e cobrar que os
indivíduos se responsabilizem por suas ideias. Na sexta-feira, uma
passageira de um ônibus que circulava na Zona Norte do Rio foi
estuprada. Um sujeito armado entrou no veículo, anunciou o assalto,
roubou pertences dos passageiros, estuprou a mulher e ainda a atacou a
coronhadas.
As testemunhas dizem que ele aparentava estar drogado. O
“Dimenor”, cujo nome se esconde nas sinuosidades pusilânimes do ECA, que
pôs fogo na dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, confessou que
tinha cheirado cocaína. O outro “Dimenor”, que deu um tiro na cabeça de
Victor Hugo Deppman, também consome drogas.
Voltemos
ao caso do estupro. Rubem Cesar Fernandes, o antropólogo que chefia a
ONG “Viva Rio”, o mais organizado lobby carioca em defesa da
descriminação das drogas, não estava na cidade. Encontrava-se em
Brasília. Participava de um seminário, que termina hoje, em defesa da
descriminação do consumo de todos entorpecentes no Brasil. A professora
Luciana Boiteux, que ensina direito penal na Universidade Federal do
Rio, também estava lá.
É aquela senhora que afirma que “a lei não tem
condição de alterar a realidade”. Um certo Orlando Zaccone, delegado da
Polícia Civil na Cidade Maravilhosa, estava igualmente distante do local
do estupro. Defendeu no encontro de Brasília a legalização, atenção!,
“da produção, da distribuição e do consumo de todas as drogas”.
Rubem Cesar Fernandes não anda de ônibus.
Luciana Boiteux não anda de ônibus.
Orlando Zaccone não anda de ônibus.
Os
palestrantes todos do tal seminário e seus apoiadores não saberiam
distinguir um ônibus de uma carruagem. Sem a descriminação, mesmo
havendo uma forte interdição social ao consumo, mesmo a maioria da
população vendo com maus olhos as drogas, os acontecimentos estão aí, à
vista de todos.
O comportamento violento induzido pelas drogas,
especialmente o crack, não guarda qualquer relação com a legalidade ou
ilegalidade do consumo. Aquela gente que está em Brasília brincando de
reviver os anos 1960, é bom que fique claro, está a defender a livre
circulação do crack no país. Ou, então, que tentem demonstrar o
contrário. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos palestrantes, quer
que seja considerado mero porte, sem implicações penais, uma quantidade
suficiente para 10 dias de consumo.
Há uma
mistura de nefelibatismo, de cretinismo político e da mais escancarada,
evidente e estúpida má-fé nessa história. Pode não parecer à primeira
vista, mas acreditem: o evento que começou na sexta e termina neste
domingo em Brasília é, antes de mais nada, um acontecimento de classe,
marcado pela exclusão e pelo autoritarismo, embora o espírito que o
anima venha de um outro tempo e pretenda ter sotaque revolucionário —
falarei sobre isso na madrugada de segunda-feira.
A
esmagadora maioria dos brasileiros é contra a descriminação das drogas. A
esmagadora maioria dos brasileiros é pobre. A esmagadora maioria dos
pobres é contra a descriminação das drogas. A esmagadora maioria das
pessoas que é contra a descriminação das drogas é pobre. Não há no
encontro de Brasília — FINANCIADO COM DINHEIRO PÚBLICO — um só pensador,
um só médico, um só advogado, um só antropólogo contrários à tese. Lá
estão até notórios propagandistas não da descriminação, mas do USO de
drogas — são apologistas do consumo.
Trata-se
de uma reivindicação de uma fatia das elites supostamente ilustradas,
que dão uma banana solene para a população brasileira, para as pessoas
que são incendiadas vivas, para os que tomam tiro na cabeça, para as que
são estupradas num ônibus. Pensam o binômio drogas-violência apenas
pelo ângulo do tráfico, mas esquecem o efeito que têm determinadas
drogas num cérebro juvenil, ainda conformado para o impulso e para a não
ponderação.
A
descriminação das drogas — e também do “pequeno tráfico” — corresponde,
podem acreditar, a uma das manifestações mais asquerosas em defesa da
exclusão social surgida nos últimos tempos. Chega a ser espantoso que
essa pauta frequente as mesmas bocas que saem por aí a defender medidas
de reparação disso e daquilo em nome dos excluídos.
A UnB, que
promove o evento; o Ministério da Educação, que o financia (por
intermédio da CAPES), as ONGs e entidades que o apoiam, como a Viva Rio e
a Comissão Brasileira Sobre Drogar e Democracia, estão dando um pé no
traseiro dos pobres — que não estavam lá representados. Viram as costas
para a maioria da população e se comportam como supostos iluministas num
país de obscurantistas e ignorantes, que ainda não se deixaram tocar
por suas luzes.
Rubem Cesar Fernandes tem de dar uma resposta para a mulher estuprada.
Luciana Boiteux tem de dar uma resposta para a mulher estuprada.
O tal delegado Zaccone tem de dar uma resposta para a mulher estuprada.
Todos aqueles candidatos a Voltaire da razão entorpecida têm de dar uma resposta para a mulher estuprada.
O governo Dilma, que financia a patuscada, tem de dar uma resposta para a mulher estuprada. E todos eles devem explicações — é O QUE CHAMO “LEI DE RESPONSABILIDADE MORAL” — para as respectivas famílias de Cinthya e Victor Hugo. E para milhares de outras Brasil afora.
Essa gente tem de explicar por que quer o crack circulando livremente no país.
Por que quer a maconha circulando livremente no país.
Por que quer a cocaína circulando livremente no país.
Por que quer os “pequenos traficantes” circulando livremente no país.
Se todos
eles, ao menos, se declarassem usuários, haveria, na loucura, um grão de
honestidade intelectual.
Mas não o farão porque, posso apostar, uma boa
parte não deve mesmo consumir droga nenhuma. Tanto pior! A eles cabe a
ousadia de pensar, e os pobres desgraçados e os desgraçados pobres que
se virem com as consequências de suas ideias. Mais ou menos como aqueles
intelectuais franceses que apoiavam o maoismo… Somam, assim, à
estupidez a covardia. Termina neste domingo o happening da burguesia da
morte dos filhos alheios. Se o Ministério Público tivesse realmente a
independência que alardeia, mandaria investigar aquela patuscada.
Motivos não faltam.
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